quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Frase epistolar de Ruy Barbosa!


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Só me resta me despedir de meus leitores. Antes, já deixei o Facebook e o Twitter, certo de que não faço mesmo nenhuma diferença nesse lamaçal que tomou conta do país. Não há mais o que fazer, senão esperar pelo pior, que essa "presidenta fantocha" do PT seja reconduzida ao palácio do planalto, e que a sangria dos cofres públicos continue acontecendo, à luz do dia, com a conivência da maior corte do país, com a omissão descarada dos homens de bem, se é que eles ainda existem. Pois não tenho mais nada a dizer a todos vocês, senão que eu sinto muito, mas o Brasil está perto da descida da ladeira, e que, de hoje em diante, ninguém mais poderá fazer nada para salvar o BRASIL.

Leiam minha mais recente postagem sobre as consequências dos desmandos do governo petista sobre nossos ecossistemas: 

Morte Anunciada: a tragédia do Velho Chico

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

"DESCONSTRUIR" MARINA SILVA

Existe uma "estratégia" da oposição, por parte de Dilma e de Aécio, para "desconstruir" Marina Silva. Diante da incapacidade intelectual e da falta de dados comprometedores, esses insetos políticos partiram para o ataque, mesmo sem nenhuma consistência factual. É o desespero de ver a maçã cair da árvore e espatifar-se contra as pedras do caminho que os faz agir assim, de forma tão covarde e inútil.

Sim, inútil, na medida em que, mesmo vencendo, eles não levarão nada além da certeza de que trapacearam. E a vergonha desses atos mesquinhos os acompanhará até a morte política, que virá em breve, não importam os resultados de tamanha pequenez humana. Certamente, nenhum dos dois oponentes possui a inteligência, a sabedoria, a sensibilidade, a honestidade, a ética de Marina Silva. Por isso, a História será o algoz da vingança, que jamais partiria de Marina Silva, tanto pelo seu caráter incorruptível, como por suas crenças religiosas ou mesmo convicções éticas.

Para que eles querem tanto o poder, a ponto de ofender de forma tão baixa uma criatura essencialmente do bem? Para que o poder se eles não têm competência para usá-lo com sabedoria para o engrandecimento de nosso país? Apenas para perpetuar esse poder com o qual nunca souberam lidar, compartilhando com bandidos o fruto de seus crimes?

Para "desconstruir" Marina Silva seria necessário voltar no tempo e eliminar a história edificante dessa mulher notável, que nunca matou ninguém, nem com atos, nem com palavras; nunca praticou manobras sibilinas para trair seus companheiros de ideologia, como o fizeram Dilma Rousseff, José Dirceu, Luiz Inácio "Lula" da Silva, Delúbio Soares, José Genoíno, Celso Daniel, Luiz Gushiken e tantos outros membros do partido "ético" que um dia imaginamos ter existido!

Se o PT está no poder, é porque acreditamos nele, em uma suposta ideologia socialista, em uma pretensa "ética" que jamais tiveram. Se votamos no PT foi para banir o MAL de nosso país, representado pelos rastejantes vassalos da Ditadura Militar, como José Sarney, Renan Calheiros, Paulo Maluf, Edson Lobão, dentre tantos que, hoje, se escondem por detrás dos gabinetes do Palácio do Governo, do Congresso Nacional, dos Ministérios e Empresas Públicas.

NÃO! Jamais Dilma ou Aécio conseguirão "desconstruir" Marina Silva, pois antes que isso pudesse acontecer, ela certamente abriria mão de seu projeto de vida e deixaria a política minúscula, como deixou o PT quando Dilma (sempre ela) a traiu e, em conchavos com seu tutor Lula, puxou o tapete do Ambientalismo para aderir ao agronegócio, às obras faraônicas das empreiteiras, à mineração e aos banqueiros, e à devastação da Natureza.

Se coloco Aécio neste mesmo "caldeirão de bruxa" é porque ele está traindo a NAÇÃO BRASILEIRA neste instante, fazendo o mesmo jogo sujo do PT, por simples ambição política mesquinha e rasteira! Sim, Aécio JAMAIS subirá a rampa do Planalto por competência própria, assim com Dilma também não subiu! Ela foi arrastada para dentro do Palácio pelo seu tutor LULA, pois ela jamais teria competência para vencer uma eleição sozinha, como não tem hoje.

Então, por que ela está "bem" nas pesquisas? - perguntaria um eleitor ignorante. Pela simples razão de que o Partido dos Trabalhadores ROUBOU  a consciência do povo com essa maldita BOLSA FAMÍLIA, um instrumento de aliciamento imoral do povo pobre, que não "melhorou de vida", como apregoam seus idealizadores, mas apenas vive das esmolas do poder! Tirem a mesada desse povo e, instantaneamente, por um passe de bruxaria, eles voltarão à condição real de suas vidas miseráveis, pois nada foi feito para que eles se EMANCIPASSEM! Eles apenas sobrevivem e gastam dinheiro (consomem) para que o governo tenha um aumento da demanda interna para justificar a inflação de 6,5% ao ano, e um "PIB" insignificante.

Como "desconstruir" Marina? Como desfazer uma vida inteira dedicada ao bem do próximo? Ainda que não tenhamos a mesma fé (eu não tenho nenhuma), não podemos ignorar que ela tem uma força interior que a projeta muito além de sua pequena figura humana. Sua alma, seu espírito, não podem ser comparados com essa caricatura que frequenta o poder e o Planalto, sem jeito, sem habilidade, sem competência, sem coerência ideológica, chamada Dilma...

Ninguém desconstruirá MARINA SILVA, pois ela se fez por si mesma, não precisou de um tutor, como Dilma, que se julga "acima de qualquer suspeita", e finge não saber de nada, de nenhuma sujeira arrastada para debaixo dos tapetes palacianos pela sua "equipe" de ladrões, que se apropriou das riquezas de nosso povo, iludindo-o, bestificando-o com migalhas de sua mesa farta dos frutos dos larápios em que se tornaram nas lides do MENSALÃO e nas malandragens da PETROBRÁS, nas licitações viciadas das hidrelétricas, ganhas, justamente, por aqueles que financiam suas campanhas, como ANDRADE GUTIERREZ, OAS, FRIBOI, "Famiglia" Maggi e tantas outras que se enquadram como "beneficiárias" das POLÍTICAS PÚBLICAS!

Estou certo de que jamais me arrependerei de ter votado em MARINA SILVA, pois comungo de suas ideias, acredito em seus bons propósitos, tenho certeza de que ela JAMAIS se curvará ao antro de perdição em que o Congresso se transformou, no balcão de negócios dos que fazem da vil política sua profissão, a despeito do sofrimento das camadas mais pobres da população!

NÃO! MARINA SILVA NÃO SERÁ "DESCONSTRUÍDA" POR ESSES FRACOS!

Se não for para vencer, com dignidade, uma eleição, é melhor não vencer... lamento dizer isso, mas o que vejo (e lamento) são pessoas que se julgam "do bem" e votam nesses cretinos, que nada têm a oferecer, senão sua própria alma, já de há muito entregue ao DIABO!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Brasil Colônia HOJE e a Exportação de Produtos Primários

Colheita mecanizada de algodão no Cerrado Brasileiro: além da devastação, o desemprego causado pela automação
Quando o Brasil declarou sua independência, ficou como sua herança maldita a prática da monocultura, do latifúndio e da escravidão, e a subserviência aos países que despertavam para a industrialização. A distribuição das terras, em função do colonialismo português, atendia aos interesses das classes dominantes, que as herdaram da espoliação dos territórios indígenas. Esses hábitos foram transmitidos pelas gerações que se sucederam, deixando-nos, não apenas a herança maldita dos territórios manchados pelo sangue indígena e escravo, mas também a dependência permanente dos antigos senhores, tornando-nos meros fornecedores de produtos primários: matérias primas e commodities.

