sábado, 27 de novembro de 2010
O Fim de um Ciclo
Aqui termina um importante ciclo de minha existência, pois encerro hoje minhas colaborações para o debate político e ideológico. Se não fui compreendido é porque minhas idéias não contam com a aceitação popular. Embora eu não creia que a voz do povo seja a voz de Deus, até porque também não creio em sua existência, o fato de ter tão poucos adeptos significa que minhas mensagens não encontram eco entre meus leitores. Agradeço a todos que me prestigiaram com suas leituras, atenção e comentários e deixo aqui este blog, ativo conquanto disponível à leitura de quantos queiram acessá-lo, mas inativo porquanto não mais terá meus textos, bons ou maus, entre suas linhas inacabadas. Creio ter cumprido minha missão de propagar novos pensamentos, ter contribuído para o debate político, e ter manifestado sempre minhas convicções, sem temer as críticas e a ira dos mais conservadores, cujos interesses contrariei.
domingo, 14 de novembro de 2010
Pagando Promessas
Toda eleição tem seu preço, e isso nós já sabemos. Mas quando as concessões são excessivas, o preço é alto demais para a Nação. Quanto terão pago, Dilma e o PT, para manter a coesão do PMDB e seu apoio à candidata nesta eleição? Não são apenas cargos e ministérios; são concessões ideológicas! E esse é o perigo de uma "democracia" baseada no poder econômico.
Sim, pois o dinheiro para uma campanha milionária é superior ao orçamento da maioria dos municípios brasileiros. Nós pagamos por isso! O que esperamos é que o preço não tenha sido tão elevado, mas é uma esperança vã, quase um desejo desesperado pela justiça que não virá, pois não foi a parte saudável do PMDB quem apoiou Dilma, e isto também nós sabemos.
Dilma já se comprometeu a conceder 30% de seus ministérios às mulheres. Seria esse o critério de justiça que irá nortear seu governo? Então, quantos ministérios haveriam de ser concedidos aos negros, aos católicos, aos evangélicos, aos indígenas, aos homossexuais? Certamente, as mulheres têm direito de participar de qualquer governo, mas já se tornou evidente que o sistema de cotas não é justo nem adequado à partilha de espaços.
Todos temos a tendência de simplificar as grandes questões nacionais adaptando-as às nossas realidades particulares, acreditando que dar espaço às minorias significa justiça e compensação pelos erros históricos havidos na formação do Estado brasileiro. Não é assim!
A justiça se faz pela igualdade de direitos na origem dos problemas e não quando eles já se manifestaram e as diferenças se tornaram irremediáveis! O momento certo de agir é sempre com as próximas gerações, quando elas eclodem na sociedade e não têm acesso às condições de saúde, segurança alimentar e escolaridade fundamental. É neste momento que as diferenças se manifestam de forma inexorável, maculando definitivamente a sociedade.
Pois agora, e a cada novo governo empossado, e a cada novo dia que nasce no horizonte, temos condições de intervir de forma contundente, modificando as condições que geram as diferenças. Intervir no processo educacional, no sistema de saúde pública, nos critérios de enriquecimento excessivo de nossas populações minoritárias em número, mas majoritárias em poder econômico, político e social. Taxar as grandes fortunas, controlar os imensos salários é uma das formas de reduzir as diferenças. Melhorar a qualidade do ensino público, pagando salários competitivos ao "mercado profissional das escolas privadas" é outra maneira.
Vivo em uma região esquecida pela mídia, pelos políticos e pelas populações privilegiadas do sul e sudeste deste imenso país. Quem se lembra (ou se importa) que aqui vivem nossas populações ancestrais, mais de 100.000 indígenas concentrados na Amazônia, passando fome, sem acesso a uma educação que lhes permita sonhar que um dia terão as mesmas oportunidades do resto da população deste país? São povos massacrados pelo nosso passado, pelas missões jesuíticas e seus aldeamentos, pelos evangélicos, pelas forças militares de Portugal, pelos fazendeiros que compravam escravos indígenas a preço de banana, pelos comerciantes inescrupulosos que os viciam no alcoolismo, pelos antropólogos sonhadores que tentam salvar a imagem romântica dos índios nus, caçando com arco e flecha, coletando frutos e sementes, pescando com lanças... o que será feito desses indígenas?
