Agora, às vésperas do segundo turno, Haddad mantém expressiva vantagem de 16 pontos percentuais sobre seu oponente. Essa situação evidencia o poder de influência do ex-presidente Lula que, contra todas as expectativas, ofereceu o nome de Haddad para enfrentar o PSDB de Serra, o PRB de Russomano e o PMDB de Chalitta, que iniciaram a campanha com grande vantagem sobre o PT. Russomano, até às vésperas do 1º turno era apontado como provável oponente de Serra no 2º turno. Essas mudanças de preferências eleitorais têm duas explicações: a primeira demonstra a fragilidade desse processo de análise e interpretação das intenções de voto do eleitorado, e descredenciam as metodologias estatísticas de previsão de resultados; a segunda explicação está mais ligada ao desinteresse e despreparo do eleitorado com relação à escolha de seus governantes.
O que deveria ser fator de manipulação política do eleitorado, mostrou-se uma arma apontada para todo o sistema político brasileiro, uma vez que já não se distinguem bons e maus partidos políticos, todos envolvidos nas mesmas práticas oportunistas, manifestadas pelas barganhas de cargos e vantagens em troca de apoio em todos os níveis do poder legislativo e executivo. O PT, que era considerado um partido ÉTICO, perdeu sua aura de honestidade ao envolver-se no maior escândalo da História da República e ao recusar-se à autocrítica esperada pelos brasileiros. Ocorre que, na fila de espera das pautas do Supremo Tribunal Federal estão o PSDB, com o "Mensalão Mineiro", e o DEM com o "Mensalão de Brasília".
Durante todos os anos de espera pelo julgamento do STF todos apontavam para mais uma "PIZZA" a ser servida pelo STF, isentando de culpa os medalhões do PT. Porém, graças à decisiva e inteligente estratégia do relator Joaquim Barbosa, os réus foram sendo condenados, um a um, nos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes financeiros, etc. E agora, exatamente neste momento, o STF julga o último crime, de formação de quadrilhas, justo no momento em que alguns ministros do STF tiram suas máscaras e passam a inocentar todos os acusados. Lewandowski, Tófoli, Rosa Weber e Carmen Lúcia exibem sua verdadeira face aos brasileiros!
Seja como for, essa reviravolta final nos resultados do julgamento terá efeito muito mais devastador para o PT do que a esperada condenação dos réus. Sentindo-se traídos pelos seus magistrados, provavelmente os eleitores de São Paulo se rebelarão contra a pantomima agora evidenciada, e tenderão a mudar seus votos, revertendo as expectativas das pesquisas de última hora. Se isso será suficiente para assegurar a vitória do PSDB ainda não se pode afirmar; mas certamente será a comprovação de que nosso modelo de "democracia" está falido, fracassado e comprometido com as piores práticas!
Não são apenas dois poderes que se ofereceram para encenar essa farsa, mas os três poderes! E isso não é surpreendente, uma vez que quase todos os ministros do STF foram nomeados pelo ex-presidente Lula e agora por Dilma Rousseff, que ainda tem uma carta nas mangas, que poderá ser utilizada caso alguma coisa ainda "saia do controle": será a posse do novo ministro Teori Zavascki antes da deliberação final de desempate e da atribuição das penas aos réus condenados. Ou seja, ninguém irá para a cadeia ou, se for, será beneficiado, como réu primário, a penas alternativas; na pior das hipóteses, uma condenação branda e uma reclusão doméstica!
Ficará apenas a imagem de um guerreiro que não se deixou abater, e desmascarou aqueles que tentavam manter a imagem de homens probos e dignos enquanto, em seus votos, demonstravam a traição à Nação e ao povo brasileiro. Joaquim Barbosa merece nossa admiração e respeito, tanto pela sua postura ética e firme, como pelos esforços em se manter ativo, mesmo diante de seu estado de saúde precário, expressando, horas a fio, seu trabalho magnífico de ordenar as denúncias e apresentar suas sentenças!
As "Eleições do Mensalão" poderiam ter se tornado um marco a estabelecer um recomeço de nossa Democracia e o reencontro com o Estado de Direito, sepultando definitivamente a mentira e resgatando a honra a que se referia Ruy Barbosa em sua frase mais emblemática:
As "Eleições do Mensalão" poderiam ter se tornado um marco a estabelecer um recomeço de nossa Democracia e o reencontro com o Estado de Direito, sepultando definitivamente a mentira e resgatando a honra a que se referia Ruy Barbosa em sua frase mais emblemática:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
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