ESTADÃO: PIB cai 0,6% no segundo trimestre e Brasil entra em recessão técnica |
Várias foram as causas da contaminação da Economia:
- Aumento dos gastos públicos, sem correspondente aumento da arrecadação de impostos
- Redução dos investimentos privados, pela falta de confiança dos empresários na Economia
- Queda do consumo interno devido à exaustão do mercado, principalmente de bens duráveis
- Desonerações fiscais sem crescimento econômico correspondente, que as justificasse
- Grandes obras de infraestrutura sob responsabilidade dos cofres da União, com atrasos frequentes nos respectivos cronogramas e aumento dos custos, seguidos de revisões orçamentárias constantes, acima, inclusive, dos limites estabelecidos pela legislação
- Crise de relacionamento entre o Planalto e o Congresso por inabilidade de Dilma e incompetência de suas lideranças na Câmara e no Senado
- Alianças mal construídas entre o PT e os partidos da base política, ocasionando contínuos desgastes, conflitos, ameaças e derrotas em votações no legislativo
- Crise de relacionamento entre o Planalto e os governos estaduais não petistas por falta de eficientes lideranças políticas, inclusive da própria presidente
- Desequilíbrio da balança de pagamentos decorrente do aumento das importações e queda das exportações, gerando crescentes resultados negativos
- Fracasso econômico do evento "Copa do Mundo", com perdas da iniciativa privada, principalmente, da indústria hoteleira e do turismo, em geral
- Escândalos públicos na Petrobrás, demonstrando o envolvimento de diretores e da própria presidente Dilma Rousseff no fiasco do negócio da refinaria de Pasadena, no Texas (superfaturada), e na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, subavaliada
- Impacto das manifestações de rua, em 2013, na credibilidade do governo petista, com vigorosas reivindicações de mudanças no sistema político e econômico
- Profunda crise de confiança entre a população e a classe política, em todos os escalões de governo executivo e dos demais poderes, legislativo e judiciário
- Impactos políticos e econômicos resultantes do julgamento do Mensalão, com a condenação de importantes membros da direção do Partido dos Trabalhadores
- Aumento progressivo das taxas de juros e da inflação devidos ao desequilíbrio das contas públicas e à crise de comando entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central
- Redução do valor das commodities e de gado no mercado internacional, em função do excesso de oferta de soja, carne e minérios, particularmente, ferro e alumínio
- Crescente dependência econômica do Brasil em relação à exportação de produtos primários, tais como soja, minérios e gado, principalmente, com prejuízos para os produtos industrializados, de maior valor agregado e uso intensivo de mão de obra
- Forte assédio da Bancada Ruralista, amordaçando o Planalto e obtendo privilégios financeiros, como empréstimos a juros subsidiados e renegociação de dívidas
Por outro lado, a incoerência e a contradição das ações do governo federal vêm minando a confiança dos empresários, que reduziram seus investimentos e revisaram suas metas. Se Lula tinha prestígio internacional por resultados inquestionáveis na política social, a entrada de Dilma em seu governo trouxe a discórdia e a desunião. A mais evidente foi o conflito de interesses entre Dilma (em Minas e Energia, e depois, na Casa Civil) e Marina Silva, na época, Ministra do Meio Ambiente. Enquanto Dilma demonstrava sua visão míope das prioridades estratégicas em investimentos não sustentáveis, o PT perdeu duas grandes pérolas de seu quadro histórico de lideranças: Marina Silva e Heloísa Helena (PSOL). Ex-petistas históricos, como Hélio Bicudo, Ivan Valente, Plínio de Arruda Sampaio (falecido), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB), Rui Costa Pimenta (PCO) também abandonaram o partido diante dos conflitos ideológicos e éticos provocados pelo escândalo imperdoável do Mensalão de Zé Dirceu.
Marina Silva saiu para não se desgastar ainda mais com as concessões de Lula e Dilma aos ruralistas, mineradoras e empreiteiras. Sua forte e consistente liderança foi evidenciada em 2010, com a expressiva votação de 20 milhões de eleitores, representando 20% dos votos válidos, mesmo com apenas um minuto de exposição no horário eleitoral gratuito. Hoje, com praticamente o mesmo tempo de TV, conseguiu, em apenas duas semanas, levar seu partido de aluguel, o PSB, dos 8% de Eduardo Campos, aos seus 40% atuais (contra 34% de Dilma), no primeiro turno, devendo vencer, no segundo turno, com 50% dos votos válidos.
O erro estratégico do PT de Lula foi subestimar seus melhores quadros, em favor de AVENTURAS POLÍTICAS, protagonizadas por Dilma Rousseff, personagem sem carisma e sem habilidade para falar em público, além de péssima "gerente de projetos", argumento usado por Lula a seus correligionários, para impor seu nome como candidata a presidente. Dilma venceu as eleições de 2010, não por seu mérito, que nunca os teve, mas pelo carisma e popularidade de seu mentor, Lula. Mas este abusou de sua habilidade de convencimento, e menosprezou as forças políticas emergentes das manifestações de rua de 2013.
