quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Ocaso das Esquerdas e do PT

O Partido dos Trabalhadores (PT) é um partido político brasileiro, fundado em 1980, e integra um dos maiores e mais importantes movimentos de esquerda da América Latina. No início de 2015, o partido contava com 1,59 milhões de filiados, sendo o segundo maior partido político do Brasil, depois do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com 2,35 milhões de filiados. É o maior partido na Câmara dos Deputados. [fonte: Wikipedia]
Quando surgiu, em 1980, o PT representava a Mudança de Paradigma pela qual toda juventude socialista brasileira se mobilizava, tanto sob o ponto de vista ideológico, como político e ético. Estávamos em plena ditadura militar, já em processo de dissolução, abalada pelos próprios métodos de combate aos movimentos de esquerda, sobreviventes da forte repressão política dos anos 1964-1985, denominados "Anos de Chumbo" devido às torturas e assassinatos promovidos pelas forças militares, que acreditavam ser donas de toda verdade que existia nesse mundo, dentro e fora das casernas.
Muitas foram as lutas e os debates que cercaram a formação desse partido emergente, ora sem uma ideologia declarada, ora de extrema esquerda, o que se evidenciou, com o tempo, nas diferentes correntes ideológicas que se formaram em seu interior, caracterizando a "democracia" do partido em todas as suas fases posteriores. Na verdade, o PT nunca participou da luta armada contra a ditadura militar, e nem mesmo Lula teve uma posição ideológica definida durante sua vida política como líder sindical. Poderíamos dizer que a ideologia se infiltrou no PT para ganhar as eleições.
A esquerda brasileira se desintegrou ao longo desse processo, formando diversos partidos políticos, como o PCB de Luiz Carlos Prestes, o PCdoB de João Amazonas, o PSTU, o PCO e o PSOL. Outros se alinharam ao modelo europeu da Social Democracia, porém sem que a ideologia socialista fosse determinante em sua ação político-partidária, como é o caso do PSB, do PDT, do PPS e do PSDB, cujas lideranças surgiram à esquerda, mas migraram para o centro ao longo de sua história.
O Brasil nunca foi socialista, nem mesmo durante o auge dos governos petistas recentes. Isso se deve ao fato de a consciência político-ideológica do povo brasileiro ser fraca e desprovida de fundamentos teóricos. O apoio conquistado pelo PT no primeiro governo Lula foi decorrente de sua característica populista, sua linguagem simplória e os programas assistencialistas consolidados em sua primeira gestão de 2003-2006, o que lhe rendeu projeção mundial.
Ocorre que esses programas de "distribuição de renda" não modificaram o status da população miserável do país, pois não eram estruturantes e não permitiram a ascensão dessas pessoas "beneficiadas" para classes sociais auto-sustentáveis e estabilizadas como mão de obra produtiva. Eram apenas "bolsas de misericórdia", na medida em que distribuíam "benefícios" em troca de coisa nenhuma, nem mesmo a obrigatoriedade de capacitação para o trabalho.
Ao final de seu segundo mandato, no entanto, Lula, entusiasmado com a fama adquirida no Brasil e no mundo, acreditou ter se tornado imbatível e insubstituível no cenário político nacional. Lançou dois candidatos sucessivos e conceitualmente "improváveis": Dilma, à presidência da república, e Haddad à prefeitura de São Paulo. Ambos venceram as eleições, não por mérito próprio, pois se tratavam de figuras desconhecidas e despreparadas para o poder, mas por terem surgido à sombra do "grande líder populista" que era Lula! Ambos cometeram os piores erros administrativos atuando no poder.
Dilma, porém, não aceitou viver na sombra de seu criador, e tentou formar imagem própria como dirigente máximo do país. No entanto, as "marolas" da grande crise econômica mundial logo se tornaram "tsunamis" nas praias brasileiras, inundando os porões da nossa Economia. Ao invés dos instrumentos tradicionais de proteção, embasados nos fundamentos econômicos, Dilma e seu ministro Mantega decidiram inovar, seguindo o "mestre" Lula, e acreditando que o consumo interno garantiria a indústria nacional. Para estimular a produção e o consumo interno, Dilma reduziu juros, concedeu subsídios, baixou tarifas e impostos, desorganizando definitivamente o equilíbrio fiscal e as contas públicas.