Pois aquelas promessas eleitoreiras que agora começam a ser pagas terão seu preço inflacionado pela ganância dos homens, ansiosos pela partilha da Nação. Breve ninguém se lembrará que houve uma mudança histórica, que o presidente Lula ficou no passado, que suas conquistas foram "vitórias de Pirro" e que o país continuará sendo governado pelas oligarquias políticas e econômicas, que a mídia continuará atendendo aos interesses dos poderosos, que os evangélicos continuarão crescendo seu "rebanho" e arrecadando os milhões que enriquecem nossos Edir Macedo´s, e que as minorias continuarão esquecidas.
Nem todas as promessas precisam ser pagas. Aquelas imorais, feitas no calor dos debates eleitorais, podem ser perdoadas em nome da Justiça Social, da moralidade e decência no uso do dinheiro público, em nome da redução do imenso fosso que separa as populações massacradas dos privilégios daqueles que nasceram em "berço esplêndido" e só por isso terão o direito de herdar as benesses do lucro fácil e das oportunidades que nunca chegarão aos párias dessa falsa sociedade democrática! Esse é o dilema que diferencia o Estadista...
Sim, pois o dinheiro para uma campanha milionária é superior ao orçamento da maioria dos municípios brasileiros. Nós pagamos por isso! O que esperamos é que o preço não tenha sido tão elevado, mas é uma esperança vã, quase um desejo desesperado pela justiça que não virá, pois não foi a parte saudável do PMDB quem apoiou Dilma, e isto também nós sabemos.
Dilma já se comprometeu a conceder 30% de seus ministérios às mulheres. Seria esse o critério de justiça que irá nortear seu governo? Então, quantos ministérios haveriam de ser concedidos aos negros, aos católicos, aos evangélicos, aos indígenas, aos homossexuais? Certamente, as mulheres têm direito de participar de qualquer governo, mas já se tornou evidente que o sistema de cotas não é justo nem adequado à partilha de espaços.
Todos temos a tendência de simplificar as grandes questões nacionais adaptando-as às nossas realidades particulares, acreditando que dar espaço às minorias significa justiça e compensação pelos erros históricos havidos na formação do Estado brasileiro. Não é assim!
A justiça se faz pela igualdade de direitos na origem dos problemas e não quando eles já se manifestaram e as diferenças se tornaram irremediáveis! O momento certo de agir é sempre com as próximas gerações, quando elas eclodem na sociedade e não têm acesso às condições de saúde, segurança alimentar e escolaridade fundamental. É neste momento que as diferenças se manifestam de forma inexorável, maculando definitivamente a sociedade.
Pois agora, e a cada novo governo empossado, e a cada novo dia que nasce no horizonte, temos condições de intervir de forma contundente, modificando as condições que geram as diferenças. Intervir no processo educacional, no sistema de saúde pública, nos critérios de enriquecimento excessivo de nossas populações minoritárias em número, mas majoritárias em poder econômico, político e social. Taxar as grandes fortunas, controlar os imensos salários é uma das formas de reduzir as diferenças. Melhorar a qualidade do ensino público, pagando salários competitivos ao "mercado profissional das escolas privadas" é outra maneira.
Vivo em uma região esquecida pela mídia, pelos políticos e pelas populações privilegiadas do sul e sudeste deste imenso país. Quem se lembra (ou se importa) que aqui vivem nossas populações ancestrais, mais de 100.000 indígenas concentrados na Amazônia, passando fome, sem acesso a uma educação que lhes permita sonhar que um dia terão as mesmas oportunidades do resto da população deste país? São povos massacrados pelo nosso passado, pelas missões jesuíticas e seus aldeamentos, pelos evangélicos, pelas forças militares de Portugal, pelos fazendeiros que compravam escravos indígenas a preço de banana, pelos comerciantes inescrupulosos que os viciam no alcoolismo, pelos antropólogos sonhadores que tentam salvar a imagem romântica dos índios nus, caçando com arco e flecha, coletando frutos e sementes, pescando com lanças... o que será feito desses indígenas?
