terça-feira, 10 de janeiro de 2023

A ocupação dos Três Poderes por uma Súcia bolsonarista desvairada no domingo passado

 

Acompanhamos, atônitos e estarrecidos, a tentativa de golpe dos bolsominions psicopatas que invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, os mais relevantes símbolos de nossa Democracia, a duras penas resgatada depois de 21 anos da sangrenta e covarde ditadura militar dos anos 1964-1985. Mas não foi tão somente uma invasão de propriedades públicas federais: foi um ato de extremismo próprio de terroristas que, se não assassinaram ninguém, roubaram, quebraram, rasgaram os símbolos da liberdade conquistada na promulgação da Constituição Federal de 1988!

Quadros de artistas famosos, como Di Cavalcanti foram rasgados pelo ódio à Cultura, à Ciência e à Educação, tantas vezes declarado pelo líder dessa corja imunda que enganou o povo e obteve mais de cinquenta e oito milhões de votos de evangélicos ultraconservadores, de empresários arrogantes, beneficiados pelos "favores" do Estado para seu enriquecimento, mesmo durante a Pandemia da COVID-19, de tresloucados marionetes da famiglia mafiosa de Bolsonaro, cujos filhotes aterrorizaram as redes sociais com mentiras ("fake news") e bravatas "dignas" dos piores períodos da Idade Média, quando mulheres, padres dissidentes e inimigos da Santa Sé eram queimados vivos nas fogueiras em praças públicas, para exorcizar demônios que habitavam as cabeças dos padres, bispos e cardeais da Igreja Católica, sedentos de poder, riqueza e fama.

Mas não foram apenas as obras de arte as vítimas desse bando possuído de seus próprios demônios... foram documentos históricos, móveis do Patrimônio Nacional, computadores e outros equipamentos eletrônicos destroçados em um ritual satânico de proporções assustadoras! Todas as vidraças dos três palácios foram quebradas pelos zumbis desencarnados das catacumbas da ignorância dos Bolsonaros e seus micos amestrados, devastando tudo que havia em sua passagem, qual um furacão asqueroso que passou pelo centro do poder em Brasília, a capital do Distrito Federal, a grande obra de Juscelino Kubitscheck, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro. (Em 7 de dezembro de 1987, Brasília foi inscrita pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Brasília teve seu tombamento pela Portaria Iphan nº 314, de 8 de outubro de 1992.)

Por que nenhum dos órgãos federais, como a ABIN, o GSI, as Forças Armadas e seus serviços de inteligência, a Polícia Militar do Distrito Federal, a Força Nacional e os próprios ministros da Justiça e Segurança Pública, da Defesa e das Relações Institucionais não agiram preventivamente contra esses vândalos, se era sabido e notório que centenas de ônibus viriam para Brasília participar de uma manifestação pública no coração da capital brasileira? Por que a Polícia Militar colocou seus veículos na frente dessa horda maldita, escoltando-os e conduzindo-os para o atentado que presenciamos pelas emissoras de TV? Por que o presidente Lula viajou antes para Araraquara, sabendo que esse ato criminoso poderia se transformar na psicose coletiva que paralisou a Nação pela sua violência, ódio e terror? Por que seus assessores não o alertaram para esse possível desfecho?

Difícil justificar tantos erros primários daquele que já governou o Brasil por dois mandatos sucessivos, elegeu sua sucessora, igualmente por dois mandatos sucessivos, e ele próprio se reelegeu pela terceira vez, em uma eleição cravejada de ódio, mentiras e armações destinadas a anular seus resultados? Alguém poderia esperar que essa multidão de fascistas poderia ter um comportamento civilizado? E mesmo quando esses malucos chegaram na Praça dos Três Poderes, nenhuma decisão de barrá-los antes do ato extremo foi tomada por nenhuma autoridade política, militar ou civil para impedir sua óbvia consumação! Como explicar tamanho descaso das Forças Armadas, que desde o início do processo eleitoral esqueceu-se de sua única missão de defender a Nação Brasileira de seus inimigos externos, e foi conivente com os manifestantes, deixando-os acampar diante do principal quartel-general do país, a poucos quilômetros do palco dessa loucura organizada? Somente depois da tragédia, e não por iniciativa deles, os Generais da República, esses desvairados foram, finalmente, retirados de seus acampamentos... tarde demais...

Hoje sabemos que o número de presos após os conflitos passa de 1.500 indivíduos, todos levados para as dependências da polícia civil de Brasília, onde foram fichados e, depois, enjaulados na cadeia de segurança máxima da Papuda. O que ainda não sabemos, mas deveríamos saber é quem foram os mandantes e financiadores do golpe: empresários corruptos, bicheiros, milicianos e donos de empresas de ônibus, além de seres exóticos como o dono da Havan, aquele que comparecia a todos os eventos fantasiado de papagaio verde-amarelo, ao lado de Bolsonaro.

Curiosamente, como sempre tem feito diante das crises, Bolsonaro foi internado com dores intestinais decorrentes, ainda, daquela suposta facada que lhe rendeu a Presidência da República em 2018... seus trejeitos patéticos durante a pandemia, sua falsa asfixia ironizando as vítimas da COVID, suas frases nojentas de desprezo pelas famílias das vítimas, afirmando não ser coveiro, suas afirmações de que aqueles que tomaram as vacinas eram maricas, a mentira de que, ele próprio, não havia tomado a vacina, as negociações escabrosas denunciadas pela CPI da COVID, abafadas pelo arquivador-mor da República, Augusto Aras, a igualmente falsa afirmação de que as vacinas causariam a contaminação pelo HIV ou transformavam pessoas em jacarés... todas essas patéticas atitudes de um bizarro chefe de estado não foram suficientes para mudar o voto de pessoas que quase o elegeram novamente, chegando aos 58 milhões de tolos que nele votaram...