Essa relação foi construída pelas nações que se anteciparam ao processo de industrialização, desde o século XIX, como a Inglaterra e a França, seguidos dos EUA, da Bélgica e do Japão. O Japão ascendeu de um país feudal, do século XVII, para uma das maiores potências industriais do século XX. Enquanto os países europeus, os EUA e o Japão cresciam e conquistavam novas colônias, o Brasil, voluntariamente, ofereceu-se para ser "O CELEIRO DO MUNDO"! 

Com a desestruturação do bloco comunista, capitaneado pela União Soviética, e depois pela China, a Rússia perdeu seu domínio territorial na Europa e na Ásia, enquanto a China repetia o fantástico desenvolvimento japonês, tornando-se, em pouco mais de 20 anos, a segunda potência mundial e o maior mercado consumidor de matérias primas e commodities. Enquanto isso, o Brasil se arrastava, de crise em crise, através de sucessivas tentativas frustradas de conseguir uma explosão no seu desenvolvimento industrial. Finalmente, no final do século XX, o Brasil cometeu um erro estratégico, ainda no período da ditadura militar, priorizando, primeiro, a expansão de suas rodovias, e optando, definitivamente, por esse modal de transportes, caro e dependente do petróleo, e sucateando suas ferrovias, abandonadas quando a monocultura cafeeira entrou em declínio, logo depois do "crack" da Bolsa de New York.

Seu segundo erro, também durante a Ditadura, foi o estímulo ao desenvolvimento de uma indústria de computadores, na década de 1970. O erro se evidenciou pela incapacidade do país em enfrentar as gigantes do setor, como a IBM, a Burroughs e a Hewlet-Packard, seguidas por Microsoft, Apple e Dell. Para garantir a venda da produção interna, o governo militar publicou a lei que ficou conhecida como a "reserva de mercado de informática", que proibia as empresas de comprarem equipamentos importados. Depois de dez anos de sucessivos erros, o mercado foi reaberto, mas o estrago para o setor industrial e de comércio foi sentido pelo atraso tecnológico e pelo baixo desempenho competitivo de nossa indústria.

Devastação causada pela mineração: a Vale do Rio Doce está desmontando todas as montanhas de Minas Gerais
Hoje, passados quarenta anos, o Brasil se transformou em um país produtor e exportador de commodities e de matérias primas, e importador de produtos industrializados de alta tecnologia. Com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder, por 12 anos o Brasil investiu na erradicação da miséria, mas esqueceu-se de incentivar a indústria. Esse descaso com o futuro se acentuou nos últimos quatro anos, pela total incompetência de Dilma em lidar com estratégias de mercado e em explorar fontes alternativas de energia.

Nas próximas décadas veremos um crescimento vertiginoso de fontes alternativas de energia em todo o mundo civilizado, devido às mudanças climáticas, que obrigarão os países a tentar estancar a devastação generalizada de seus recursos naturais. O Brasil poderia ter se tornado líder nesse processo, mas optou por investir em agronegócio, e continuar se comportando como uma colônia do mundo civilizado, fornecendo os insumos industriais e adquirindo produtos de alta tecnologia, mas preferiu prosseguir no processo de devastação de seu maior acervo e diferencial competitivo frente às demais nações do mundo, já tendo causado a perda de 25% do bioma Amazônia, 95% do bioma Mata Atlântica e 50% dos biomas Cerrado e Caatinga. É irônico, ao mesmo tempo que óbvio, constatar que essa devastação ocorreu, justamente, pela expansão das fronteiras do agronegócio, com incentivo do Governo Federal!

Certamente, estamos na contramão da História!

Canteiro de Obras de Belo Monte, em plena Amazônia! Devastação irreparável!
À medida em que os efeitos das mudanças climáticas se fizerem sentir em nosso vasto território, a produção de commodities cairá drasticamente, reduzindo nossas receitas de exportação, sem contudo reduzir a importação, devido aos constantes incentivos ao consumo interno. Isso acarretará um grave desequilíbrio em nossa balança de pagamentos, levando o país a um processo de entropia e empobrecimento. E todo esforço em acabar com a miséria terá sido efêmero e inútil, graças aos erros do passado e à estupidez do PT.

Infelizmente, quando descobrirmos essas verdades será tarde demais...

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Entrevista com Mikhail Gorbachev (Михаил Горбачёв)



Talvez, a grande lição que esse grande líder mundial nos deixou tenha sido sua humildade. Aos oitenta anos ele ainda demonstrava sua lucidez e simplicidade! Talvez, o que falta aos líderes de nosso país seja, justamente, a humildade. Raras vezes na história um único homem teve a oportunidade e a sabedoria de mudar os destinos da humanidade. Gorbachev foi um deles.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Equilíbrio instável - Tendências para o segundo turno

Para quem observa atentamente os gráficos de evolução das intenções de voto, o que se pode constatar, de imediato, é a relativa estabilidade de Dilma Rousseff que, desde junho oscila entre 38% e 36%, exceto no momento de ingresso de MARINA SILVA na disputa direta. Aécio Neves foi quem mais sofreu com o impacto da nova concorrente, chegando a cair oito pontos percentuais nas duas primeiras pesquisas do mês de setembro, e retornando agora ao seu patamar original, próximo dos 20% das intenções de voto.

O que isso poderia significar? Que cada candidato tem seu próprio patamar de estabilidade: Dilma, em 37%, Aécio em 19% e Marina em 31% (embora, em seu caso, a série histórica seja menor). No meu entendimento, não adianta fazer simulações de segundo turno no momento atual, pela simples razão de que as regras da disputa serão diferentes, deixando as duas competidoras em igualdade de condições, e eliminando o absurdo desequilíbrio de tempos de exposição à mídia existente agora.

Com o mesmo tempo de exposição nos horários eleitorais obrigatórios, e os debates diretos na televisão, além da concentração das disputas apenas para os cargos executivos, ou seja, para presidente da república e para governadores, o eleitorado terá uma nova realidade, bastante diferente da atual, em que Dilma é privilegiada pelo seu cargo e pelo poder da máquina estatal, além de ter dez vezes mais tempo de TV nos horários políticos obrigatórios. Eliminando-se estes privilégios, a força de argumentação de MARINA SILVA e a fragilidade dos discursos de sua opositora trarão novos eleitores indecisos para desequilibrar o jogo político em favor da candidata do PSB, MARINA SILVA.

E ainda existem cerca de 15% de eleitores sem opinião própria, ou seja, que votariam em branco, anulariam seu voto ou nem mesmo sabem o que fazer diante das urnas. Admitindo-se que a média histórica de brancos e nulos gira em torno de 10%, podemos estimar que 5% dos eleitores decidirão, na última hora, em quem votar. Certamente, esses votos tenderão a ser conquistados pelo candidato que estiver em melhor posição nas últimas pesquisas, reforçando a diferença que o separa de seu concorrente. Essa é a tendência.

Outro dado importante a se observar é a natural transferência de votos entre Aécio Neves e Marina Silva na última simulação de segundo turno: ambos colocam Dilma com um percentual de 43% ou 44%, enquanto Aécio cresce quatro pontos percentuais e se aproxima de Marina Silva. Esse dado curioso é fundamental para se analisar a real tendência do eleitorado em não transferir votos para Dilma, não importa qual seja seu oponente no segundo turno! Observem que na disputa direta, Dilma sobe 4 pontos percentuais do primeiro para o segundo turno, enquanto MARINA SILVA sobe TREZE pontos percentuais!

O que hoje parece igual, indiferenciado pelos eleitores, como é o caso da manipulação de palavras e a desonestidade dos marqueteiros palacianos, se tornará mais claro e compreensível para os eleitores, a partir do segundo turno. Exemplo disso é a imbecilidade de acreditar que 70% dos eleitores querem mudanças na política e, no entanto, muitos deles votarão em Dilma, que significa, justamente, a permanência, a imutabilidade da situação atual.