Pois aquelas promessas eleitoreiras que agora começam a ser pagas terão seu preço inflacionado pela ganância dos homens, ansiosos pela partilha da Nação. Breve ninguém se lembrará que houve uma mudança histórica, que o presidente Lula ficou no passado, que suas conquistas foram "vitórias de Pirro" e que o país continuará sendo governado pelas oligarquias políticas e econômicas, que a mídia continuará atendendo aos interesses dos poderosos, que os evangélicos continuarão crescendo seu "rebanho" e arrecadando os milhões que enriquecem nossos Edir Macedo´s, e que as minorias continuarão esquecidas.
Nem todas as promessas precisam ser pagas. Aquelas imorais, feitas no calor dos debates eleitorais, podem ser perdoadas em nome da Justiça Social, da moralidade e decência no uso do dinheiro público, em nome da redução do imenso fosso que separa as populações massacradas dos privilégios daqueles que nasceram em "berço esplêndido" e só por isso terão o direito de herdar as benesses do lucro fácil e das oportunidades que nunca chegarão aos párias dessa falsa sociedade democrática! Esse é o dilema que diferencia o Estadista...
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Preconceito Social
Hoje, pela manhã, eu tomava café, como de costume, em uma galeria daqui de São Gabriel, comendo tapioca e um suco de abacaxi. Na mesa ao lado, um antigo funcionário da Funai conversava com um rico comerciante (o proprietário da galeria) e outra pessoa que não conheço, quando ouvi o seguinte comentário: "o concurso da Funai deveria ser regional; não tem sentido vir uma pessoa de São Paulo, que nem conhece a região, os costumes, a comida, e tomar o lugar de um morador daqui. Aliás, a Funai nunca fez nada mesmo para São Gabriel!..."
Bem, não participei da conversa, mas fiquei com meus pensamentos... afinal, eu poderia ter escolhido qualquer lugar para morar, pois minha classificação me permitia isso. Mas escolhi esta cidade porque acreditei que poderia fazer muito por esses indígenas que foram tão massacrados e humilhados ao longo da história, e hoje vivem como párias dessa sociedade, herdeira dos mesmos usurpadores, exploradores e traficantes de escravos que para cá vieram nos séculos XVI a XIX. Muitos desses comerciantes, a maioria de origem árabe ou nordestina, foram os algozes desse povo que vive na miséria e depende da Funai para sobreviver.
No início, foram os missionários Carmelitas, os soldados do reino de Portugal e os comerciantes; depois, foram os missionários Salesianos, os capangas de fazendeiros, os soldados e os comerciantes; em um terceiro momento, já no auge da ditadura militar, foram os soldados que aqui "protegiam nossas fronteiras" e construíam estradas, os empreiteiros da Queiroz Galvão, os missionários evangélicos e os descendentes dos comerciantes que aqui se estabeleceram.
Enquanto os missionários destruíam as tradições, as línguas, os costumes, as lendas e os lugares sagrados dos indígenas, soldados e comerciantes estupravam as mulheres indígenas, cujos parentes haviam sido capturados para servir de escravos nas fazendas dos nobres. Pois é um descendente desses "desbravadores" que julga saber o que deveria a Funai fazer para o bem dessa população que, desprovida de tradições e culturas, perdidas as conexões que a sustentava em uma sociedade solidária e igualitária, agora se embriaga pelas ruas de São Gabriel da Cachoeira, à vista de todos, humilhada e desqualificada socialmente.
Eu já passei por esse tipo de preconceito outras vezes, por sociedades que se envergonham de ser brasileiros e que, por isso, ainda alimentam o desejo de se tornarem independentes. Quando me mudei para Recife, fui escolhido por um empresário pernambucano em uma lista de cinco candidatos, três de Recife e dois de São Paulo. Na primeira oportunidade que tiveram, jogaram-me na cara que eu era o usurpador de empregos que, por direito, pertenciam aos pernambucanos. Afinal, o que nós, paulistas, tínhamos a mais que eles? Deveriam perguntar ao empresário que me escolheu.
Um dia, em um almoço em minha homenagem, tive que ouvir uma série de discursos de críticas contumazes contra os exploradores paulistas, "amenizados" pela afirmação de que eu já podia ser considerado pernambucano, uma vez que morava há vários anos em Recife. Ao final dos discursos deram-me um recorte de jornal com uma reportagem de página inteira, cujo tema era a "Confederação do Equador", movimento separatista do século XIX.
