Herton Escobar - O Estado de S.Paulo
Marina Silva não passou para o segundo turno das eleições presidenciais, mas conseguiu fazer aquilo que muitos esperavam de sua candidatura: inscrever a sustentabilidade na agenda política nacional.
Nacho Doce/Reuters-15/10/2010
Pioneira. Com a força de seus 20 milhões de votos, Marina Silva acha que o tema ambiental deverá ser discutido com mais frequência a partir de agora
Pressionados pelos 20 milhões de votos obtidos pela candidata do Partido Verde (PV) no primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não podem mais se dar ao luxo de ignorar questões ambientais consideradas prioritárias pelo eleitorado "marineiro", como o combate ao desmatamento e a proteção ao Código Florestal.
O Estado enviou aos dois candidatos uma série de perguntas relacionadas a alguns do principais debates ambientais do Brasil. Todas elas, também, abordadas na lista de 42 compromissos essenciais apresentada pelo PV como base para definição de um eventual apoio do partido a uma - ou nenhuma - das candidaturas. A decisão será votada hoje em assembleia do partido.
Um dos temas considerados mais críticos é a reforma do Código Florestal, que estipula regras e limites para a ocupação de áreas de vegetação nativa. Em resposta ao Estado, ambos se disseram contrários à anistia a desmatadores, prevista no relatório de Aldo Rebelo (PC do B), aprovado por uma Comissão Especial da Câmara em julho.
A assessoria da campanha tucana afirmou que Serra considera a anistia "inaceitável". "Mas também não se pode imaginar que áreas de agricultura consolidadas há décadas tenham que ser abandonadas, pois isso vai afetar a produção e o emprego rural", completou. Serra se coloca contra a redução das áreas de preservação obrigatória previstas no código. Propõe o pagamento por serviços ambientais.
O candidato se compromete a resolver o impasse no primeiro semestre de seu governo. "Ambos os lados, ambientalistas e ruralistas, precisam compor uma posição de consenso que equacione os principais problemas dessa agenda no campo", disse.
"Sou a favor do veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação. Sou favorável ao veto à anistia para desmatadores", afirmou Dilma.
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