Esse jogo de palavras será desmascarado por MARINA SILVA quando ela tiver igualdade de condições com sua oponente, que é adestrada pelos seus marqueteiros, produzindo tamanhas asneiras que só mesmo um idiota não seria capaz de perceber, como é o caso de afirmar que a autonomia do Banco Central retiraria o poder da presidência de administrar a Economia, os gastos públicos e o desemprego! Não faz o menor sentido! O Banco Central independente não pode reduzir gastos públicos, assim como não tem competência para reduzir ou aumentar o desemprego! São as políticas públicas, manifestadas pelas estratégias governamentais, que determinam o endividamento interno e externo, os investimentos e o controle de gastos públicos! Cabe ao Banco Central o controle da inflação através de suas políticas monetárias.

Se o governo petista nos levou de volta à inflação elevada e à estagnação da Economia, foi porque não controlou seus gastos, fez enormes investimentos em obras de discutível importância e questionável eficiência, chegando mesmo a triplicar os custos realizados, em função dos orçamentos originais, como é o caso da inacabada obra da Transposição do Rio São Francisco. Esta obra foi orçada em 3,4 bilhões de reais, um valor extremamente elevado. No entanto, o cronograma das obras foi revisto dezenas de vezes (e não cumprido), e o custo da obra, hoje, já ultrapassa os NOVE bilhões de reais, sem prazo para acabar!

Portanto, as mentiras da campanha do PT serão insustentáveis no segundo turno, possibilitando a MARINA SILVA saltar da situação atual de empate técnico para uma vitória expressiva, até porque os tucanos, derrotados, não terão como apoiar Dilma Rousseff e serão compelidos a dar seu voto a MARINA SILVA, até mesmo por coerência ideológica. Talvez nem seja preciso enfatizar o comprometimento do PT nos incontáveis escândalos financeiros da Petrobrás, já exaustivamente devassados pelos jornais e revistas, assim como desnecessário se faz trazer de volta a culpa de Dilma e de Lula nesses escândalos e no Mensalão, uma vez que todos estamos plenamente conscientes de que o PT ROUBA MAS FAZ, assim como Paulo Maluf!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Janot defende suspensão de propagandas com críticas a MARINA SILVA!

Vejam no ESTADÃO: 

Foco do Procurador Geral da República são as inserções com ataques à proposta de autonomia do Banco Central, defendida pela candidata do PSB

O procurador Geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a suspensão das propagandas veiculadas pela campanha da "presidenta" Dilma Rousseff, que criticam a proposta da adversária, MARINA SILVA, de conceder autonomia operacional ao Banco Central. Em parecer encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira, Janot considerou as peças irregulares ao reconhecer que eles pretendem criar, "artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais". Tal conduta é proibida pelo Código Eleitoral. A manifestação de Janot pode ser acatada pelo TSE no julgamento de mérito das três ações da campanha de MARINA SILVA, que questionaram a propaganda.

Os advogados da candidata do PSB recorreram na semana passada, ao tribunal, contra a campanha, sob a alegação de que a chapa de Dilma pratica "verdadeiro estelionato eleitoral" ao distorcer a proposta da adversária, uma vez que induz à percepção de que os bancos seriam os responsáveis pela condição da política de controle de juros e da inflação. Os advogados de MARINA SILVA sustentam que a propaganda cria um "cenário de horror" com a implantação da autonomia do Banco Central, ao chegar ao "absurdo terrorismo" de que a medida esvaziaria os poderes do Presidente da República e do Congresso.

A propaganda, que foi ao ar nos dias 9, 11 e 12 de setembro, e também em inserções durante o dia, mostra uma família sentada ao redor de uma mesa de refeição, e a comida sendo retirada, aos poucos, dos comensais, à medida que um narrador fala das supostas consequências da autonomia do Banco Central. Na semana passada, o TSE negou três pedidos de liminares apresentados pela defesa de MARINA SILVA para suspender a propaganda. Contudo, Rodrigo Janot é a favor de que o tribunal impeça a veiculação da campanha, no julgamento de mérito.

"A cena criada na propaganda impugnada é forte e controvertida, ao promover, de forma dramática, ele entre a proposta de autonomia ao Banco Central e quadro aparente de grande recessão, com graves perdas econômicas para as famílias, afirmam os pareceres de Janot. Para ele, é inquestionável que a crítica meramente política é inerente à campanha eleitoral e constitui típico discurso de embate. "Seus limites, entretanto, não podem ser ultrapassados, a ponto de criar um cenário 'ad-terrorem' ou tendencioso, apto a gerar estados emocionais desapegados da experiência real", completou.

Agropecuária é responsável por 90% do desmatamento ilegal no Brasil

Derrubada irregular dá lugar ao gado e à soja. Grande parte dos produtos é destinada à exportação para Rússia, China, EUA e União Europeia, revela estudo. 


Entre 2000 e 2012, a agropecuária foi responsável por metade do desmatamento ilegal nos países tropicais. No Brasil, até 90% da derrubada ilegal da floresta neste período ocorreu para dar lugar ao gado e à soja. Os números fazem parte de um estudo da organização Forest Trends, divulgado nesta quinta-feira (11/09).

Segundo o relatório da ONG americana baseada em Washington, as situações mais críticas foram registradas no Brasil e na Indonésia. No Brasil, parte considerável dos produtos cultivados nessas áreas ilegais vai para o mercado externo: até 17% da carne e 75% da soja. Os destinos incluem Rússia, China, Índia, União Europeia e Estados Unidos.
Brasil e Indonésia são os maiores produtores do mundo de commodities agrícolas para a exportação. O que é colhido nas terras desmatadas ilegalmente nesses países vai parar em cosméticos, produtos domésticos, alimentos e embalagens.

"Naturalmente, os países compradores também são responsáveis. Afinal, eles estão importando e consumindo produtos sem prestar atenção em como foram produzidos. Consequentemente, estão criando uma demanda. E as companhias envolvidas no negócio estão lucrando", avalia Sam Lawson, principal autor do estudo e consultor de instituições como o Banco Mundial e Greenpeace. Ele calcula que esse tipo de comércio gere uma receita de 61 bilhões de dólares, cerca de 140 bilhões de reais.

A pesquisa foi feita ao longo dos últimos três anos e reuniu dados publicados em mais de 300 artigos científicos, informações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e dados de satélite.

Ilegalidade no Brasil

Ao mesmo tempo em que o estudo aponta o Brasil como líder nesse tipo de ilegalidade, ele reconhece que o país reduziu dramaticamente o desmatamento desde 2004. A taxa de derrubada ilegal na Amazônia caiu mais de 70% se comparada aos índices medidos entre 1996 e 2005.

"No Brasil, as florestas também estão dentro de propriedades privadas. E, em muitos casos, o único documento que o produtor rural tem para justificar sua plantação é um certificado de posse da terra. Eles não têm, necessariamente, a permissão para cortar a floresta para dar lugar a essa plantação", diz Lawson.

Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento na Amazônia, do Ministério de Meio Ambiente, diz que a apropriação irregular de terras públicas, ou "grilagem", é uma das principais causas do desmatamento ilegal. "Um grileiro nunca vai buscar uma autorização de desmatamento", acrescenta.

O corte da mata também é feito por proprietários regulares de terra. Mas nem todos respeitam a lei: muitos retiram a vegetação nativa para expandir plantações sem a devida autorização, que é dada pelo governo estadual. Para aumentar o rigor na fiscalização, o governo federal pretende exigir que os estados repassem as autorizações de supressão de vegetação concedidas aos proprietários.

A legislação nacional obriga as propriedades rurais privadas a manter no mínimo 20% da vegetação natural, a chamada Reserva Legal. Por outro lado, ainda não existem dados oficiais que mostrem quem cumpre a lei. A esperança de separar "o joio do trigo" está no Cadastro Ambiental Rural (CAR), introduzido com o novo Código Florestal para ajudar no processo de regularização.

Esse cadastro tem que ser feito por todo proprietário e trará informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente, Reserva Legal, entre outros. "A pessoa sabe que entrou para um sistema e vai tomar os devidos cuidados para não desrespeitar a legislação, e quer ser respeitada por isso", analisa Oliveira.

