Mostrando postagens com marcador STF. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador STF. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Marina: 'Democracia não pode ter dois pesos e duas medidas'

Em ato na Praça dos Três Poderes, em Brasília, a ex-senadora afirmou que o TSE concederá o registro para criação do partido se os ministros levarem em conta os autos do processo

Eduardo Bresciani - O Estado de S. Paulo

Brasília - Em um ato com cerca de 40 militantes da Rede Sustentabilidade na Praça dos Três Poderes, a ex-ministra Marina Silva afirmou nesta terça-feira, 1º, que apesar do parecer contrário do Ministério Público Eleitoral (MPE), os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concederão o registro ao partido, se levarem em conta os autos do processo.
Sem conseguir atingir a exigência de 492 mil assinaturas certificadas por cartórios, a Rede pede a validação de 95 mil assinaturas rejeitadas sem justificativa para atender o critério estabelecido em lei.

"O processo tem várias etapas. Estamos aguardando a decisão do pleno do TSE, conversamos com todos os senhores ministros e suplentes, apresentamos uma série de razões e temos convicção de que se atendo aos autos os senhores ministros votarão de forma favorável a reconhecer as 95 mil assinaturas que foram encaminhadas e invalidades injustamente pelos cartórios", disse Marina.

Respondendo a avaliação do procurador-geral Eugênio Aragão de que a construção de um partido apenas para disputar eleição "amesquinha" a política, Marina rebateu dizendo que a democracia não pode ter "dois pesos e duas medidas".

"Estou mais preocupada em não amesquinharmos a democracia, porque a democracia plena é a que assegura o pluralismo político e é isso que nós estamos buscando para que aconteça em relação ao pensamento político que sustentamos. A preocupação da Rede Sustentabilidade não é com a eleição, é com a democracia, que não pode ter dois pesos e duas medidas", disse a ex-ministra.

Questionada se estava se referindo à criação do PROS e do Solidariedade na semana passada, disse que não estava falando do TSE, mas do conceito de democracia.

Marina defendeu a pluralidade de candidaturas no primeiro turno da eleição presidencial, ainda que não assuma diretamente a intenção de concorrer. Recusou-se a falar da possibilidade de concorrer por outro partido. "Estamos focados no plano A", afirmou. "A Justiça eleitoral vai nos fazer justiça", concluiu.

No ato, militantes da Rede empilharam em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) caixas simbolizando as 95 mil assinaturas que desejam validar e exibiram um vídeo com relatos de pessoas que dizem ter apoiado a criação da legenda.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Embargos Infringentes, julgamento do Mensalão e o (de) mérito do Supremo Tribunal Federal


O INFOGRÁFICO acima foi produzido pelo Jornal "O Estado de São Paulo", e esclarece de forma didática os possíveis impactos da decisão do Ministro Celso de Mello, hoje, sobre sua aplicabilidade aos réus do Mensalão. O que fica evidente, de imediato, é que esses impactos serão pequenos e não irão inocentar as principais personagens desse lamentável incidente de nossa História recente. Cabe, portanto, avaliar se nossa oposição sistemática a uma decisão contrária à Consciência Nacional é relevante, e se interessa ao país preservar a oposição ao STF diante de uma decisão desfavorável ao bom-senso da sociedade.

Que existem personalidades antagônicas dentro do STF é evidente. Que elas sejam maioria, é questionável, uma vez que a decisão final ficou para o decano da Corte, provavelmente o mais sensato de todos os ministros do Supremo nesses anos durante os quais se arrastou esse triste processo. Lamentável mesmo é apenas a presença do Ministro Dias Tófoli, cujo despreparo para o cargo destoa com o Saber Jurídico dos demais componentes da Corte Máxima da Justiça Nacional, a despeito de nossas opiniões e ideologias. Ainda que outros sirvam a interesses escusos da República, seu conhecimento está acima de suspeita.

