quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O serviço público e a imoralidade

Trabalhei 35 anos em empresas privadas. Foram anos de luta e muita dedicação para encontrar meu espaço no competitivo mercado do Capital. Sempre achei que as empresas tinham um elevado grau de incompetência e ociosidade, causados pelo despreparo da maioria dos profissionais. São poucas as pessoas competentes e que fazem a diferença.

No entanto, o serviço público leva essa incompetência ao nível extremo! E para agravar ainda mais a situação, uma parcela muito expressiva de servidores públicos não tem nenhum compromisso com a Ética, a Moralidade, a Dignidade e a Justiça! É uma relação doentia, egoísta e indecente, que sempre alimentou os noticiários da imprensa nacional, mas que relutamos a aceitar como um comportamento doentio e predominante. Infelizmente, é verdade.

Estou enojado, decepcionado e arrependido de ter prestado um concurso público e ter assumido um cargo executivo em uma organização pública. Não vejo possibilidade de reversão desse processo nefasto e indecente que predomina nas relações sociais dentro das organizações governamentais. É um câncer que se alastra pelo tecido orgânico da administração pública! Um câncer que, não sendo terminal, mantém esse organismo vivo, sugando a seiva da Nação, promovendo o desperdício dos recursos públicos e humilhando a população que, com extremo esforço, doa parcela expressiva de seus salários para manter essa máquina emperrada em funcionamento.

Não tenho orgulho de meu trabalho porque sei que a maioria dos servidores não é digna do respeito da Nação Brasileira. Em meus sessenta anos nunca experimentei essa sensação de impotência e inutilidade; de que todo trabalho é inútil e todo esforço um desperdício. Jamais convivi com pessoas tão mesquinhas e desprovidas de qualquer sentimento patriótico!

Quanto tempo suportarei essa situação? Não sei... meu instinto me compele a abandonar esse trabalho indigno, mas meu compromisso com a Ética e a Decência me obriga a perseverar. Sinto que essa permanência me consome internamente, mas ainda tenho uma tênue esperança de superar essa força do mal que contamina o Poder. Devo estar errado.

Não há, racionalmente, nenhuma possibilidade de vencer a podridão do poder público. Sou um ser em extinção, remando contra a correnteza, enquanto passam por mim as embarcações dos corruptos e dos comprometidos com suas próprias causas e interesses mesquinhos.

Que pena... este jogo eu já perdi...

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