Pois existem outros casos, como o preconceito dos sulistas, principalmente do Rio Grande do Sul, que nos consideram, a todos os demais brasileiros, toscos demais para pertencer à estirpe gaúcha. Certa feita, indo a Porto Alegre a serviço, recebi, em um jantar, um exemplar do livro "A História do Povo Gaúcho", um libelo nada discreto em defesa da emancipação política dos três estados sulistas, antiga reivindicação desses "brasileiros": a "República dos Pampas" e a "Revolução Farroupilha"! No Rio Grande do Sul, principalmente, um dos mais arraigados costumes regionais é dos Centros de Tradições Gaúchas, os famosos CTG.
Há quem defenda, entre as organizações e federações indígenas, principalmente da região oeste da Amazônia, a emancipação de suas Terras demarcadas; essa idéia, alimentada por incendiários ideológicos, ignora a total dependência desses povos das ações assistencialistas do Estado Brasileiro. É, portanto, muito difícil falar em emancipação quando a sociedade não se estruturou adequadamente para sobreviver com seus próprios recursos. Além do mais, há um grande interesse internacional, discretamente manifestado, de internacionalização da Amazônia; e as Terras Indígenas, com sua autonomia legalizada, é o alvo predileto dessas ações, capitaneadas por ONG´s "desinteressadas" e "humanitárias".
Outro dia eu conversava com alguns antropólogos e comentei, sem nenhuma pretensão dialética, o fato de os indígenas brasileiros não estarem preparados para competir, intelectualmente, com as populações "brancas" e caucasianas, de origem européia. Minha intenção era apenas de constatar um fato óbvio: o de que os indígenas, maltratados e humilhados por centenas de anos, vivem hoje em total dependência das verbas e programas de ajuda da Funai, da Funasa e do MEC. Mesmo com algumas brilhantes mentes inseridas nos meios acadêmicos, e assistidas por organizações internacionais de pesquisa, via de regra, as aldeias do Alto Rio Negro ainda vivem em estágios primários de sociedade.
Pois esses antropólogos mal saídos das universidades, se rebelaram violentamente contra mim, alegando meu despreparo intelectual para discutir temas de sua (deles) competência. Ficaram escandalizados! E eu, estupefato com a atitude radical e reacionária desses indivíduos. Continuo defendendo meus princípios, que não são acadêmicos, mas de cunho pessoal, sem nenhuma pretensão intelectual senão a de manifestar o meu direito de pensar e discordar.
São esses preconceitos sociais que transformam nosso mundo em um lugar difícil de se viver, onde as vaidades pessoais sobrepujam os anseios coletivos, e a arrogância intelectual rejeita tudo o que não está contido nos compêndios acadêmicos, geralmente escritos por estrangeiros, e versando sobre nossa realidade. Será que essas "mentes brilhantes" se esqueceram de sua própria história de dominação e terror?
Bem, não participei da conversa, mas fiquei com meus pensamentos... afinal, eu poderia ter escolhido qualquer lugar para morar, pois minha classificação me permitia isso. Mas escolhi esta cidade porque acreditei que poderia fazer muito por esses indígenas que foram tão massacrados e humilhados ao longo da história, e hoje vivem como párias dessa sociedade, herdeira dos mesmos usurpadores, exploradores e traficantes de escravos que para cá vieram nos séculos XVI a XIX. Muitos desses comerciantes, a maioria de origem árabe ou nordestina, foram os algozes desse povo que vive na miséria e depende da Funai para sobreviver.
No início, foram os missionários Carmelitas, os soldados do reino de Portugal e os comerciantes; depois, foram os missionários Salesianos, os capangas de fazendeiros, os soldados e os comerciantes; em um terceiro momento, já no auge da ditadura militar, foram os soldados que aqui "protegiam nossas fronteiras" e construíam estradas, os empreiteiros da Queiroz Galvão, os missionários evangélicos e os descendentes dos comerciantes que aqui se estabeleceram.