De qualquer forma, seja qual for a decisão da Suprema Corte, os resultados obtidos se tornarão um marco da Democracia, ainda que tardia, de nossa Nação. Doravante, esperamos que decisões sobre corrupção, formação de quadrilha e outros crimes políticos sejam tratados com a mesma seriedade e com mais tempestividade pelos tribunais do país. Também esperamos que critérios de escolha de Ministros sejam mais justos e transparentes, não servindo a interesses partidários de presidentes de plantão.

Reformas políticas, jurídicas, econômicas e sociais são sempre urgentes e permanentes em qualquer Nação independente, uma vez que as Sociedades Humanas são organismos em constante transformação. Há que se prevalecer, um dia, a Sabedoria em lugar do oportunismo político e dos interesses mesquinhos das minorias privilegiadas de nosso país. Para isso, é imprescindível que a CULTURA seja privilegiada nas estruturas de poder, cedendo à Educação Formal os espaços a que tem direito, eliminando a IGNORÂNCIA nos processos de escolha de governantes, juízes e representantes da sociedade civil.

"I HAVE A DREAM", dizia o carismático líder negro norte-americano, Martin Luther "King", ao se referir a uma sociedade igualitária, na qual as diferenças raciais não seriam motivo de discriminação dos direitos constitucionais do "Big Brother". Pois dizemos o mesmo: "Eu tenho um sonho: um dia, esta Nação não terá mais 'elites' prepotentes, que fazem valer seus interesses econômicos contra a vontade de todo um povo oprimido e relegado à ignorância e ao ostracismo. Eu tenho um sonho em que todos os povos, todas as etnias, todas as camadas sociais sejam igualmente ouvidas e assistidas em seus direitos fundamentais!"

Só mesmo quando os desníveis sociais tenham sido reduzidos à ínfima porção tolerável das diferenças, em que todas as necessidades básicas de cada ser humano tenham sido atendidas, e em que essas diferenças sejam apenas de escolhas e aptidões pessoais e não de poder econômico, só mesmo então poderemos dizer que vivemos em uma sociedade democrática, que somos verdadeiramente irmãos e não precisaremos mais nos preocupar com a punição de políticos corruptos, mobilizando inúteis esforços para assegurar que crimes dessa natureza não sejam mais cometidos. Isso porque seremos capazes de decidir nosso próprio destino e de escolher com sabedoria os nossos representantes.

Mas isso é UTOPIA e talvez nunca venha a acontecer... por enquanto, nos limitemos a aceitar que a decisão de Celso de Mello não será, em si mesma, um final trágico do Mensalão...
________________________________________________________________________

Conforme previsto, Celso de Mello acatou os embargos infringentes e contrariou toda NAÇÃO. Um Judiciário que faz "ouvidos moucos" à voz do povo está na contramão da História! As sociedades contemporâneas estão cada vez mais atreladas aos anseios populares, tornando seus conceitos abstratos mais maleáveis à dinâmica dessas populações. O Direito Constitucional é importante para estabelecer os marcos legais da Nação, mas nunca deve se sobrepor, em sua interpretação subjetiva, à lógica das ruas e aos anseios populares por uma solução contrária à CORRUPÇÃO!

O mais lamentável de tudo isso é que um novo julgamento terá início - somente em 2014 - para os 11 réus beneficiados por essa decisão absurda e inaceitável de Celso de Mello! Mais um ano se passará, em que os réus do Mensalão, já condenados pelo mesmo STF, continuarão impunes, longe das grades e com suas prerrogativas preservadas: mandatos legislativos, atividade política, etc...