O resto da história é de domínio público. O que não se discute, no entanto, é onde estaria a ideologia marxista nessa história toda, pois ela não existe! As bases ideológicas dos governos petistas não estavam na estatização da Economia, na Infraestrutura ou na Superestrutura, conforme concebidos por Marx e Engels, mas sim no populismo fanático de seus seguidores, no aparelhamento do Estado através dos movimentos sindicais e de seu peleguismo histórico. Esse aparelhamento compreendeu o inchaço da máquina administrativa através de sucessivos concursos públicos e da contratação de mais de cem mil funcionários em cargos de confiança (DAS - Direção e Assessoramento Superior), desprezando os servidores concursados, que não tiveram acesso a cargos de chefia.
O custo da máquina pública cresceu exponencialmente, enquanto a arrecadação de impostos despencava e a indústria desabava pela competição desigual com produtos importados. O Brasil entrava em processo de entropia, não por incapacidade da iniciativa privada, mas por incompetência do Estado em gerir as contas públicas e em estimular a Economia. Os seis anos seguintes de Dilma no poder foram catastróficos. Se tudo isso não bastasse, a imagem do PT como partido "Ético" se desfazia nos escândalos da corrupção. Inicialmente, o Mensalão expôs as entranhas de um partido que se sustentava nas propinas extorquidas de empresários igualmente corruptos. Depois, muito mais avassalador, veio o Petrolão e seus desdobramentos em quase todas as obras públicas de vulto em construção no pais, como as Usinas Hidrelétricas, as Refinarias de Petróleo, a Transposição do Rio São Francisco, tudo isso em meio à maior crise do petróleo em escala mundial, que levou a Petrobras à bancarrota e à humilhação internacional.
As eleições de 2014 se mostraram a maior farsa eleitoral de nossa história, colocando antigas práticas eleitoreiras em nível infantil se comparadas aos absurdos da manipulação da consciência coletiva perpetrados pelo PT e seus aliados. Na verdade, por trás de um falso idealismo, havia um poderoso esquema de corrupção e enriquecimento ilícito de todas as lideranças políticas e empresariais do Brasil, centradas no PT, no PP e no PMDB, mas irradiando-se pelas demais legendas.
Hoje, podemos afirmar que nenhum político pode ser considerado "inocente" nesse escândalo que ainda está em processo de levantamento da extensão dos danos que causou ao país. Ninguém se atreve a especular, sequer, onde terminará a "Operação Lava Jato", pelo simples fato de nem mesmo a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal saberem onde vai dar esse poço de lama e podridão! E onde está a IDEOLOGIA? Por que, então, esses partidos ditos de ESQUERDA, capitaneados pelo PT e pelo PCdoB, afirmam ser GOLPE o IMPEACHMENT que se anuncia, inevitavelmente?
Muito além da ideologia, o que move esses marionetes da política nacional é a necessidade de sobrevivência e a tentativa de barrar as investigações antes que seja tarde demais. Esse é o VERDADEIRO GOLPE que está sendo praticado contra as instituições brasileiras! Até porque não faz sentido se falar mais em IDEOLOGIA nos tempos modernos. O conceito anacrônico de ESQUERDA e DIREITA não cabe mais no entendimento político-ideológico! O que seria, afinal, a esquerda? Com relação a que se poderia chamar "esquerda" ou "direita" a posição ideológica de cada parlamentar? Não estamos nas cortes do século XVIII, antes da Revolução Francesa! Não temos a Câmara dos Lordes e dos Comuns em nosso Parlamento!
A Humanidade precisa repensar suas ideologias para o momento atual, contemporâneo, sem os vícios e preconceitos dos Impérios, dos Burgos medievais, das Cortes Reais europeias! Estamos no Brasil, não temos as tradições imperiais nem vivemos o feudalismo, embora tenhamos herdado suas piores "habilidades"! É preciso reconstruir conceitos e estruturas de poder para que, daqui a vinte anos ou mais, uma nova Nação se recomponha dos escândalos da contemporaneidade...