Enquanto os missionários destruíam as tradições, as línguas, os costumes, as lendas e os lugares sagrados dos indígenas, soldados e comerciantes estupravam as mulheres indígenas, cujos parentes haviam sido capturados para servir de escravos nas fazendas dos nobres. Pois é um descendente desses "desbravadores" que julga saber o que deveria a Funai fazer para o bem dessa população que, desprovida de tradições e culturas, perdidas as conexões que a sustentava em uma sociedade solidária e igualitária, agora se embriaga pelas ruas de São Gabriel da Cachoeira, à vista de todos, humilhada e desqualificada socialmente.
Eu já passei por esse tipo de preconceito outras vezes, por sociedades que se envergonham de ser brasileiros e que, por isso, ainda alimentam o desejo de se tornarem independentes. Quando me mudei para Recife, fui escolhido por um empresário pernambucano em uma lista de cinco candidatos, três de Recife e dois de São Paulo. Na primeira oportunidade que tiveram, jogaram-me na cara que eu era o usurpador de empregos que, por direito, pertenciam aos pernambucanos. Afinal, o que nós, paulistas, tínhamos a mais que eles? Deveriam perguntar ao empresário que me escolheu.
Um dia, em um almoço em minha homenagem, tive que ouvir uma série de discursos de críticas contumazes contra os exploradores paulistas, "amenizados" pela afirmação de que eu já podia ser considerado pernambucano, uma vez que morava há vários anos em Recife. Ao final dos discursos deram-me um recorte de jornal com uma reportagem de página inteira, cujo tema era a "Confederação do Equador", movimento separatista do século XIX.
Pois existem outros casos, como o preconceito dos sulistas, principalmente do Rio Grande do Sul, que nos consideram, a todos os demais brasileiros, toscos demais para pertencer à estirpe gaúcha. Certa feita, indo a Porto Alegre a serviço, recebi, em um jantar, um exemplar do livro "A História do Povo Gaúcho", um libelo nada discreto em defesa da emancipação política dos três estados sulistas, antiga reivindicação desses "brasileiros": a "República dos Pampas" e a "Revolução Farroupilha"! No Rio Grande do Sul, principalmente, um dos mais arraigados costumes regionais é dos Centros de Tradições Gaúchas, os famosos CTG.
Há quem defenda, entre as organizações e federações indígenas, principalmente da região oeste da Amazônia, a emancipação de suas Terras demarcadas; essa idéia, alimentada por incendiários ideológicos, ignora a total dependência desses povos das ações assistencialistas do Estado Brasileiro. É, portanto, muito difícil falar em emancipação quando a sociedade não se estruturou adequadamente para sobreviver com seus próprios recursos. Além do mais, há um grande interesse internacional, discretamente manifestado, de internacionalização da Amazônia; e as Terras Indígenas, com sua autonomia legalizada, é o alvo predileto dessas ações, capitaneadas por ONG´s "desinteressadas" e "humanitárias".
Outro dia eu conversava com alguns antropólogos e comentei, sem nenhuma pretensão dialética, o fato de os indígenas brasileiros não estarem preparados para competir, intelectualmente, com as populações "brancas" e caucasianas, de origem européia. Minha intenção era apenas de constatar um fato óbvio: o de que os indígenas, maltratados e humilhados por centenas de anos, vivem hoje em total dependência das verbas e programas de ajuda da Funai, da Funasa e do MEC. Mesmo com algumas brilhantes mentes inseridas nos meios acadêmicos, e assistidas por organizações internacionais de pesquisa, via de regra, as aldeias do Alto Rio Negro ainda vivem em estágios primários de sociedade.
Pois esses antropólogos mal saídos das universidades, se rebelaram violentamente contra mim, alegando meu despreparo intelectual para discutir temas de sua (deles) competência. Ficaram escandalizados! E eu, estupefato com a atitude radical e reacionária desses indivíduos. Continuo defendendo meus princípios, que não são acadêmicos, mas de cunho pessoal, sem nenhuma pretensão intelectual senão a de manifestar o meu direito de pensar e discordar.
São esses preconceitos sociais que transformam nosso mundo em um lugar difícil de se viver, onde as vaidades pessoais sobrepujam os anseios coletivos, e a arrogância intelectual rejeita tudo o que não está contido nos compêndios acadêmicos, geralmente escritos por estrangeiros, e versando sobre nossa realidade. Será que essas "mentes brilhantes" se esqueceram de sua própria história de dominação e terror?
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