Por mais sólidos e coerentes que tenham sido os argumentos do Magistrado, a Justiça de uma Nação é construída para atender aos anseios de seu povo, e as decisões do Supremo não se justificam em si mesmas, e jamais podem se sobrepor à vontade popular! O que o Brasil quer é ver o fim das arbitrariedades, da corrupção, das injustiças, da prepotência das minorias, da desigualdade de direitos! Tudo o que se fizer em contradição a essa expectativa coletiva não poderá encontrar eco no seio do povo, não se justificará no discurso arrogante dos magistrados, e terá o repúdio de toda Nação! Aquele que não escutar a "vox populi" estará condenado ao ostracismo e ao desprezo da História... Não significa contrariar a Doutrina Jurídica, e sim compreender que sua interpretação sábia é que faz de um bom juiz um grande Magistrado! Não fosse assim, e teríamos que admitir que cinco juízes se equivocaram em seus votos, cinco prevaricaram, e que apenas UM seria o responsável por decidir o destino desses réus!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A ARROGÂNCIA DAS ELITES E A INDIGNAÇÃO POPULAR

Depois de semanas de manifestações populares, nas ruas e nas redes sociais, o que se observa é a acomodação da vida diante dessa nova situação, que parece já não mais incomodar políticos e governantes, que desdenham da indignação do povo e sorriem pela incapacidade das massas de reverter o “status quo” de toda uma Nação humilhada.

O curioso é perceber que as evidências são tantas que não deixam dúvidas quanto às razões que nos levam a protestar: corrupção ativa e passiva, prevaricação, suborno, enriquecimento ilícito, desprezo pelas minorias étnicas, devastação do Meio Ambiente, crime contra o patrimônio público, vagabundagem, impunidade, fundamentalismo religioso, desonestidade, desvio e mau uso dos recursos públicos... infinitas razões!

No entanto, mesmo diante de tantas evidências, nem mesmo o poder supremo do judiciário nos deixa um alento, uma esperança de ver a punição recair sobre os poderosos e redimir as virtudes, há tanto esquecidas. Neste momento dramático da vida política nacional, não há como não recordar as tristes palavras de nosso saudoso Ruy Barbosa...

“De tanto ver triunfar as nulidades...”


Basta olhar para alguns membros do Ministério Dilma e para a grande maioria das casas legislativas para constatar o eco dramático desse lamento triste e desconsolado. Ministros que mal sabem responder a uma entrevista ou proferir um discurso, colocados em ministérios técnicos e estratégicos como Minas e Energia, e Previdência Social; isso sem falar nos inúmeros casos de assessores incompetentes em todas esferas do governo...

“De tanto ver prosperar a desonra...”


Creio mesmo que a palavra “honra” tenha perdido o sentido para as gerações mais jovens; já não se ouve sequer alguém falar (ou saber o que significa) “palavra de honra”!

“De tanto ver crescer a injustiça...”


Será que, nem mesmo pela quase unanimidade do clamor popular, os Ministros da Suprema Corte não se sensibilizarão, ao menos mantendo as punições já estabelecidas?

“De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus...”


Quem são os “maus” desse país? Os latifundiários que devastam florestas e ocupam terras devolutas, como se fossem suas? Os políticos que se vendem no “balcão de negócios” das repartições públicas? Os líderes sindicais que colocam à frente os seus interesses pessoais, em detrimento das classes trabalhadoras que deveriam representar?

“O homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto!”

(Ruy Barbosa, * 5 de novembro de 1849, + 1 de março de 1923)

Não sou ingênuo de pensar que os tempos mudaram, e que “antigamente” era diferente! Não era, e essas palavras foram ditas há cerca de cem anos, no início do século XX...

Porém, até mesmo pela evolução das sociedades, pela redução do analfabetismo, pelo aperfeiçoamento das instituições, pela convicção humana de que a “Democracia” é um direito de todos os cidadãos, e os regimes políticos deveriam refletir essas verdades, por tudo isso, não se pode conceber que estejamos caminhando contra a Razão e a Lógica e de encontro ao pior dos futuros que desejaríamos deixar para os que virão depois de nós.