A insatisfação de parte expressiva da população com relação aos escândalos, cada vez mais frequentes, envolvendo partidos, políticos e empresários, sempre com a participação de membros importantes da base de sustentação do PT, foi ignorada por este partido. Agora, com o eleitorado cada vez mais consistente de Marina Silva, com seu carisma, inteligência e sólida argumentação, torna-se quase impossível uma reversão desse quadro eleitoral e de sua vitória quase certa, talvez ainda no 1º turno. Vamos conferir.
Aécio Neves foi o mais prejudicado com a ascensão de Marina Silva, mas Dilma encontra-se estagnada desde abril, com um elevadíssimo índice de rejeição de 35%, enquanto Marina Silva ainda tem muitos eleitores a conquistar. O que parecia invencível, que é o eleitorado de cabresto do PT, atrelado ao assistencialismo do programa de Bolsa Família, demonstrou ser insuficiente para eleger Dilma, pois as forças políticas de Marina Silva estão concentradas no maior colégio eleitoral do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e entre faixas eleitorais de maior nível de escolaridade e da classe média, além de parte expressiva do empresariado progressista, que não acredita mais no desenvolvimentismo a qualquer preço.
Ainda temos um mês para o primeiro turno, e esse prazo seria suficiente, talvez, para que Marina Silva vença as eleições sem precisar de um segundo turno. A razão disso é que Aécio despenca nas pesquisas, e corre o risco de uma debandada de última hora em favor de Marina Silva. Para os eleitores de baixa conscientização política, a regra é votar no candidato que está em melhor situação nas pesquisas, ou seja, com maiores possibilidades de se eleger. E isso não é demérito ou falta de capacidade de julgamento. Não confiando em sua própria capacidade de avaliação, preferem seguir a maioria, certos de que ela tem maiores possibilidades de escolher o candidato mais capacitado para governar o país.
Se a morte de Eduardo Campos foi usada como justificativa para a suposta mudança "emocional" dos eleitores em favor de Marina Silva, agora existem muitas outras razões para que os eleitores migrem para a melhor candidata: primeiro, o rigor ético que move as ações de Marina; em segundo lugar, o fracasso irreversível da Economia no cenário nacional de curto prazo; em terceiro lugar, seu compromisso inabalável com a Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social, premissas dos novos líderes mundiais, frente às Mudanças Climáticas inevitáveis. Marina também representa a esperança de um tratamento digno, justo e necessário para a recondução da Política Indigenista, tão menosprezada pelos três mandatos de governo petistas! Não se trata nem mesmo de resgatar as injustiças praticadas por quinhentos anos de genocídio e extermínio das populações indígenas, mas de acabar com os crimes hediondos praticados por pistoleiros contratados por latifundiários contra lideranças indígenas.
A mobilização de rua dos eleitores de Marina Silva será determinante nessa corrida final do processo eleitoral, para evitar as mentiras dos petistas e seus asseclas, e dos tucanos, inconformados com suas situação de penúria de votos nesta eleição. A VELHA POLÍTICA, denunciada por Marina Silva, não é uma criação retórica, mas uma constatação inspirada na Revolução Francesa, que destituiu o "Ancient Règime" e executou seus líderes.
É evidente que não queremos executar, literalmente, esses líderes da "Velha Política", mas apenas condená-los ao lixo da História, uma vez que não tiveram a inteligência e a perspicácia de perceber que o Mundo mudou, que os valores da sociedade precisam ser revistos e os antigos paradigmas devem ser quebrados, para dar lugar a uma NOVA POLÍTICA, de uma NOVA ECONOMIA, de uma NOVA SOCIEDADE.
Os jargões surrados do antigo socialismo marxista deverão ser substituídos pelo pragmatismo de um NOVO MUNDO que precisa de cuidados urgentes, de ações corajosas, e de NOVOS COMPORTAMENTOS por parte dos cidadãos. Já não pode mais ser tolerada a POLÍTICA DE TERRA ARRASADA dos latifundiários, pois nossas reservas naturais estão se esgotando rapidamente, ou sendo fatalmente contaminadas pelo VELHO AGRONEGÓCIO. Uma vigorosa Política Ambiental e uma revisão dos equívocos do Código Florestal deverão ser praticados para se evitar a tragédia ecológica que se anuncia na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga e nos remanescentes da Mata Atlântica. Mais do que isso, a recuperação e a preservação de nossas bacias hidrográficas exige muita determinação e políticas públicas consistentes para que não venhamos a padecer a falta de água potável na mais rica região da Terra em recursos hídricos!
É preciso conscientizar a população de suas responsabilidades perante o mundo em que vivemos, perante os NOVOS PARADIGMAS POLÍTICOS e perante a revolução que se mostra diante de nossas vidas, sem sangue, sem heróis, sem vítimas: é um NOVO SER HUMANO que precisa nascer das cinzas dessa VELHA CIVILIZAÇÃO calcada nas guerras cruentas, na violência gratuita e impune, da arrogância de VELHOS RURALISTAS que se acham acima de qualquer suspeita, com suas práticas de trato da terra, devastadoras e burras. É hora de tomar posição! É hora de nos engajarmos na luta pela NOVA ORDEM!
Nenhum comentário:
Postar um comentário