Mãe Natureza, esquecida dos homens de má-fé, que querem transformar as florestas em pastos para o gado e fonte de riqueza maldita para nossos descendentes... mãe árvore, mãe dágua, mãe ancestral e bela... o que faremos dessas belezas que herdamos e que não têm o menor valor para esses seres desgraçados? Árvores seculares, testemunhas da nossa história, decapitadas, desfiguradas, desmembradas como lenha, jogadas na fornalha sem o menor respeito por seres que não merecem o título de "Homens"... árvores nascidas das sementes germinadas na Mãe Terra, como as crianças geradas no ventre das mães dos homens e que agora são apenas tábuas, carvão, serragem imprestável!
Mães Yanomami que, na sua simplicidade e pureza se expõem aos olhares maliciosos dos homens ditos "civilizados", que não percebem a beleza sofrida em seus olhos... mães que levam suas crianças em seu colo precioso, expressando a beleza perdida pelos homens, que apenas traduzem as mães em um mero dia para o consumismo desenfreado e inútil nas agendas do comércio voraz, louco pelo lucro fácil das promoções, "vendendo" homenagens que deveriam ser simples como o carinho que a elas, mães, devemos, não um só dia de 365 dias do ano, mas todos os minutos de nossa plena existência... mães que cuidam de seus homens nas aldeias, trazendo os produtos de sua subsistência e transformando-os em alimentos para seu povo humilde e esquecido nas matas amazônicas, essas mesmas matas que os ambiciosos fazendeiros querem derrubar para fazer crescer e alimentar seu gado insaciável e desnecessário...
Mães selvagens, rudes em sua busca pelos alimentos e sobrevivência, mas delicadas e gentis para com seus rebentos, tolerantes às suas travessuras, como as de qualquer criança, complacente com seus inocentes folguedos, esquecidas das lutas ainda não travadas, dia após dia, para assegurar que seus filhotes consigam superar a rudeza da selva e chegar à idade adulta, fortes e determinados como suas incansáveis mães... mães que escondem seus filhotes dos leões que derrotaram o antigo líder do seu bando e que agora querem devorá-los, apenas assegurar que sua descendência leve a marca genômica dos filhotes paridos de sua leoa...
Pois somos assim, ingratos e cruéis, não apenas com as mães de nossos filhos e com as nossas próprias mães, mas também com tudo que recebemos de herança dessa imensa moradia, que é o nosso planeta... deixamos um rastro de destruição atrás do caminho que trilhamos, e pensamos que nada disso será considerado pelo futuro que nos aguarda. Mas em nosso encalço virá a vingança de outra mãe, não tão misericordiosa assim, e que nos devolverá a maldade em fome, miséria, sede e desolação, um oceano de areia, sem vida, sem recursos naturais, consumidos que foram pelos homens de má vontade que devastaram tudo ao seu redor, apenas para homenagear outra mãe: a moeda, o dinheiro que não saciará nossas necessidades, e se transformará em lixo inútil...
O que faremos com isso depois que todas as florestas e rios tiverem sido destruídos pelos ambiciosos seres que só enxergam a ponta de seus próprios narizes e só têm sentimento em seus bolsos e contas bancárias abastadas? O que restará ao mundo quando apenas um imenso deserto restar aos nossos olhos para contemplar? De que valerá todo ouro que esses poucos poderosos amealharam ao longo de suas vidas inúteis e desgraçadas? Quem são as mães desses miseráveis? Pobres mães, que não souberam cultivar essas sementes podres...
Deixo, portanto, essa minha homenagem pouco amável, mas sincera, como um alerta severo e rude, como será rude o nosso destino, semeado pela ambição inesgotável desses mesquinhos inimigos da Vida, da Natureza, das Belezas da nossa querida Terra... mas, para não terminar de modo tão cruel, deixo essas imagens belas e destemidas de nossa mãe África!
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