A violência das ditaduras latinoamericanas, insufladas pela manipulação de generais por parte dos serviços secretos norte-americanos, esse modelo, perverso e covarde, de impor o terror contra a juventude e a intelectualidade, foi banido de nossas vidas há menos de cinco décadas e, no entanto, já há os que clamam pela volta dos ditadores ao poder!

Isso ocorre porque nossa memória, a História de uma Nação, não é referência para o clamor popular, principalmente daqueles que não viveram o suficiente para compreender que o pior dos mundos, o pior dos governos é aquele que massacra o povo, que humilha os jovens, que tortura e que mata em nome de “virtudes” e “valores” inexistentes.

Então, que elites são essas, arrogantes e poderosas o bastante para fazer sucumbir a Justiça e fazer valer sua vontade minoritária contra os anseios de toda Nação?

São os neonazistas da contemporaneidade, homiziados em fazendeiros, em evangélicos fanáticos, em empreiteiras e mineradoras comandadas por empresários corruptos, por políticos escolhidos por um eleitorado analfabeto e despreparado para eleger bons líderes e bons governantes. São banqueiros e agiotas inescrupulosos que, sorrateiramente, expropriam o povo de suas míseras economias, em empréstimos a juros escorchantes.

Esses inimigos públicos estão ao nosso redor, nas escolas e repartições públicas, nas empresas multinacionais, nas oligarquias políticas que se perpetuam no poder através de artifícios ilícitos, acobertados pela “justiça” incompetente de juízes malformados. Eles estão infiltrados em toda parte em nome de partidos políticos que enganaram o povo durante anos com uma bandeira de “Ética” e de “populismo”, para agora mostrarem suas verdadeiras faces e sua verdadeira orientação ideológica, banhada no sangue do Neoliberalismo... são os falsos intelectuais que disseram belas frases enquanto professores universitários, alimentando o Ideal de jovens, que acabaram mutilados pelo terror dos DOI-CODI, e, estando no poder, simples e ironicamente disseram: “Esqueçam tudo que eu disse, pois agora vou cooptar apoio dos oportunistas, pois preciso governar”!

Essa “elite” arrogante está ao nosso lado o tempo todo, fingindo ser o “baluarte da democracia”, alardeando o ideal positivista da “Ordem e Progresso” de nossa bandeira, afirmando que são eles que colocam comida em nossas mesas, e que, em nome desse “edificante e abnegado ideal”, precisam devastar florestas e extinguir rios e nascentes!

Mas quem come soja em todo almoço e jantar? Quem, dentre os pobres e miseráveis explorados por esses latifundiários, come carne todos os dias? Quem será beneficiado pelo petróleo extraído do pré-sal, ou pela exploração de minérios em terras indígenas?

Quantas mortes de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e pequenos lavradores familiares serão necessárias para justificar o enriquecimento extravagante dessas “elites”?

Porém, o pior é que a indignação popular é tão frágil que, em poucas semanas, foi dominada por vândalos e baderneiros, sem bandeiras e sem ideologias, fazendo exatamente o que aqueles que se autodenominam “defensores da democracia” queriam.

O pior é que nem mesmo nossa imprensa tem, em suas fileiras, um décimo dos heróis jornalistas, que arriscaram suas vidas para denunciar e afrontar a ditadura de 1964...

Estamos, pois, diante desse anarquismo insano, que só faz por validar e consolidar o poder de um grupo que apenas convalida a triste constatação de um dos maiores juristas que o Brasil já teve: Ruy Barbosa, curiosamente o mesmo sobrenome daquele magistrado que preside a Suprema Corte de nosso país... será que este merece nossa confiança?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Impasse institucional


Conflitos cada vez mais frequentes entre membros dos três poderes em nível federal evidenciam o clima de impasse institucional em que vivemos, e que ameaça a estabilidade democrática do País. São várias as motivações; porém, nenhuma relacionada com interesses públicos, como deveriam ser todas as demandas políticas, já que esses representantes são eleitos pelo voto popular.

