DILMA, no entanto, somente filiou-se ao PT no início de 2.000, depois de deixar o PDT e antes da eleição de Lula; posteriormente, já como Ministra-Chefe da Casa Civil, conquistou a simpatia de Lula, principalmente pelos chamados "projetos do PAC", um amontoado de ações coligidas de pedidos de parlamentares e forças políticas regionais, mas sem justificativa econômica ou coerência técnica. DILMA se tornou a "sargenta" e "comandanta" das ações e sedimentou, até por falta de nomes melhores, sua candidatura a "presidenta" da república. Com apoio de LULA e também pela incompetência política dos partidos de oposição, neutralizados pelo maciço apoio popular ao PT, Dilma se elegeu "presidenta"!
Bem, esses são os fatos que todos conhecem, e é sobre eles que desenvolverei minhas análises da atual conjuntura nacional. Desde a formação de seu ministério Dilma demonstrou sua aptidão pelo poder absolutista, totalitário, avesso ao diálogo e antagônico à ideologia que alardeava professar. Suas decisões sempre foram pessoais e não condiziam com o ideário do Partido dos Trabalhadores, o PT que a levou ao poder. Pior do que LULA, DILMA se apoiou definitivamente nas forças reacionárias do poder econômico, tais como ruralistas latifundiários, madeireiras, mineradoras, banqueiros e empresários atrelados às tetas do governo. Abandonou de vez a postura dúbia e "diplomática" (em sua mais perversa acepção) de Lula, demonstrando desde os primeiros atos de governo sua afinidade com os traços do tirano que se ocultava na figura histórica da "guerrilheira" torturada pela ditadura militar.
DILMA não era um caso isolado: Serra foi membro ativo da UNE e se bandeou para a direita, assim como seu mestre FHC; Zé Dirceu comandou a "meleca" política do "Mensalão" e chafurdou na lama, junto com o outro "guerrilheiro" Genoíno, demonstrando todos que os traços totalitários já estavam presentes na esquerda brasileira desde os períodos ditatoriais. Mas Dilma levou ao seu ministério um bando de mulheres, apenas para demonstrar que seu governo era "diferente" (e não faço aqui juízo de valores sobre a competência ou não dessas ministras; o fato é que elas foram escolhidas, principalmente, por serem mulheres, o que caracteriza o preconceito de uma postura "machista" ao inverso).
O que se presencia agora é o ápice desse processo de poder solitário dos ditadores, evidenciado pela prepotência de Dilma em não negociar com os servidores grevistas, levando às últimas consequências a postura arrogante e irresponsável da ausência de diálogo! Também não julgo o mérito dessas greves, cada uma com suas conotações políticas e interesses diferenciados, mas todas movidas pela enorme insatisfação dos trabalhadores com a falta de comunicação entre governantes e governados, estereótipo dos ditadores.
As eleições se aproximam e, é claro, haverá reflexos nos seus resultados por toda essa insensibilidade política, não só da Dilma mas de todos os seus "escolhidos". Essa é uma eleição emblemática em que se associam as razões que já mencionei ao fato inexorável do apodrecimento dos políticos nacionais. Parafraseando LULA, "nunca antes, na história desse país" houve tamanha corrupção de costumes e safadeza política nos três poderes! Se o povo saberá responder a essa provocação, é outra questão, pois a ignorância do eleitorado não nos permite grandes expectativas; no entanto, o processo eleitoral será definitivamente marcado pelo desinteresse e pelas péssimas escolhas, talvez piores do que sempre foram.
Vale destacar as obras do PAC como exemplo do desprezo de Dilma pelo seu POVO: grandes obras de Hidrelétricas na Amazônia, particularmente a de Belo Monte, conflitam com as intenções declaradas internacionalmente de se preservar a Natureza e respeitar os Povos Indígenas, assim como a hipocrisia do processo de revisão do Código Florestal Brasileiro, que servirá apenas aos latifundiários, isentando-os da maior parcela das multas e do ressarcimento pelos crimes ambientais cometidos nos últimos 50 anos!
O despreparo político dos brasileiros demonstra outro processo, tão perverso quanto o que já relatamos aqui: desde o fim da ditadura nada se fez, seja no sistema educacional, seja na estrutura política vigente para se criar novos líderes, efetivamente comprometidos com a ÉTICA e a DECÊNCIA no trato da "coisa pública" (a "res publica", como gosta de referenciar o "Estadão"). Resultado disso é a predominância dos poderosos nas câmaras representativas do Estado Brasileiro: ruralistas latifundiários, evangélicos pentecostais, mineradoras, madeireiros, representantes lobistas de indústrias não comprometidas com a justiça social e a preservação ambiental; e também outra escória da sociedade, os "palhaços tiriricas", irreverentes, que apenas fazem as vezes dos interesses escusos, e se vendem por menos de trinta moedas!
Quem acredita ainda em um Brasil digno, honesto e decente? Deixo aqui a epistolar frase de Ruy Barbosa, em resposta, como um epitáfio de nosso poder decadente:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
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