Comida e floresta para todos

Cinco campos de futebol de florestas tropicais são destruídos a cada minuto para suprir a demanda por commodities agrícolas. A FAO também vê esses números com preocupação. A organização estima que, até 2050, o mundo precisará de cerca de 60 milhões de hectares extras para suprir a demanda por comida.

Para Keneth MacDicken, especialista em assuntos florestais da FAO, seria possível fazer essa expansão sem agredir as florestas. "Aumentar a produtividade, melhorar as técnicas e diminuir o desperdício são fundamentais", diz.

Para acabar com a produção agropecuária em terras desmatadas ilegalmente, é importante mostrar que a legalidade é rentável. "Nesse processo, empresas como a Embrapa são muito importantes. Porque elas ajudam os proprietários rurais a produzir de forma mais eficiente e mais rápida", exemplifica MacDicken.

Além do aumento na fiscalização e vigilância por satélite, Oliveira, do ministério de Meio Ambiente, aposta na parceria com produtores para mostrar que o consumidor também está ficando mais exigente. "Os compradores de soja no mercado internacional não estão querendo atrelar o nome ao desmatamento ilegal na Amazônia." Essa percepção criou a chamada "moratória da Soja", em que produtores se comprometeram a não estender o cultivo para áreas desmatadas.

Lawson só vê uma saída: "Nada vai funcionar se os governos não tomarem providências contra a ilegalidade". O pesquisador admite que, hoje, o tema é mais discutido entre produtores e consumidores do que há dez anos. No entanto, se os números do desmatamento associado à expansão da agropecuária ainda são altos, a conclusão é que "esse combate ainda não está sendo feito como deveria".

Mais sobre este assunto

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O lado obscuro do poder


Esse é o gráfico de doações de campanha para os partidos políticos. Ele evidencia a má fé desses partidos no uso do dinheiro das empresas doadoras que irão, não apenas financiar as candidaturas, mas também o suborno dos eleitos pelas empresas privadas, interessadas em direcionar os futuros projetos governamentais para suas respectivas áreas de negócio. Apenas o PT, o PMDB e o PSDB detêm DOIS TERÇOS de toda verba destinada a promover os candidatos a todos os cargos eletivos desse país. Basta comparar a verba de DILMA (R$264.300.000,00 - duzentos e sessenta e quatro MILHÕES de reais) com a verba de MARINA SILVA (apenas R$600.000,00 - seiscentos mil reais)! Isso sem considerar que a verba do PMDB também entra nas contas da "presidanta"! Afinal, PT e PMDB são sócios até nas falcatruas do poder!

Vale destacar a origem desse dinheiro: 19 empresas doaram cerca de 50% do total arrecadado. E qual o perfil dessas empresas? EMPREITEIRAS DE OBRAS DO PAC, Latifundiários do Agronegócio, particularmente a FRIBOI, BANCOS e MINERADORAS! Será preciso explicar mais alguma coisa, ou dá para entender que esses três partidos praticam exatamente A MESMA VELHA POLÍTICA contestada pelo programa de governo de Marina Silva? É evidente o interesse dessas empresas privadas na contrapartida que virá depois das eleições, caso Dilma ou Aécio vençam: certamente, esses "financiadores" de campanha receberão tudo de volta em licitações de obras públicas mega-faturadas!

Se a população não fosse tão "inocente" ou interessada em fazer parte das "maracutaias" do PT (olá, Lulalá!), jamais votaria em Dilma ou Aécio, pois, certamente, eles são farinha do mesmo saco! Alguma dúvida? Pois basta ver quem foi o OPERADOR DO MENSALÃO DO PT E DO PSDB: MARCOS VALÉRIO! Não é preciso ter um cérebro privilegiado para deduzir o óbvio: não existe DEMOCRACIA em nosso país, mas um sistema político perverso, que sempre irá beneficiar os ricos, pois são eles que "emprestam" o dinheiro ao PT, PMDB e PSDB. Depois das eleições, é uma "farra do boi"! Obras públicas (do PAC ou não) superfaturadas, para assegurar que o "investimento deu um bom lucro", ou seja, receberão o dinheiro multiplicado por dez, por cem, por mil!

Que todos tenham uma boa eleição e durmam, depois, com suas próprias consciências, pois é mais do que evidente o vício desse quadro eleitoral. Só não enxerga quem é ignorante, burro ou safado... escolha o seu lado e vote consciente!

domingo, 14 de setembro de 2014

"Operários em Construção"


OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Vinícius de Moraes

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer o tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente,
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão,
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, Cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção,
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:


Notou que a sua marmita
Era o prato do patrão
Que a sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que o seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que a sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
-"Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado,
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção,
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
E o operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca da sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! -disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem pelo chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão, porém, que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
_______________________________________________________

De fato, nós, "operários em construção", não temos mais o poder de mudar nosso "patrão", pois, para isso, seria necessário mudar o processo de subserviência de nossos irmãos operários que, aceitando as migalhas do capitalismo através do assistencialismo de estado, perdem sua autonomia de decidir e mudar sua própria vida. Vinícius fala de outra época (1956), nem tão distante, mas na qual as forças dos partidos políticos não estavam tão imbricadas com forças tão antagônicas, parecendo que tudo não passa de mera ilusão, que nada é diferente, e que não importa quem, não importa como, esse mundo irá permanecer sempre o mesmo. Na década de meu nascimento (1950) o Brasil era um país agrícola, e não havia o agronegócio; a agricultura era uma atividade nobre, e os bancos ofereciam linhas de crédito especiais para os agricultores, através de uma carteira agrícola. Hoje, os operários não estão mais nas lavouras, pois foram substituídos por máquinas; eles também não estão nas fábricas, que foram automatizadas; tampouco estão nas construções, onde o ritmo é frenético, e blocos de pré-moldados servem de peças a serem montadas como um lego gigante. Também a música de Chico Buarque (Construção) já não nos diz respeito.

O que há, então, senão empresas virtuais, empresas de serviços, instituições governamentais onde os trabalhadores são chamados de "servidores", termo medieval e anacrônico, como os serviços prestados à população? Existem os empresários, os banqueiros, os latifundiários... porém, nem mesmo eles são igualmente, os mesmos. Seu escritório está nas bolsas de valores; seus empregados estão nos computadores; seu dinheiro, em um paraíso fiscal, assim como o dos políticos "tiriricas" que riem de nós, pobres palhaços. Nossos inimigos não são mais os patrões, pois até mesmo eles vivem da carniça que apodrece nas salas do Poder de Brasília. O Capital mudou de nome, de negócio e de objetivo. Ninguém trabalha mais para edificar uma Nação, mas para conquistar sua posição, não importa como, não importa com quem, não importa, sequer, quantos serão necessários "desconstruir" para se conseguir o que se quer.

Não somos mais "operários em construção", pois não há mais operários. Não nas dimensões que tinham quando Vinícius escreveu sua ode aos trabalhadores. Aliás, mesmo os "trabalhadores" já usam gravata e convivem nos gabinetes do Palácio do Planalto, com a desenvoltura dos que eram, por eles, condenados e acusados de usurpadores do povo. Já não enxergamos mais, nas obras que aí estão, os frutos de nossas mãos calejadas, de nosso trabalho árduo, porque já não há mais calos nem suor nos trabalhos de gabinete. E a monotonia dos campos de soja substituíram a beleza das lavouras diversificadas dos tempos de Vinícius. Milhões de cabeças de gado caminham pelos prados igualmente monótonos da brachiaria transgênica dos latifúndios das "plantations". E a fumaça das cidades não sai mais das chaminés de fábricas, mas dos encanamentos dos veículos paralisados nas infindáveis filas dos congestionamentos urbanos.