Afinal, o que aconteceu com o Povo Brasileiro? Que epidemia mental o transformou nesses marionetes, incapazes de diferenciar a Verdade das mentiras, a Bondade do ódio?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O insólito e perigoso caminho da redemocratização

 Reconstruir uma Nação

Passada a euforia dos resultados das urnas, empossados os ministros e definidos seus assessores, os problemas começam a pressionar os novos governantes. O "mercado" reagiu mal às contradições dos pronunciamentos do presidente Lula, desacreditando o ministro Haddad que, por sua vez, ainda não tem planos de ação, muito menos projetos definidos para os prementes problemas econômicos, sociais, políticos, ambientais e educacionais brasileiros. A lista de prioridades é imensa, pois o legado desses quatro anos de esbórnia desmantelou as instituições públicas federais, desde os próprios ministérios, as autarquias, as empresas públicas, as universidades, enfim, nada restou senão o caos e o desprezo pelos valores individuais e coletivos, aniquilados pelo ódio, pelos preconceitos e pelo descaso...

Por onde começar? Como estancar a sangria e sair da letargia em que nos encontramos, feito zumbis na multidão dos miseráveis que se espalham pelas favelas, pelas ruas, pelos centros comerciais, vivendo ao relento e esperando que algum samaritano chegue para salvá-los da miséria, da fome e do abandono em que se encontram? Tornaram-se parte da "paisagem urbana", fantasmas amorfos, despidos dos mais triviais direitos de qualquer cidadão... é para eles que escolhemos o nosso presidente, não podemos nos esquecer!

Aquelas equipes montadas para elaborar planos de governo por área e, por ministério, por tipo de negócio ou de problema, parece que se esqueceram de construir um projeto executivo para os primeiros cem dias de governo, como é tradição e prática de qualquer novo governante. Fazendo um paralelo com o pós-guerra (qualquer um), imaginamos os cadáveres da democracia espalhados pelo que restou nos campos de batalha, apodrecendo ao ar livre, putrefatos e mutilados,alguns rastejando por entre os escombros sem saber o que fazer. Não adianta passar um trator e jogar esses restos humanos em valas comuns, cobrindo-os de terra e esquecendo seu passado, sua luta e a vida de seus entes queridos.

Essa guerra insana, que travamos agora, contra o obscurantismo medieval das hordas de evangélicos fanáticos, conduzidos por falsos pastores, contra o desmonte dos valores sociais que pressupõem a tolerância às divergências ideológicas, essa guerra não acabou como esperávamos. Eles ainda estão aí, acoitados nas portas dos quartéis, refugiados em seus templos de devoção aos seus deuses pagãos, repetindo à exaustão os trechos de suas bíblias ancestrais, cujas palavras são hoje proferidas sem qualquer interpretação, imprescindível devido aos dois mil anos de transformações radicais nesse nada admirável mundo novo que, no entanto, é infinitamente mais evoluído que os horrores do passado, quando as crucificações, as fogueiras, as mutilações faziam parte indissolúvel dessas igrejas.

Difícil esquecer dessa metade de nossa população, justamente a mais ignorante, a mais nefasta, a mais raivosa e violenta, que recorre às armas sempre que suas palavras e seus sermões são insuficientes para atrair adeptos de sua doutrina de ódio e prepotência, e que agora são contestados por nós, vencedores, herdeiros de tais atrocidades. Durante meses, esse bando de milicianos da fé nos provocaram, nos ofenderam, nos agrediram com palavras e armas, tentando calar as vozes dissidentes, assim como fizeram os militares durante a ditadura sangrenta que nos calou por uma geração inteira, e acabaram "anistiados" por um "acordo" mal feito entre as vítimas do terror e das torturas, e os próprios torturadores. E essa dicotomia medieval, da "esquerda" (trabalhadores e escravos) e da "direita" (lordes, nobres e protegidos das cortes), franceses, que perduram até os dias atuais, ainda não acabou.

Pois é nesse contexto que herdamos de caos, de desprezo e do desejo de vingança dos vencidos, que precisamos reconstruir, refundar, reedificar uma sociedade democrática, justa, livre de preconceitos, tolerante até com nossos "inimigos", para reconduzir nosso Povo, essa entidade abstrata e disforme, para uma Nação verdadeira, justa, equilibrada e próspera. Não é tarefa fácil, e todos sabíamos disso, mas não nos preparamos para o "hoje", para o "agora", com pequenas ações práticas que assegurem que o país continue funcionando, ainda que precariamente, enquanto as equipes de especialistas constroem projetos viáveis para todas as pessoas, famílias, comunidades, etnias, empresas, escolas... precisamos, urgentemente, de objetividade para conduzir essa massa falida chamada Brasil para um novo tempo de prosperidade, igualdade racial, étnica e social, onde a Paz perdure até o fim de nossos dias.

Nossos "inimigos" estão entre nós, e farão de tudo para nos aniquilar. Por isso, nunca foi tão válido aquele refrão dos estudantes, dos trabalhadores e dos brasileiros em geral que, nas manifestações de protesto, cantavam, em uníssono: "É PRECISO ESTAR ATENTO E FORTE; NÃO TEMOS TEMPO DE TEMER A MORTE"! Pois só teremos uma "chance" de mostrar aos derrotados que somos capazes de edificar uma nova "NAÇÃO"! Se falharmos em nossa missão, dentro de quatro anos eles estarão de volta, mais fanáticos, mais radicais, mais vingativos e repletos de desejo de vingança pela sua derrota vergonhosa...