sábado, 23 de março de 2013

Tecnologia em tempos modernos


Alvin Tofler, autor de "The Third Wave", mencianava em seus escritos a importância da tecnologia nos tempos atuais, e dizia: 
”Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender."
”A pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada."
”O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os outros."
”Mudança é o processo no qual o futuro invade nossas vidas."
”Antes morrer pela toxina da informação do que ser enterrado pela ignorância como indigente."
Certamente, suas afirmações eram por demais entusiásticas da tecnologia, mas o fato é que o mundo se transformou completamente depois da Segunda Guerra Mundial em decorrência das invenções exigidas pelos países em conflito, especialmente os alemães de Hitler, os americanos de Roosevelt e os russos de Stalin.
Todas as inovações tecnológicas tiveram sua origem neste conturbado período de nossa História, por mais lamentável que tenham sido os crimes perpetrados pelos países em conflito: a corrida espacial, decorrência do desenvolvimento dos foguetes V2; o computador, consequência dos trabalhos de codificação de mensagens; a indústria automobilística e os motores, em função dos veículos motorizados pela guerra; equipamentos ópticos, construídos a partir das miras telescópicas e das lunetas terrestres; os radares, desenvolvidos para perscrutar os movimentos dos inimigos; e a aviação, resultado dos poderosos Spitfire, Zero, Mustang, Messerschmidt, e fortalezas voadoras B24.
Os anos que se seguiram à guerra foram de reconstrução da Europa e do Japão, e permitiram que os Estados Unidos se tornassem a maior potência tecnológica do mundo, graças à preservação de seu território, fora das zonas de combate. Mas o que os levou para o cume das realizações científico-tecnológicas foi a construção das bombas atômicas.
Os cientistas alemães foram retirados de sua pátria para servir aos aliados, principalmente os Estados Unidos e a União Soviética, e todo o programa espacial e nuclear desses países devem seus êxitos a Werner Von Braun, Albert Einstein e suas equipes de pesquisadores.
O que veio depois foi consequência do acelerado desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e político que aconteceu a partir dos anos 1950. O aspecto político geralmente é menosprezado, mas se não houvesse a dicotomia capitalismo-comunismo, não teria havido a corrida nuclear, a corrida espacial e a corrida pelo desenvolvimento tecnológico.
Se a tecnologia é a marca registrada de nossa sociedade contemporânea, é também seu algoz, na medida em que, com a "débacle" socialista, tornou o mundo hegemônico e dominado aapenas pela nação americana, que ditou o ritmo e o rumo de todas as guerras regionais do século XX e do início do século XXI: Vietnam, Coréia, Bósnia, Iraque, Afeganistão...
A presença americana no contexto da geopolítica atual é tão predominante que nenhuma nação conseguiu imprimir sua marca no mundo até o início deste século. Somente com o fim do comunismo soviético é que a China se destacou no desenvolvimento econômico, saindo de uma situação de satélite da URSS para um dos líderes mais dinâmicos da economia mundial.
Porém, como tudo tem seu preço, com a redução dos conflitos mundiais, a indústria bélica perdeu sua importância e entrou em declínio, pois já não havia inimigos de porte a serem combatidos, exceto aqueles que se travestiram em terroristas sem patria. Por isso, as guerras regionais mencionadas tiveram, atrás de si, os interesses obscuros da indústria bélica norte-americana.
Foram inúmeros os paradigmas quebrados neste século de existência, e o mundo se transformou em um gigantesco mercado de consumo acelerado. Novas tecnologias nasceram para combater suas próprias marcas, na ânsia de conquistar novos consumidores, e as barreiras ideológicas já não fazem oposição à origem dessa tecnologia multinacional.
Por sua vez, a vida útil dos artefatos tecnológicos sofreu tamanho encurtamento que já não faz sentido a busca pela qualidade enquanto sinônimo de longevidade. O que é valor hoje é o baixo custo e a gigantesca economia de escala dos novos produtos lançados ao mercado.
Exemplo disso são os equipamentos celulares, que são até oferecidos de graça para quem adquire uma linha telefônica de alto nível de tráfego. Da mesma forma, os componentes eletrônicos de computadores, de automóveis e de utilidades domésticas passaram a se comportar como as commodities: baixo valor unitário e altíssimo consumo.
Mas outro custo veio agregado à tecnologia: seu uso tornou as pessoas dependentes de recursos que nunca existiram, e o tempo de cada indivíduo se reduziu em função disso. Hoje, parcela dominante do tempo das pessoas é consumida pela tecnologia dos computadores, das redes sociais, da televisão cada vez mais interativa e do volume avassalador de informações despejadas sobre cada um de nós.
Já não há mais tempo para a reflexão, análise e construção do conhecimento individual, e todos os seres de uma sociedade se assemelham nas ideias que proclamam como suas, mas que lhes foram impingidas pelos meios de comunicação. Se os jornais e as revistas perderam espaço para a tela do computador e os sites cada vez mais atraentes, seu conteúdo é disseminado como um vírus pela Internet, sem que cada um de seus vetores tenham tempo para refletir a respeito de sua veracidade ou coerência.
O futuro ainda é incerto, principalmente porque o excesso de consumismo e o crescimento desordenado e descontrolado da população mundial esgotam rapidamente os recursos naturais, e um colapso de proporções gigantescas se mostra cada vez mais factível e irreversível.
Terá, a tecnologia, tempo e criatividade suficiente para reverter essa situação? Apenas o futuro nos dará a resposta...

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