Somos bilhões de seres, três vezes mais do que quando Vinícius teve sua inspiração e produziu seu texto iluminado. O marxismo já não nos entusisma, nem nos faz lutar contra a opressão de nossos patrões endinheirados. Afinal, qualquer um de nós pode se desfazer de seus valores, de seus princípios, de sua ética incorruptível, alistar-se em um partido político dos trabalhadores, e eleger-se membro das confrarias da corrupção e do enriquecimento fácil. Em breve, seremos dez bilhões de seres humanos, andando sem rumo em um mundo desprovido de belezas, intoxicado pelos gases asfixiantes produzidos pela ausência das paisagens que tanto nos encantaram. Não teremos água para saciar nossa sede, mas algum cientista haverá de encontrar uma saída para isso também. Não entenderemos, nem tentaremos descobrir a razão do existir, que tanto incomodaram os filósofos da antiguidade. Mas não haverá, também, filósofos, nem poetas, nem sonhadores, pois esses seres humanos terão sido banidos do convívio da sociedade; serão, tão-somente, marginais.

E aquele operário, que vislumbrava o mundo à sua volta, compreendendo-o como sendo a sua própria obra, terá saltado dos andaimes, espatifando-se no vazio dos pátios das construções. Já não haverá, também, lugar para ele. Vivemos o fim das ideologias e dos valores éticos. Por isso, somente o pragmatismo imediatista se permitirá existir, e aqueles que o afrontarem, ainda que só em pensamentos, terá sido condenado a não mais existir. Nem mesmo delatores haverá, então, pois quem se atreverá a contrariar a lógica das construções sem operários? Não seremos, sequer, "operários em construção"...

A Palestina para os Palestinos

É difícil afirmar que algum povo tenha razão quando ambos os lados das disputas foram vítimas da História, cada um com seus dramas seculares, sofrendo perseguições e fugindo de seus perseguidores. O povo judeu se dispersou da Palestina entre os anos 586 a.C., quando foi expulso por Nabucodonosor II, imperador da Babilônia, e o ano 70 d.C. quando Jerusalém foi destruída pelos romanos. Por outro lado, o povo palestino se dispersou de sua terra quando foi expulso pelos judeus que, provenientes da Europa, se reinstalaram no território palestino. Justo seria afirmar que todos os povos do mundo têm direito a viver em paz e ter seu próprio território, que lhes assegure a sobrevivência e a preservação de sua cultura, suas tradições, sua língua, suas crenças, sem serem ameaçados.
As razões contemporâneas de tais conflitos, ou seja, aquelas que não se enquadram em seu passado histórico da formação desses povos, se inicia na década de 1920, quando judeus europeus passaram a ser perseguidos pela intransigência da população soviética que, ao conquistarem sua liberdade pela revolução de 1917, viam os judeus como invasores de sua terra, diante da situação de penúria da Rússia deixada pelos czares.
Os judeus, mais uma vez expulsos de suas casas, começaram a pensar em ter um território só seu, a criaram um movimento nacionalista denominado "Sionismo". A partir de então, em meio a uma Europa em recuperação pela devastação causada pela 1ª Guerra Mundial começaram a migrar de volta à sua "Terra Prometida". Esse interstício dos conflitos mundiais acirrou o antissemitismo na Europa, e particularmente na Alemanha, aumentando o afluxo de judeus para a Palestina, onde chegaram às centenas de milhares.
Lá chegando, esses judeus europeus, depois de séculos de isolamento de sua terra originária, perderam a convivência pacífica que caracterizava a relação entre judeus, cristão e muçulmanos, e os conflitos começaram. A Liga das Nações, recém-criada, designou territórios separados para judeus e palestinos, tentando eliminar os conflitos que, no entanto se acirraram, desta vez pelo radicalismo sionista, que expulsou centenas de milhares de palestinos de suas terras. A violência se instalou, definitivamente, na região.

A Liga das Nações determinou, então, que otomanos, franceses e ingleses assumissem o controle militar da região, separando judeus, palestinos e árabes em territórios distintos. Os conflitos não terminaram, e, gradualmente, os estados independentes da Síria, do Líbano, da Jordânia e do Iraque se estabeleceram, isolando Israel dos palestinos. Diante do fracasso da missão da Liga das Nações e do esfacelamento do estado Otomano na 2ª Guerra Mundial, franceses deixaram a região, seguidos dos ingleses, que devolveram o território à organização mundial. O Egito, que ocupou a Península do Sinai, permaneceu.
Em 1948, a recém-criada Organização das Nações Unidas, que substituiu a Liga das Nações, determinou a criação do Estado de Israel, sem, contudo, reconhecer a existência do Estado Palestino. Isso aconteceu devido ao enorme poder dos judeus sobre a Economia norte-americana, dominando grandes organizações empresariais e bancárias, e detendo o poder de conduzir a política externa dos Estados Unidos em todo o mundo árabe judaico.
Mal se instalaram em seu novo território, a guerra entre árabes e judeus se instalou definitivamente. Praticamente todos os estados árabes se uniram contra Israel que, no entanto, conseguiu não apenas manter seus territórios, como também anexar Jerusalém, isolando os palestinos em dois territórios distintos: a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, além de expulsar centenas de milhares de palestinos das terras que agora constituíam o Estado de Israel. A paz entre judeus e palestinos havia sido quebrada, definitivamente.

Entre 1949 e 1966, uma paz mal resolvida se manteve na região; porém, a insatisfação dos palestinos aumentava, sentindo-se exilados em sua própria terra. Em 1967, os estados árabes se rebelaram contra Israel, declarando guerra e atacando os judeus. Porém, a superioridade das forças de Israel era absoluta, e eles logo invadiram as Colinas de Golam, a Jordânia e a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e toda a Península do Sinai.
Nos anos que se seguiram, Israel conseguiu estabelecer um acordo com a Jordânia e com o Egito, países em que alçaram ao poder governos simpáticos aos israelenses. Israel devolveu a esses países os territórios ocupados durante a “Guerra dos Seis Dias”, exceto Jerusalém, que passou a ser parte do território de Israel. A Cisjordânia voltou a ser administrada pela Jordânia, e a Faixa de Gaza foi isolada pelo assentamento de colonos e pela construção de muros em torno dos territórios ocupados pelos palestinos.
O conflito árabe-israelense não é religioso, embora as dissidências e as guerras entre esses povos acabaram por segregar os territórios também por motivos religiosos. No Líbano, os cristãos vivem em conflito com os muçulmanos; no Irã, curdos e xiitas vivem em permanente conflito, ainda que ambos sejam muçulmanos. No Afeganistão e no Paquistão há conflitos entre grupos fundamentalistas e muçulmanos menos radicais. Mas as dissidências fundamentalistas são mais relacionadas a questões de luta pelo poder.

Com o exílio involuntário dos palestinos, surgiu a Organização pela Libertação da Palestina, liderada por Yasser Arafat, e seu braço militar, a Al Fatah. Com as tentativas de acordo entre judeus e a OLP, um grupo dissidente surgiu, denominado Hammas. Os conflitos entre cristãos e muçulmanos, no Líbano, deram origem ao Resbollah. Israel tem, dentro de suas estruturas políticas, radicais sionistas, que não toleram a criação de um Estado Palestino, e grupos liberais, que criticam a política bélica sionista de instalação de colônias na Cisjordânia e em torno da Faixa de Gaza. Porém, prevalece a facção militarista do falecido general Ben Gurion, contra a facção pacifista da também falecida Golda Meir  e de Shimon Perez que, juntamente a Yasser Arafat, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1994. Yasser Arafat morreu em circunstâncias misteriosas em 2004, sem ver realizado o seu projeto de criação do Estado Palestino e do estabelecimento da paz com os judeus.
Sem dúvida, a Palestina é para os Palestinos! A grande decepção mundial com relação à violência e às atrocidades de Israel contra um povo que vive confinado em um território de 360 km², é uma vergonha para os Estados Unidos e para a ONU, que se mostram subservientes a Israel e sua política radical. Hoje, é incompreensível que uma organização, com 193 países-membros, se coloque de joelhos diante de uma nação de 22 mil km²!
Não foram os palestinos que criaram as condições para que este conflito perdurasse por quase 100 anos, mas sim a própria Organização das Nações Unidas e sua antecessora, a Liga das Nações. Foi a omissão, dos norte-americanos e de todos os povos livres do mundo, que permitiu que tantas barbaridades ocorressem contra os palestinos, sem que mesmo uma moção de censura fosse declarada pela ONU. Foi a covardia dos líderes mundiais, inclusive dos árabes, que assegurou esse poder descomunal a Israel.