No entanto, a causa primária desse impasse é o descompasso entre nossos partidos políticos e os anseios da Nação. Temos cerca de 30 partidos políticos, mas apenas dois grupos de disputa eleitoral efetiva nos últimos 20 anos: o PT e seus aliados, e o PSDB e seus aliados. Nenhum desses partidos é fiel às ideologias que foram declaradas em sua fundação, e todos se movem pelo mesmo interesse mesquinho de fazer parte do poder, seja como mandatários, no caso do PT e do PSDB, seja como candidatos a cargos nos primeiros escalões da República, no caso de seus "aliados".

Outra causa desse conflito entre poderes é o julgamento do Mensalão. Apoiado pela maior parcela da opinião pública, o Supremo Tribunal Federal condenou importantes personalidades do governo petista, como José Genoíno, João Paulo Cunha e José Dirceu, este último considerado a “eminência parda” de Lula durante sua campanha para presidente e durante seu primeiro mandato (talvez, quem sabe, até hoje...).

Sentindo-se ofendido em suas entranhas, o Congresso nomeou seu inimigo o STF, por ter desacreditado o poder do PT e de seus aliados no maior julgamento político de nossa história. E resolveu contra-atacar, justamente no momento em que os embargos declaratórios e infringentes poderão mudar o resultado desse julgamento, que foi aplaudido com entusiasmo pela nação brasileira. Como reagirá a opinião pública, caso essas sentenças se revertam? A ameaça é real, tendo em vista os novos ministros nomeados (ou em fase de nomeação) por Dilma Rousseff, e cujo comprometimento com o poder ainda desconhecemos.

O que se pergunta é “por que Dilma e Lula, supostamente tendo feito parte dessa falcatrua, não foram atingidos, em sua popularidade, pelo resultado desse julgamento?”. O fato é que nosso colégio eleitoral é constituído de todas as camadas da população, em igualdade de condições. Isto seria louvável, se nossa população não fosse composta, em sua maioria, de analfabetos funcionais facilmente manipuláveis.

Diante da ignorância e da inconsciência política da maioria da população, medidas populistas e paliativas, como o programa “Bolsa Família”, e as manifestações públicas de Lula, um brilhante orador, têm maior influência sobre o eleitorado do que a realidade que nos cerca. A aparente tranquilidade da Nação diante da crise econômica mundial também favorece esse vigor político do PT e sua capacidade de aliciamento.

Esse fato inquestionável também oculta outro aspecto da política do PT: o fortalecimento dos movimentos sociais, inclusive infiltrados nos sindicatos e nos quadros de servidores públicos federais, assegura o apoio político que as pesquisas de opinião pública garantem, mesmo diante de outra realidade não tão visível, porém muito mais perversa. Enquanto pregam uma política populista e direcionada às classes menos favorecidas, entregam os ministérios mais poderosos, como o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ao agronegócio, fazendo-lhe concessões espúrias, mesmo em detrimento da devastação da Amazônia, mesmo com isenções tributárias que seriam imorais para um governo sério e responsável, mesmo com o poder cada vez mais concentrado na bancada ruralista, influenciando decisões questionáveis do Congresso Nacional, e com reflexo, inclusive, nas políticas públicas mais populares.

Hoje, o Congresso Nacional reflete esse poder paralelo, além de outro, que conflita diretamente a Constituição Federal em sua definição de Estado Laico, ou seja, não vinculado a qualquer seita ou religião. A bancada evangélica hoje domina as votações mais importantes, bem como comissões de extrema relevância para as questões legislativas nacionais, como a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, dirigida por um pastor evangélico. A Comissão de Meio Ambiente é dirigida por um membro importante da bancada ruralista, latifundiário da soja, demonstrando a total falta de isenção de ambas em suas decisões.

