Decisão do Ibama autoriza desmatamento de 238 hectares para construção de canteiro de obras da usina de Belo MonteEm mais uma trapalhada governamental, o Ibama concedeu ontem a licença de instalação parcial para o início do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. O órgão, que deveria proteger o meio ambiente, jogou contra a natureza e a favor da usina ao autorizar o desmatamento de 238 hectares necessários para a montagem dos canteiros de obra e dos acampamentos nas localidades de Belo Monte e Pimental.
O amplo parque hidrelétrico brasileiro contribui para que o país tenha uma “poupança de água”, ou seja, um reservatório de energia controlável. Não é o caso de Belo Monte. Segundo o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, a previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil.
De acordo com o relatório Revolução Energética, lançado ano passado pelo Greenpeace, o que garantirá a segurança energética no país é o complemento da energia hidrelétrica com outras gerações, como a biomassa e a eólica, que têm capacidade de garantir fornecimento ao logo do ano, independente das chuvas. “Não precisamos de Belo Monte. Ela causará mais impacto ambiental do que benefícios”, diz Baitelo.
Além das questões técnicas e do prejuízo social e ambiental que a obra causará, o documento emitido pelo Ibama, chamado "licença de instalação específica", não é reconhecido pelo Ministério Público Federal (MPF) como válido dentro do direito ambiental brasileiro, o que significa que ele pode ser questionado a qualquer momento na Justiça.
Contra a decisão do órgão ambiental, várias ONGs, entre elas o Greenpeace, aderiram ao abaixo-assinado produzido pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre contra a obra.
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