Se existe o terror árabe e palestino é porque nenhuma atitude digna foi tomada por todas as nações livres do mundo! Nos recentes acontecimentos, o que vimos foi a atrocidade da ação desproporcional de Israel contra os palestinos da Faixa de Gaza, causando a morte de quase dois mil civis, entre eles idosos, mulheres e crianças, pela simples exploração de um episódio mal explicado, de sequestro seguido de morte, de apenas TRÊS israelenses!
É também culpa da própria população judaica, seja em Israel, seja no mundo todo, que, com sua omissão e aquiescência, permite que o governo israelense continue a assassinar inocentes, a construir um “muro da vergonha” similar ao da Alemanha, isolando um povo que vive na miséria, diante dos olhos vedados de toda a Humanidade!
Infelizmente, depois de um milhão de anos do surgimento do Homo Sapiens, e de quase dez mil anos de civilização, a humanidade ainda persiste na guerra, no ódio entre os povos, no preconceito racial, no primitivismo da violência sem limites e sem dignidade. Quando será que o ser humano perceberá que as fronteiras só servem para dividir, para separar, para segregar, para incitar a avareza e a ambição, e não para delimitar as áreas com as mesmas características étnicas e culturais de povos que poderiam ser amigos?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

"RICARDO ABRAMOVAY: O QUE É A VIDA?" [Antônio Abujamra - Provocações]




Programa 673 da TV Cultura de São Paulo, com o professor de economia Ricardo Abramovay - exibido em 09/09/2014

Ricardo Abramovay, sociólogo, é professor titular do Departamento de Economia da FEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP. Entrevista feita pelo genial Antônio Abujamra!
Neste mundo em que vivemos, repleto de contradições, é gratificante encontrar pessoas que se diferenciam, justamente, pela sua lucidez e inteligência. O encontro de Abujamra com Abramovay é um acontecimento memorável, digno de reflexões profundas quanto à condução de nossas vidas.
Mas também é uma reflexão a respeito dessa sociedade construída pelo Capitalismo consumista, que ignora noções de Bem-Estar Social e Ética. Curiosamente, o Capitalismo foi construído, ou melhor, concebido, sob o pretexto de criar uma sociedade em que o bem-estar seria um estado permanente do ser, e que ficou conhecido pela expressão "Welfare State", cunhada por John Maynard Keynes, falecido em 21 de abril de 1946, ao final da Segunda Guerra Mundial.
No entanto, quão distante estão as sociedades contemporâneas desse ideal keynesiano! Vivemos em um mundo individualista em que prevalecem as relações de interesse, onde a Ética é desprezada por quem comanda as nações, e os indivíduos não conhecem a paz e a harmonia, requisitos necessários para que haja Bem Estar Social. Estamos destruindo o planeta, e todos se comportam como se não existisse o "amanhã". E, de fato, não existirá, caso o sistema de produção capitalista continue dominando os processos de enriquecimento das nações.
Neste momento da vida nacional, vale a pena refletir sobre essas questões: Ética, Movimentos Sociais, Economia Sustentável, Justiça Social, Honestidade, Virtude, Solidariedade...

AFINAL, O QUE É A VIDA?

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Degradação florestal no Brasil preocupa especialistas

Amazônia: nos traçados das rodovias nota-se a devastação em "espinha de peixe". Os contornos em verde são as unidades de conservação federais; em vermelho, as terras indígenas; os pontos são cidades. Também se observam grandes áreas preservadas, mas desprotegidas. Nos últimos 12 anos foram poucas as unidades de conservação e terras indígenas criadas na região amazônica, demonstrando o descaso das autoridades pelo Meio Ambiente.
Agência FAPESP – O Brasil avançou muito nos últimos 25 anos no monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica por meio de ações como a implementação do Programa de Cálculo do Deflorestamento da Amazônia (Prodes), em 1988, e do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), em 2004 – ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Agora, precisa olhar com mais atenção para outro problema ambiental tão grave quanto o desmatamento: a degradação florestal, que afeta não só a Amazônia, mas também outros biomas brasileiros.

A avaliação foi feita por um grupo de pesquisadores de instituições como Inpe, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos), Instituto Max Planck (na Alemanha) e Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) durante o Workshop on Monitoring Forest Dynamics: carbon stocks, greenhouse gas fluxes and biodiversity, realizado entre os dias 2 e 4 de setembro na Universidade de Brasília (UnB).

“Precisamos interpretar os dados do desmatamento na Amazônia, mas também olhar para outros processos da dinâmica florestal como a degradação florestal, que também tem impactos nas funções ecológicas, no armazenamento de carbono e na conservação da biodiversidade”, disse Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da UnB e organizadora do evento.

De acordo com os participantes do encontro, a degradação florestal difere do desmatamento, que se caracteriza pelo corte raso de árvores e responsável pela alteração significativa da paisagem da Amazônia brasileira, quando parcelas da floresta são convertidas em áreas de pastagem.

Já a degradação é definida pela perda da capacidade da floresta de realizar suas funções originais, como contribuir para o balanço climático, hídrico e de carbono, em razão do corte seletivo de árvores de interesse comercial e de queimadas intencionais, entre outros fatores.

“A degradação fica em uma posição intermediária entre a floresta intacta e a que foi transformada em área de pastagem. É uma floresta que ainda não foi desmatada completamente”, resumiu Michael Keller, cientista do US Forest Service dos Estados Unidos e pesquisador visitante da Embrapa Monitoramento por Satélite.

“Uma floresta degradada já não possui o mesmo estoque de carbono e a biodiversidade que tinha antes de ser afetada, mas, se for feito um manejo bem feito no prazo de 20 a 30 anos, ela pode se regenerar e até mesmo se aproximar de suas características originais”, explicou.

Outra diferença significativa entre os dois processos, segundo os pesquisadores, é que o desmatamento é mais evidente e inequívoco e pode ser observado mais facilmente pelos satélites usados no monitoramento ambiental.

A degradação, por sua vez, é mais sutil. Trata-se de um processo de longo prazo e deve ser acompanhada continuamente para que suas causas sejam identificadas.

“É preciso o acompanhamento de longo prazo não só das mudanças na cobertura da floresta, mas dos processos que causam essas alterações ambientais”, disse Bustamante.

“Sem isso, não é possível estimar qual será a trajetória das florestas degradadas e comparar com informações de estudos em campo para avaliar se vão se regenerar, se ganharão ou perderão carbono ou se podem evoluir para o desmatamento”, disse.

Degradação da Amazônia

No fim de agosto, o Inpe divulgou pela primeira vez o mapeamento de áreas de degradação florestal na Amazônia Legal nos anos de 2011, 2012 e 2013, feito pelo projeto Mapeamento da Degradação Florestal na Amazônia Brasileira (Degrad).

O objetivo da iniciativa é identificar, por meio de imagens de satélite, as áreas expostas à degradação florestal progressiva pela exploração seletiva de madeira, com ou sem uso de fogo, mas que ainda não sofreram o corte raso.

Os dados do levantamento apontam que a taxa de degradação na região nesses três anos foi a menor registrada desde o início da série histórica do projeto, em 2007, e acompanha a tendência de queda de desmatamento por corte raso na floresta verificada pelo Prodes após 2005.

“É preciso investir em um sistema de monitoramento em escala nacional que abranja e leve em conta as particularidades dos diferentes biomas brasileiros que também possuem tanta relevância na regulação do clima, conservação da biodiversidade e diversas funções ecossistêmicas como a Amazônia”, afirmou Bustamante.