Como o governo federal possui maioria no Congresso, a oposição nunca foi neutralizada de forma tão contundente, a ponto de muitos partidos políticos terem abdicado do próprio direito de oferecer candidatos ao cargo maior da Nação, e optando por apoiar o governo petista em troca de ministérios, presidências e diretorias de empresas estatais e de agências nacionais de fiscalização de políticas públicas setoriais. Muitos desses nomeados não possuem qualquer familiaridade  com a pasta para a qual foram designados, causando não apenas constrangimentos, mas principalmente paralisando áreas essenciais da economia!

O caos que se observa na política impacta diretamente nos fracos resultados econômicos que a cada ano demonstram nosso distanciamento do futuro que se imaginava para o país. A falta de crescimento afeta a melhoria da Saúde, da Educação e da Infraestrutura logística e industrial do Brasil, e sequestra a esperança da "inteligência nacional" de ver realizadas as promessas de um país forte, influente e desenvolvido culturalmente para as próximas gerações. Esse é o quadro político e institucional que não gostaríamos de relatar, talvez o mais grave desde o fim da ditadura militar dos anos 60 a 80...

quarta-feira, 10 de abril de 2013

As contradições contemporâneas

Ontem assisti a uma entrevista, no programa "Entre Aspas", da Globonews, com um diretor do Greenpeace, Sérgio Leitão, e um dirigente de associação de indústrias químicas com produtos destinados à agricultura, Fernando Figueiredo. Chamou-me a atenção a falta de objetividade de ambos no trato das questões relativas ao Meio Ambiente, além das falácias, ditas como verdades incontestáveis pelo representante do agronegócio.

Os problemas ambientais não podem ser colocados, todos, na mesma dimensão de importância quanto aos impactos ambientais. A repórter, Mônica Waldvogel, desinformada, também contribuiu para a fragilidade dos argumentos apresentados, uma vez que demonstrou total desconhecimento dos mais graves problemas relativos ao desmatamento ilegal e aceito, por omissão, pelos órgãos governamentais responsáveis pelo combate a esses crimes ambientais.

São muitos os problemas causados pela presença humana na Terra, mas não podemos comparar a destruição da Amazônia com o lixo urbano, por exemplo. A Floresta Amazônica é a maior floresta equatorial do mundo, representando a maior concentração de espécies animais e vegetais da Terra, e tendo um papel determinante no Clima da América do Sul. Sua perda representará um desequilíbrio ecológico irrecuperável, significando, inclusive, a inviabilização da agricultura no Brasil. E os estúpidos ruralistas sequer percebem essa verdade óbvia, e continuam, céleres e afoitos, a destruir nosso Meio Ambiente!

No que se refere aos impactos do uso de agrotóxicos pelo agronegócio, a situação é, também, complexa, pois as agroindústrias recusam o fato comprovado e evidente da toxidade de seus produtos para o Meio Ambiente, bem como o exagero de seu uso pelas grandes propriedades. O agrotóxico contamina os alimentos, o solo, o subsolo, os rios e o lençol freático, para onde são levados pela água das chuvas.

Esse tipo de discussão na mídia televisiva tem um resultado perverso: não informa honestamente a população e, além disso, confunde a opinião pública pela oposição sistemática de opiniões nitidamente antagônicas e mal elaboradas. O representante do agronegócio, sr. Fernando Figueiredo, disse categoricamente que "o Brasil possui a agroindústria mais avançada do mundo, mais do que os países europeus, e de mesmo nível tecnológico praticado pelos Estados Unidos"! Pode ser verdade, do ponto de vista tecnológico, mas trata-se de uma descarada mentira, quando falamos sobre o Meio Ambiente. Todos sabem, e é facilmente comprovado, até por um leigo, bastando para isso que acesse o Google e acompanhe a evolução do desmatamento nos últimos 50 anos, que o Estado de Mato Grosso provocou o maior desastre ambiental na Amazônia, praticamente dizimando a Floresta em seu estado, sob o comando do maior plantador de soja do país, Blairo Maggi, responsável por 5% da produção nacional. Na safra de 2005/2006 perdeu o título para seu primo Eraí Maggi Scheffer, presidente do Grupo Bom Futuro.

