quinta-feira, 15 de março de 2012

Dilma resistirá às pressões?

Agora que começo a gostar da postura de Dilma, acho que ela mexeu em vespeiro com vara curta, como se diz no interior. Espero, sinceramente, que ela perceba quais são as maçãs podres e quais são aquelas que vale a pena comer nesse grande circo da política brasileira. Os palhaços que sempre estão em cena talvez ganhem a batalha e forcem a presidente a ceder e retornar aos trilhos, recolocando a escória de nossa política nos cargos federais. Isso será lastimável!...

Eu já disse isso quando de sua eleição em 2010 e repito agora: se ela tiver coragem e afrontar os caciques dos grandes partidos políticos, talvez consiga vencer a barreira quase intransponível da corrupção e da safadeza em sua base de governo. Mas para isso ela precisaria mostrar publicamente as armações que acontecem todos os dias, o tempo todo na corte palaciana. E isso já é difícil...

Sinceramente, não creio na presidente Dilma, pois seu caminho político não é o que eu preconizo, e que passa longe demais do caráter desenvolvimentista de sua política econômica. No entanto, percebo que ela tem se demonstrado coerente e está tentando mudar a feição de sua equipe de governo. Os medíocres ministros conduzidos à Esplanada no início de seu governo, a maioria para satisfazer as alianças espúrias feitas para assegurar sua eleição, agora são substituídos por novas caras, nem todas assim tão notórias da política do "toma-lá-dá-cá". Mas isto não basta!

Para que Dilma conquiste a Nação e mereça o respeito do Povo Brasileiro será necessário muito mais - terá, acima de tudo, que derrotar as forças retrógradas e reacionárias do poder legislativo e colocar nos cargos de primeiro escalão pessoas dignas e isentas da lama que cobre as canelas (e os cotovelos) dos políticos tradicionais, principalmente da famigerada bancada ruralista!

Será um caminho árduo, pois em um primeiro momento terá enormes dificuldades de conduzir as votações no Congresso Nacional. No entanto, não existe melhor momento político do que este, um ano eleitoral em que todos esses promíscuos políticos buscam eleger seus apadrinhados para manter a máquina da corrupção azeitada para mais um perído de quatro anos de safadezas e corrupção. Tirado o respaldo popular, caso ela enfrente a máfia, esses mesmos elementos se voltarão para o Planalto para tentar salvar seus dedos, já que os anéis se foram no embate desleal por cargos, favorecimentos pessoais e "pagamento" de dívidas entre "correligionários"!

O problema se agrava quando percebemos que a própria população está fatalmente contaminada por essa sujeira que grassa em todas as esferas do poder, uma vez que não demonstra reações de revolta e indignação, e não existem mais baluartes a serem defendidos em nome da ética, da decência, da dignidade e da honestidade! Quem se salva nessa canoa furada da política brasileira?

Só mesmo o futuro dirá... mas para isso é preciso mudar, lembrando o velho refrão desse verdadeiro hino das oposições à ditadura ("Prá não dizer que não falei das flores..."), que mexeu profundamente com minha geração e nos fez corajosos e idealistas: "Vem, vamos embora, que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"! (Salve, Vandré!)

Dilma, lembre-se de seus tempos de guerrilheira e cumpra seu papel de principal mandatária desta Nação cansada de tantas falcatruas, hipocrisia, mentiras e falta de vergonha na cara! Se você, presidente, perseverar e enfrentar esse poder corrupto e degenerado, poderá até perder a batalha, como perdemos na década de 70, mas terá revitalizado nossas crenças e nosso idealismo! E é disso que precisa a Gente Brasileira para poder ter referências de mérito para nossos descendentes! A Senda do Bem é longa, árdua e perigosa: somente poucos eleitos podem trilhá-la, mostrando o caminho para os que vêm depois... sem essa entrega da alma, não haverá futuro para a Nação!

2 comentários:

Cozac disse...

Amigo João, sempre aprendo lendo o que você escreve. Mas gostaria de deixar registrada também a minha opinião...
A presidente Dilma não tinha a minha simpatia. Na época das eleições, torci para que ele perdesse.
Mas quero dar o braço a torcer, pois tenho me surpreendido.
Sei que falta muito e sei que não posso alimentar nenhuma esperança de que todas as coisas serão resolvidas. Talvez tudo até fique como está, pois as fôrças políticas contrárias são muito fortes. Entretanto, se formos fazer um balanço geral, concordo com você no sentido de que ela pode despertar em nós um renascimento de esperança, pois é o que tenho sentido.
Quanto ao Vandré, infelizmente ele se foi. Apesar de vivo, vejo que roubaram-lhe a alma.
Grande abraço !

Luciano Cozac.

João Carlos Figueiredo disse...

Cozac, prazer em receber seus comentários! Eu também não votei nem votaria em Dilma. Até acho que ela surpreende em alguns momentos e atitudes que demonstram que ela quer mostrar seu estilo de governar, mais como uma gerente de programas do que como estadista ou simplesmente presidente. Eu teria votado na Marina Silva, minha candidata, não fosse estar tão longe de minha terra. Creio que o mundo precisa de uma reviravolta em seus conceitos, seja de administração, seja de economia ou mesmo com relação às questões sociais. Mas não tenho muitas esperanças, pois o que vemos é só corrupção, oportunismo e safadezas, que demonstram que a humanidade evolui tecnológica e cientificamente, mas perde seus melhores valores éticos, se já os teve um dia... No entanto, nossa missão é perseverar e tentar ser coerente, pois de qualquer maneira o tempo passa e nossa vida também. E é por isso que escrevo, mesmo sabendo que poucos compartilham minhas opiniões. Na verdade, isso pouco importa, não é mesmo? Somos ilhas que se cruzam no oceano da vida, sem nunca se tocarem. De qualquer forma, obrigado pelos seus comentários! São muito importantes para mim. Grande abraço!