Região do Cerrado, onde se constata a perda da biodiversidade e o avanço da agropecuária, onde antes eram campos de Cerrado. Poucas e pequenas são as unidades de conservação e as terras indígenas; acentuada urbanização evidenciada pela concentração de cidades. Estima-se que menos de 50% do Cerrado restou preservado, e o avanço da agropecuária ameaça as áreas restantes.
É mais fácil monitorar e identificar a degradação da Amazônia em comparação com outros biomas brasileiros, porque ela tem uma vegetação mais fechada e, por isso, as clareiras provocadas por derrubada de árvores, por exemplo, podem ser notadas mais facilmente.
Já o Cerrado tem vegetação mais aberta, com maior sazonalidade de árvores, arbustos e gramíneas, dificultando a identificação das áreas degradadas.

“A grande ênfase no monitoramento de degradação florestal no Brasil tem sido na Amazônia, mas a Embrapa está desenvolvendo, em parceria com o Inpe e a Universidade Federal de Goiás, um sistema de classificação das terras do Cerrado”, contou Keller.

O Serviço Florestal Brasileiro (SFN) está avançando no desenvolvimento do Inventário Florestal Nacional do Brasil (IFN-BR), contou Joberto Freitas, pesquisador da instituição, durante palestra no evento.

A ideia é que os dados do inventário sejam integrados com os de sensoriamento remoto para monitorar a degradação florestal nos diferentes biomas.

“Muitos países, como os Estados Unidos, utilizam sistemas de monitoramento integrado como esse que o Brasil pretende desenvolver e esse é o caminho que o país deve seguir”, avaliou Keller.

“O monitoramento da degradação utilizando dados integrados funciona muito melhor do que quando apenas baseado em dados de satélite ou só por meio de inventários de florestas”, afirmou.

REDD+

Além do controle florestal, o monitoramento da degradação é importante para o Brasil e outros países em desenvolvimento definirem estratégias de promoção de aumento de cobertura vegetal e pedirem compensações financeiras por isso, como previsto pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

O organismo internacional ligado ao IPCC instituiu um mecanismo, denominado REDD+ ou REDD plus, que permite a remuneração de países em desenvolvimento por seus resultados no combate ao desmatamento e à degradação florestal.

A questão é que ainda não se sabe de que forma os países poderão comprovar o controle da degradação florestal, uma vez que não há uma linha de base para distinguir as suas causas – que podem ter origem em uma perturbação natural, como um período de seca intensa, ou na ação humana.

Além disso, não há uma definição clara de degradação florestal entre os próprios países signatários da UNFCCC .

“Do ponto de vista de alguns cientistas e países, a degradação é a perda no longo prazo da capacidade da floresta de continuar exercendo suas funções”, disse Thelma Krug, pesquisadora do Inpe e vice-presidente de uma força-tarefa do IPCC sobre inventários nacionais de gases de efeito estufa.

“Por outro lado, há cientistas e países que dizem que, se a função da floresta for recuperada plenamente, isso não seria degradação”, ponderou.

Segundo Krug, não há intenção de definir o conceito nas negociações climáticas internacionais para não dificultar o processo. “Se um determinado país não se vir refletido na definição de degradação ou de desmatamento em uma negociação, não é possível obter consenso.” 


Fonte: Agência FAPESP - Por Elton Alisson

sábado, 6 de setembro de 2014

PARTIDOS UNIDOS PELO MAL

Pelo menos, essas eleições servirão para demonstrar que não existem diferenças significativas entre PT e PSDB. Ambos estão de tal forma mimetizados no desenvolvimentismo a qualquer preço, que mal dá para encontrar alguma diferença. Até a forma de fazer política, essa política corrupta e comprometida com o passado, até nisso esses dois partidos são rigorosamente iguais! Mas parece que o povo ainda não acordou!

Para deixar mais evidentes essas (curiosas) semelhanças, basta lembrar que o PSDB inventou o mensalão, com o mesmo operador: MARCOS VALÉRIO, para a eleição de EDUARDO AZEREDO! Ali, em Minas Gerais, terra de Azeredo e Valério, os conchavos foram firmados, e o sucesso foi tamanho que o PT "pediu emprestado" o ESQUEMA, para usá-lo na campanha eleitoral de LULA, que já estava cansado de tentar ser presidente. Estava criado o Mensalão Mineiro, ou Mensalão Tucano, ou ainda, o Tucanoduto!

Nas eleições de 2002, já com a certeza de que este é o PAÍS DA IMPUNIDADE, a GANGUE DO PT assumiu o comando, conservando, porém, o "experiente" operador Marcos Valério. E fizeram "tão bem" o negócio que uma verdadeira quadrilha tomou posse do Palácio do Planalto, junto com o "inocente" LUIZ INÁCIO 'LULA' DA SILVA! E todos chafurdaram na lama da corrupção, arrecadando milhões, como DILMA faz agora, e com os mesmos "DOADORES DE CAMPANHA": OAS, ANDRADE GUTIERREZ e FRIBOI.

Mas nem o Mensalão Mineiro, nem o Mensalão do PT foram realmente penalizados: ZÉ DIRCEU e ZÉ GENOÍNO estão praticamente soltos, assim como JOÃO PAULO CUNHA, DELÚBIO SOARES e LUIZ GUSHIKEN (este, falecido e transformado em "herói"), e o STF é, hoje, como sempre o PT queria: ali não passa mais nada que possa "ofender" os interesses do Partido dos Trabalhadores! Prova disso é a atuação de Dias Tóffoli como presidente do TSE: afirmou, descaradamente, no TRE de São Paulo, que os juízes "deveriam atuar com muito cuidado para não prejudicar os candidatos" (ficha suja). É claro que se referia a PAULO MALUF, que ele acabara de presentear com a negação do pedido de impugnação de candidatura, assim como JOSÉ ROBERTO ARRUDA (candidato a governador do DF), uma vez que esses bandidos jamais foram "ficha limpa"! Maluf teve uma participação vergonhosa na política paulista, sendo acusado de inúmeros crimes de prevaricação e superfaturamento de suas obras faraônicas! Isso é notório! O Mensalão Mineiro foi desmembrado para instâncias primárias para assegurar que ninguém, a curto prazo, seria condenado, embora os crimes tenham sido cometidos em 1998.


Outro "ilustre aliado" de LULA e do PT é RENAN CALHEIROS, envolvido em praticamente todos os crimes políticos de seu estado, Alagoas, coincidentemente o mesmo estado de FERNANDO COLLOR DE MELLO, que DILMA ROUSSEFF comparou, estupidamente, a MARINA SILVA! Que idiota! Renan está sendo denunciado pela participação na quadrilha da PETROBRÁS, mas ele sabe que nunca será pego. JOSÉ SARNEY que agora foge da raia e abandona a política, foi denunciado por inúmeros crimes políticos em seu estado, o MARANHÃO, mas antes de se "aposentar" conseguiu colocar toda sua família no bando que domina a politicagem maranhense. Até um livro foi publicado, revelando as práticas indecentes da "FAMIGLIA SARNEY": "HONORÁVEIS BANDIDOS"! Curiosamente, esse livro desapareceu das livrarias pouco tempo depois de seu lançamento.

Mas falemos dos "ilustres" parceiros do PSDB de outro FERNANDO, o HENRIQUE CARDOSO. Em seu primeiro mandato, manteve a cotação do dólar em paridade com o REAL. Mas, quando resolveu liberar o câmbio, tornando-o flutuante, muitos membros de sua equipe econômica compraram DÓLARES a UM REAL e esperaram a divulgação da mudança de gestão cambial. Ficaram ricos da noite para o dia! E nem mencionei as PRIVATIZAÇÕES! Só a Vale do Rio Doce representou um desastre de avaliação: seu preço foi estabelecido em 3,4 BILHÕES de reais, equivalente a um ano de faturamento dessa que é uma das maiores siderúrgicas do mundo! Apenas o seu lucro, em 2012, ficou em OITO BILHÕES DE REAIS! 