Hoje só restam manchas da Floresta Amazônica no estado de Mato Grosso, geralmente em áreas de proteção, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Nunca se respeitou o Código Florestal, e as Reservas Legais foram simplesmente ignoradas por todos os latifundiários agropecuaristas! Grande parte das áreas hoje utilizadas pelo agronegócio foram surrupiadas de terras públicas, de onde foi destruída a Floresta e, em seu lugar, foi plantada soja e criado gado. Nunca neste país um magnata do agronegócio pagou uma multa sequer pelos crimes ambientais cometidos!


Há três anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo.
Um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado
pelos agrotóxicos, segundo alerta feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva
Infelizmente, o diretor do Greenpeace, Sérgio Leitão, não teve a inteligência e a argumentação necessários para se contrapor às mentiras proferidas por Fernando Figueiredo, em defesa de seus patrões. Não faz sentido se discutir problemas ambientais de forma abrangente, colocando questões de tratamento de lixo e esgotos, típicas da "civilização urbana", junto com crimes ambientais perpetrados por multinacionais dos agrotóxicos, como Monsanto, Bayer, Syngenta, Basf, Dow, Dupont, que, juntas, detêm 68% de um mercado que movimenta cerca de US$ 48 bilhões por ano no mundo. O Brasil representa hoje aproximadamente 16% do consumo de agrotóxicos no planeta. O crescimento do mercado brasileiro foi de 176% entre os anos de 2000 e 2008 --3,9 vezes acima da média mundial, que foi de 45,4% no mesmo período.

O fato é que a população continua desinformada e desinteressada pelas questões ambientais, e o governo Dilma, assim como ocorreu com os governos Lula e FHC, não tem interesse em promover ações efetivas de proteção ambiental e de combate sistemático aos crimes ambientais. Da mesma forma, o Judiciário, não sendo acionado, se omite desses crimes, assim como o Supremo Tribunal Federal. Cabe ao Ministério Público provocar essa questão, exigindo das autoridades o compromisso com o Meio Ambiente, nossa maior riqueza, e responsabilidade de fazer cumprir as leis. Já não basta o estrago provocado pela famigerada Bancada Ruralista, ao descaracterizar nosso Código Florestal e descriminalizar parte expressiva dos estragos provocados pelos latifundiários nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica!

Uma questão fundamental é o papel da imprensa falada, impressa, televisiva e virtual na conscientização da população, para que esta não seja enganada de forma tão descarada por pessoas que defendem interesses multinacionais (e não os interesses do Brasil) nas questões ambientais. É preciso formar, capacitar e conscientizar repórteres que sejam competentes para discutir esses aspectos e sejam capazes de conduzir um debate sem manipulações oportunistas como esta que presenciei.

Já não temos mais tempo para perder com mentiras. É preciso mudar a condução das políticas públicas voltadas à agropecuária, não para servir a interesses internacionais, mas para servir à nossa Nação. O Brasil é um país que optou pelo setor primário em suas estratégias econômicas. Isso já é um erro primário, considerando-se o baixo valor de commodities em comparação com as indústrias de alta tecnologia que dominam o mundo contemporâneo. Mas, dentro desta opção, decidir pela exaustão de nossos recursos naturais, em favor de resultados de curto prazo, e condenar nosso país à servidão no longo prazo, é de uma estupidez sem propósito! Exauridos esses recursos (solo, hidrologia, subsolo, vegetação), o que nos restará é um país de desertos e uma população sem destino e sem futuro. Todos os nossos descendentes pagarão essa conta, e a culpa será sua, dos governos militares, de FHC, de LULA e de DILMA ROUSSEFF.