A Formação do Ser Humano

O grande desafio da contemporaneidade talvez seja construir o ser humano em dias tão conturbados e desprovidos de parâmetros orientadores. Em passado não muito distante, valores, princípios e moral eram critérios adequados para se construir a personalidade de um indivíduo. Hoje, talvez, nem mesmo o sentido dessas palavras seja conhecido.
Educar é uma tarefa para poucos, mas em uma sociedade de sete bilhões de seres, não se pode pensar em individualismos. No entanto, não se constrói uma personalidade coletivamente. Cada pessoa é moldada por exemplos, oportunidades criadas e metodologia pedagógica. Talvez por isso o fracasso das novas gerações seja tão amplo e evidente. O mundo, tal como o vemos hoje, não seria um bom exemplo de sucesso coletivo para se espelhar pelas gerações futuras.
Mas o que digo? Que fracassamos? Que o mundo contemporâneo não é bom? Sim, exatamente isso. Os exemplos são fartos e abrangentes. Nunca o ser humano, vivendo em grupos, foi tão solitário. Conceitos de família perderam, de certo modo, o sentido, uma vez que os laços que aproximam as pessoas não são estabelecidos pelas necessidades de procriação e de formação de vínculos permanentes. Homens e mulheres interagem por sexo, não por amor.
Os recursos tecnológicos criaram barreiras quase intransponíveis entre pessoas, mesmo dentro de um núcleo "familiar". Os horários de aproximação já não fazem sentido, e o contato humano perdeu significado. Falamos e nos relacionamos por meio da tecnologia, e a afetividade derivou para outros "objetos" do mundo sensível, como animais de estimação. Isso, de certo modo, explica que o relacionamento entre "casais" se tornou sexual, sensorial, até mesmo "bestial".
Uma criança é coberta de atenções, como no passado. Mas seus interesses mudaram muito, assim como suas exigências. Não existe mais o afeto e o respeito entre adultos e crianças, que se tornaram símbolos de prepotência e dominação. Por isso, as crianças não aceitam mais a supremacia do adulto, e rejeitam sua autoridade. E isso ocorre no interior das "famílias", nas salas de aula e até mesmo no trabalho, tornando o processo de educar e formar muito mais complexo.
Os pais e as mães já não são mais a fonte do conhecimento, da sabedoria, da orientação pedagógica. Foram substituídos pelos meios de comunicação, sem censuras, e pelos recursos tecnológicos, que dominam o ambiente doméstico. Já nem se pode falar em "conflitos de geração", pois não se trata disso, pelo menos como o conhecíamos meio século atrás. Trata-se da "liberdade de aprender" sem o auxílio de um "mestre", de se educar em lugar de ser educado.
No entanto, essa liberdade extrema criou lacunas no aprendizado, pois a vontade de aprender já não motiva os jovens. Tudo está no "Oráculo tecnológico"! Não existem mais enciclopédias, os livros se tornaram obsoletos, a sabedoria dos adultos virou assunto sem importância, assim como os próprios idosos se tornaram incômodos dentro das famílias. A "educação", em seu sentido de respeito, desapareceu completamente, assim como a hierarquia.
O que virá depois disso ainda não se sabe, pois os próprios processos didático-pedagógicos estão sendo questionados pela sociedade, da mesma forma que os parâmetros curriculares. Uma espécie de estado anárquico tomou conta do processo educativo, restringindo o papel do professor, assim como a função dos pais se tornou questionável. Crianças de dois anos já afrontam a autoridade materna e paterna, exigindo que seus "direitos" sejam respeitados.
Ocorre que todas as sociedades humanas, animais, vegetais, são regidas por padrões de comportamento, por regras, por leis, por conformidades com aquilo que se padronizou chamar de "contrato social", os padrões tolerados por uma comunidade, seja ela qual for, para que os conflitos fossem solucionados de maneira pacífica e ordenada. Sem essas normas, não há convivência possível e, pior, não há desenvolvimento viável...
Para onde caminha a Humanidade? Qual será seu destino diante de tais transformações? A cada dia novas regras são abolidas em nome da "liberdade de expressão e de vivência". A cada dia se torna mais difícil a convivência entre pessoas, seja elas familiares, sejam vizinhanças, sejam no trabalho ou mesmo nas ruas. A violência urbana é fruto dessa "tolerância máxima", pois cada um pode se expressar como quer, sem risco de represálias.
A Formação do Ser Humano, assim como a dos animais e das plantas, obedece a um processo natural, lógico, racional, coerente, que deve seguir um curso onde a liberdade se concede aos poucos pelos que educam. Todas as sociedades que se permitiram a luxúria de conceder a liberdade plena antes que seus membros estivessem preparados, feneceram, pereceram, definharam, entraram em um processo de entropia, como as grandes civilizações do passado.
Educar não é dar a liberdade prematura para os jovens. Educar é soltar aos poucos as amarras até que cada um saiba suas próprias limitações e aprenda a sobreviver em um mundo complexo e em permanente ebulição. Quando essas amarras se soltam antes que o discípulo esteja preparado, ocorre o desastre, o acidente fatal, a desgraça. Por isso, educar não é tarefa para qualquer um, é para poucos. Por isso, também, a sociedade não é perfeita...
Rigor excessivo, assim como liberdade plena, não podem gerar bons frutos. O comedimento, a sabedoria de soltar os freios sem perder o controle da situação é o fator determinante do sucesso na educação dos seres humanos. A sabedoria da Natureza deveria ser nosso grande Mestre e instrutor. Lá, no mundo natural, estão todos os exemplos de que necessitamos para acertar sempre, de buscar o conhecimento e de responder às questões fundamentais...

sexta-feira, 6 de maio de 2016

POBRE DEMOCRACIA BRASILEIRA...

