Para as civilizações primitivas DEUS era qualquer manifestação incompreensível dos fenômenos naturais, incluindo nossa presença aqui na Terra. Assim, DEUS não era uma entidade única mas diversas divindades especializadas como o Sol, o Trovão, os Raios, os Vulcões, as Tempestades. Na Antiguidade os povos acreditavam haver um espaço na Terra reservado para essas divindades; os Gregos chamavam essa região desconhecida de Monte Olimpo. Os Egípcios mesclavam aspectos humanos e animais para caracterizar as figuras de seus deuses até que o faraó Akhenaton estabeleceu o culto a uma divindade única: Ra, o Deus-Sol.
As religiões contemporâneas têm, cada qual, seu próprio conceito de DEUS, mas quase todas afirmam que "o Homem foi feito à Sua imagem e semelhança", atribuindo, assim, nosso papel de seres superiores na cadeia dos seres vivos da Terra, um pequeno planeta do sistema solar. Algumas religiões acreditam na reencarnação, outras não. Mas todas, sem exceção, criaram sua Cosmogonia para suprir os temores dos homens de que nossa vida se extinguiria com a morte, e nada restaria de toda nossa pequena obra quando deixássemos este mundo.
Assim é a nossa Fé e nosso Amor a DEUS: um sentimento egoísta de permuta: eu creio em DEUS e Ele me assegura que existe uma outra vida após a morte e ela me redimirá de todos os meus erros e pecados e me propiciará uma nova oportunidade, repleta de felicidade. Alguns fanáticos acreditam que os homens são superiores às mulheres e, dando sua vida para uma causa extrema em louvor a esse DEUS, mil virgens lhes seriam reservadas no Paraíso. Que visão mais primitiva e fantasiosa! Que simplórios são os Homens!
Se DEUS existe e Ele representa o Poder absoluto em toda sua magnificência, imaginemos que somos como as células de nosso organismo. Nós somos DEUS e as células são os Homens da Terra. Nós, como deuses, não tomamos conhecimento de nossas células, e mal sabemos que elas existem. Apenas quando algo funciona mal em nosso organismo nossa atenção se volta para elas e, mesmo assim, como um agrupamento uniforme que executa determinada função: o fígado, os rins, o coração, os pulmões, o cérebro, os intestinos...
Se um Amor absoluto a DEUS fosse possível, ele deveria ser desinteressado e incondicional. "Amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" é o primeiro Mandamento das Leis Cristãs. No entanto, aqueles que amam a DEUS o amam com segundas intenções, fazem orações pedindo Graças, oferecem dinheiro, velas, flores "em troca de" benefícios pessoais, de vantagens em detrimento de outros seres humanos.
DEUS não existe; ao menos tal como o concebemos. Não somos capazes, em nossa infinita insignificância, de conceber um Criador Supremo, detentor de poderes ilimitados e capaz de reger a Sinfonia das Esferas e assegurar que esse Universo, que não teve início e não terá fim, funcione de acordo com Suas leis absolutas e previsíveis. Nada é previsível neste Universo que conhecemos. E o conhecemos muito pouco, quase nada. Passaremos nossas vidas pesquisando e descobrindo novas realidades desse Universo, e a Humanidade se extinguirá antes que um infinitésimo dele seja desvendado pela nossa tão decantada Ciência!
Precisamos encontrar outras razões para EXISTIR. Precisamos viver plenamente, cultivando valores que nós mesmos, seres humanos, criamos para viabilizar nossos relacionamentos saudáveis. Não há justificativas para acreditar que somos capazes de conceber uma Fonte Absoluta da Existência do Universo (nosso DEUS). Nossa percepção do Cosmos é pequena demais para que possamos sequer imaginar esse manancial de energia que supomos existir.
Esta é uma verdade cruel, insuportável para a maioria dos seres humanos, mas inexorável: DEUS, assim como o concebemos, não passa de uma figura patética e indigna dos poderes incomensuráveis que a Ele atribuímos. Mais se parece com os super-heróis norte-americanos, um Super-Homem capaz de direcionar suas forças para salvar uma mulher em detrimento de toda a Humanidade! DEUS deveria ser muito mais do que somos capazes de imaginar.
Se DEUS existisse e pudéssemos mesmo, como indivíduos, nos comunicar com ele, por que essa divindade atenderia aos pedidos de uns poucos e deixaria a maior parte da Humanidade padecer de miséria e de fome, sofrer as injustiças dos poderosos e, estes, usufruir das riquezas e confortos que a tão poucos são reservados? Não há lógica que explique isso!
Mas mesmo assim, agnóstico ou ateu, somos compelidos a criar regras de relacionamento que nos mantenham dentro de limites aceitáveis de convivência e respeito. Essas regras, mesmo evoluindo ao longo de nossa História, não impediu as barbáries das guerras, das torturas, das atrocidades cometidas pelos Homens, nossa vergonha irreparável.
E o que aconteceu com o sofrimento daqueles que padeceram dessas atrocidades? O tempo faz com que joguemos tudo no baú do esquecimento. Mesmo os maiores vilões da História têm seus nomes gravados, adorados, odiados, mas nunca esquecidos. Nós nos lembramos de Hitler, de Mussolini, de Átila, de Napoleão, de Médici, de Geisel, de Maluf, de Sarney, mas não nos lembramos dos heróis anônimos que foram assassinados a mando deles, dos líderes comunitários que deram suas vidas para redimir seu povo, dos valentes que desafiaram as leis dos homens para proteger inocentes, dos destemidos que lutaram e morreram pela sua causa.
Onde estava DEUS?
Somos os deuses das nossas próprias células: elas possuem vida autônoma, e delas não temos consciência. Onde estávamos nós quando os sintomas do câncer, e de rebeliões intestinas se manifestavam em nossos organismos? Cuidávamos de nossa própria vida...
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