quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A ELEIÇÃO ACABOU



Não é apenas pelas pesquisas que se constata o fim desse processo, a um só tempo trágico e deprimente. O resultado final está posto para quem quiser ver: o PT permanecerá no poder pelos próximos quatro anos, potencializado pelas violências verbais de ambas as partes. Quem perdeu foi a Nação, humilhada por uma campanha torpe e vil. Não há vitoriosos, apenas vítimas e dominadores.

Vejo esse momento como um hiato, aquela calmaria antes da tempestade. Momento triste de nossa cultura e de nosso povo, em que as poucas conquistas cedem lugar ao marasmo das tardes tórridas de um deserto intransponível. Permaneceremos aqui por longos anos, observando as possibilidades perdidas, os sonhos interrompidos, as memórias apagadas.

O que fazer desses dias intermináveis? Como reconstruir um futuro que já não está mais no horizonte? É como se chegássemos na estação um minuto depois do trem partir. Sentamo-nos em um banco, defronte à linha do trem e olhamos para trás. Nada há para ser feito. O próximo trem só virá daqui a quatro anos e talvez eu já não esteja mais aqui.

Como voltar para casa? Como retomar a vida, fingindo que não fomos os culpados dessa situação? Não há nada mais a fazer. Apenas esperar que o tempo passe, que a vida acabe, que a morte nos leve, que os erros ensinem o que não soubemos transmitir.

Então, diante de nosso espelho, confessamos nossa culpa: as palavras não têm o poder de mover montanhas, como a Bíblia diz. O tempo segue seu curso, independente de nossa vontade. O mundo segue seu destino, arrastando consigo as civilizações.

E a morte nos transporta para o vazio, para o esquecimento, para a solidão da terra e para a dissolução da matéria. E nada podemos fazer para mudar a fatalidade. Fica a frustração e o sentimento de impotência perante o Universo: nada somos, nada fizemos de relevante, nada levaremos desta vida.

Boa noite!

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