Ainda nem terminou o processo de impeachment da presidente Dilma, e já sabemos que a equipe de Michel Temer terá quase o mesmo número de ministérios e será composta do mesmo perfil de colaboradores que caracterizou os TREZE anos do PT no poder: políticos em postos técnicos, onde se exigiriam especialistas, em troca de apoio nas casas legislativas do Congresso Nacional...


Isso nos leva a pensar se nosso povo seria tão pobre em nomes dignos e competentes para exercer funções públicas, e se teria valido a pena a mobilização nacional em defesa da Democracia e da Ética nas atividades púbicas... o que estaríamos ganhando nessa troca traumática de governantes? Qual teria sido, realmente, o custo político e econômico desse processo de impeachment?

Para se ter nomes como Romero Jucá ou Leonardo Picciani como ministros, não se observa nenhum ganho que possa justificar tamanho esforço da Nação brasileira. Para manter 28 ministérios em lugar dos 33 de Dilma, não se compreende por que trocar de presidente. Para humilhar um partido político e fazer o mesmo que ele fazia no poder, não é possível entender o enorme sacrifício exigido do povo brasileiro.

Ainda é prematuro para julgar a competência (ou não) de Temer para a imensa tarefa a que ele se propõe, mas o começo já terá sido lastimável e desanimador... não foi para isso que nos mobilizamos, colocando em risco as instituições, e causando tamanho desgaste entre os Três Poderes da República! Os próximos meses serão decisivos, mas sua equipe já começa na retranca e acuada por uma nova oposição devastadora! O PT na oposição, associado ao PCdoB, são adversários terríveis, avassaladores, capazes de arregimentar trabalhadores desempregados em uma luta sem tréguas, sem Ética e sem Princípios, em busca de mais uma "vitória de Pirro"!

A proposta não era essa. O próprio Temer chegou a afirmar que seu ministério seria composto de notáveis, e teria, no máximo, 15 ministros, sendo que três deles, os superministros, formariam o tripé da frente de combate: Economia, Infraestrutura e Projetos Sociais! O que foi feito dessa ideia, se o número de ministérios dobrou e, em lugar de nomes ilustres, teremos políticos comprometidos com o passado e com a corrupção, estando alguns deles até em processo de investigação criminosa pela Operação Lava Jato? Como pode dar certo uma equipe que já chega sob suspeita de envolvimento nas mesmas falcatruas do grupo que acabamos de alijar do poder? Como acreditar que essa nova "frente de combate" não estaria contaminada pelo vírus que devastou a classe política brasileira, antes mesmo que seus efeitos deletérios tenham sido completamente diagnosticados e combatidos?

O pior é que essa equipe já começa com a pecha de transitória, uma vez que nem sabemos se a equipe anterior irá voltar! E se, para ironia do destino, o grupo de Dilma retornasse e substituísse novamente todos os ministros, secretários, diretores de empresas públicas e autarquias, e os mais de 100.000 cargos comissionados entregues a afiliados dos partidos da "base aliada"? E se esse "presidencialismo de coalizão" retornasse com toda força e todo ódio característico do Partido dos Trabalhadores, destruindo definitivamente os alicerces de nossa frágil Democracia?

Como não pensar nessa possibilidade, se esse governo que começa a se estruturar já se assenta em bases tão insólitas e duvidosas? Como acreditar que o que restou dessa base parlamentar, mesmo contaminada pela corrupção, conseguirá levar adiante as reformas políticas, previdenciárias, fiscais e sociais, indispensáveis para que o país volte aos trilhos e ao caminho do desenvolvimento econômico e social?

Poucas são nossas expectativas hoje, depois da divulgação dos primeiros nomes de um ministério que já nasce e se instala sob a suspeição de incompetência, do casuísmo político e dos vícios da velha república que eles pretendem sepultar. Que novidade haveria em ter Blairo Maggi, o "Rei da Soja", no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento? Mais provável é que esse "novo" governo se arraste pelos próximos dois anos que restam de mandato, levando ladeira abaixo a nossa Democracia e a nossa Economia que já se encontram em frangalhos.

POBRE DEMOCRACIA BRASILEIRA...