Mas o grande parceiro do PSDB é o DEMOCRATAS, cujo significado do nome nada tem a ver com a verdadeira Democracia. Esse partido é o resultado do desdobramento da ARENA, partido que apoiava a Ditadura Militar, transformada em PDS e, depois, em Partido da Frente Liberal (PFL), e, finalmente, DEM! O PP, Partido Progressista de Maluf, resultou da fragmentação do PFL. Em Brasília, seguindo a cartilha do PSDB e do PT, o DEM (de "demônio") também criou seu próprio mensalão, mais simples e menos espalhafatoso, mas com os mesmos resultados. Um bando de políticos ligados à política local acabou sendo reconhecido como membros da quadrilha. E, da mesma forma que o PT e o PSDB, esses "democratas" não foram punidos. Permanecem soltos, livres e "cantando de galo" nas eleições de 2014.


Outra "semelhança" entre o PT e o PSDB é seu delírio pelo AGRONEGÓCIO. Basta constatar onde estão os políticos da maldita BANCADA RURALISTA: todos eles estão sob as siglas dos partidos políticos de sustentação da "BASE PARLAMENTAR" desses dois partidos, os "capo di tuti capi"! Os "PODEROSOS CHEFÕES" da máfia política do Brasil! O agronegócio surgiu durante a ditadura militar, mas foi o PT quem mais apoiou esse bando de inimigos da Natureza, concedendo-lhes créditos quase ilimitados, a juros subsidiados, oferecendo, algumas vezes, o perdão da dívida em troca de apoio político.

Portanto, não pretendo detalhar muito os fatos, que são de conhecimento público e podem ser acessados pela Internet, pelo Google, pelo Bing e nos arquivos dos jornais brasileiros. Nada do que eu disse é novo, e nada deveria causar surpresa entre os eleitores. No entanto, o que realmente CAUSA SURPRESA é a estupidez dos eleitores, que votarão nesses cretinos, e assegurarão a maioria na Câmara e no Senado, tanto para os MENSALÕES DO FUTURO, como para a desgraçada BANCADA RURALISTA! E ainda nem perceberam que NENHUM DEPUTADO E NENHUM SENADOR JAMAIS FARÁ NADA EM DEFESA DO POVO! E, se fizerem, é porque a CONTRAPARTIDA será compensadora! Não é a toa que duas grandes empreiteiras, OAS e ANDRADE GUTIERREZ, e o maior grupo do NEGÓCIO DA CARNE no Brasil, a FRIBOI, são os maiores financiadores das campanhas de DILMA ROUSSEFF e de AÉCIO NEVES!

Não sei se fui claro: quem vota no PT ou é burro, ou é conivente, ou tem outros interesses, muito maiores, para tentar manter no poder essa escória que domina o Brasil desde que a DITADURA MILITAR entregou o poder aos civis... que interesse teriam eles, supostamente intelectuais de esquerda, para manter o PT no poder? Certamente, o "PLANO DE GOVERNO" do Partido dos Trabalhadores oculta algo muito mais comprometedor do que apenas ganhar dinheiro e se enriquecer com o dinheiro público, pois esse já conhecemos. A maior evidência é o inchamento da máquina pública, coom 40 ministérios e um número equivalente de secretarias especiais e assessorias. 

Outra evidência, talvez mais grave, é a participação dos movimentos sociais e das organizações não governamentais nas políticas públicas federais, pelo Decreto 8243/14, instituindo a PNPS - Política Nacional de Participação Social. Esse decreto e seus desdobramentos, praticamente, anulam grande parcela do Poder Legislativo, e significam a transformação do modelo político de governo, onde essas instituições substituiriam, a médio prazo, o poder executivo, na forma como hoje o entendemos. Não contestando, simplesmente, esse modelo de gestão, acreditamos, contudo, que o tema é de tal importância que deveria ser objeto de debates em todas as instâncias de representatividade popular, seja em seus aspectos jurídicos, sociais e econômicos.

Qual seria esse interesse oculto? A transformação do Brasil em uma ditadura marxista? É estranho eu, justamente um marxista confesso, denunciar publicamente essa pretensão petista, mas todos sabemos que tanto o CAPITALISMO quanto o COMUNISMO não conseguiram eliminar a pobreza, a injustiça, a desonestidade e a ganância de uma MINORIA. Nunca nenhum governo CAPITALISTA ou COMUNISTA realizou a JUSTIÇA SOCIAL, mantendo seus princípios éticos. Estão falidos como DOUTRINA e como PRÁXIS POLÍTICA. Os marxistas do PT são piores, pois se consideram superiores aos demais intelectuais do Brasil, que não compactuam com suas teses, nem com suas estratégias de se manter no poder.

Mas ainda não falei da crise mundial de energia, que abala as fontes de água do planeta. A desordem ambiental provocada pelo capitalismo consumista nos últimos 150 anos foi demais para que o mundo, tal qual o conhecemos, possa sobreviver. Cerca de 50% das florestas do planeta foram transformadas em carvão e levadas para a estratosfera em forma de gases do efeito estufa. Os modelos econômicos, que aí estão, se mostram incapazes até de discutir alternativas para a crise energética e seu sucedâneo: a crise de abastecimento de água potável, de muito maior impacto do que a crise energética, pois, hoje, já cerca de UM BILHÃO DE SERES HUMANOS vivem com a escassez crônica de água potável, e esse número mais do que duplicará até 2050. Não discutirei esse assunto.

A proposta do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL vem sendo construída nos últimos 40 anos, desde que a Conferência Mundial de Estocolmo, em 1972, lançou as bases para um debate intenso sobre a disputa ideológica entre "PRESERVACIONISTAS e DSESENVOLVIMENTISTAS", surgida no Clube de Roma, em 1968. Desde então, a cada 20 anos, volta-se a debater a quem se atribuir a culpa pelo AQUECIMENTO GLOBAL. Perdeu-se quarenta anos nessa discussão inútil, e o mundo continuou desperdiçando recursos, consumindo combustíveis fósseis, produzindo guerras para enriquecimento dos norte-americanos, e ludibriando a opinião pública, afirmando que o aquecimento global é um fato "natural" e, portanto, inevitável!


Agora que a quase totalidade dos cientistas concorda que o ser humano acelerou esse processo "natural", o tempo que resta para as decisões verdadeiramente importantes está se esgotando. E é justamente neste sentido que poderemos encontrar a VERDADEIRA DIFERENÇA entre a briga pessoal desses dois partidos, PT e PSDB, e a proposta de MARINA SILVA e da REDE SUSTENTABILIDADE: uma proposta de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL que se apóia no tripé: SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA, SOCIAL E AMBIENTAL. Todo tripé só se mantém rígido enquanto seus três pés estão solidamente assentados no solo. Portanto, precisamos efetuar profundas transformações na forma como lidamos com nossos recursos naturais, e impedir (se for possível) ou reduzir (se for inevitável) os impactos da irresponsabilidade de um século e meio devastando o mundo! É necessário e urgente que mudemos o modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental!

Portanto, a única via, a TERCEIRA VIA de MARINA SILVA e daqueles que estão com ela, é uma grande revolução na forma como fazer política, ainda que abalando as bases que sustentam essa FALSA DEMOCRACIA. Já não há mais tempo para discussões pífias. É preciso agir em defesa de nossa sobrevivência. Vejam os alertas da Natureza: tufões no sul, enchentes no Acre, seca em São Paulo, o mais baixo nível do Rio São Francisco em sua história... e isso é apenas um aviso, pois o pior ainda está por vir.

Se interesses menores continuam conduzindo a campanha TORPE de AÉCIO NEVES e DILMA ROUSSEFF, a responsabilidade final não pode ser atribuída aos dois, mas a todos os eleitores que optaram por manter posições ideológicas estúpidas, ou se vão admitir, finalmente, que O PT NÃO É MAIS UM PARTIDO ÉTICO, assim como o PSDB. Eu lamento muito que tenhamos chegado a essa situação vergonhosa, mas permanecer no barco furado, esperando pela tragédia anunciada, é muita burrice!

Chega a ser patético!