sexta-feira, 22 de junho de 2012

RIO + 20: um evento a se esquecer e lamentar?

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se reúne com representantes da Cúpula dos Povos, e recebe documento preliminar com demandas das organizações da sociedade civil no evento paralelo à Conferência das Nações Unidas, Rio+20. (©Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr) 
Termina hoje a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com a publicação do documento intitulado: "O Futuro que Queremos". Na prática, foram três eventos paralelos: a conferência em si, com representantes diplomáticos e líderes mundiais, a Cúpula dos Povos, constituída de organizações não governamentais e movimentos populares de todo o planeta, e o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para um  Desenvolvimento Sustentável, que para cá vieram na expectativa de um despertar de consciência, enquanto o mundo em que vivemos ainda tem possibilidade de se recuperar da devastação cometida contra ele nos últimos duzentos anos, principalmente.

A Ciência já denomina nossa era como um novo período geológico, o "Antropoceno", caracterizado pela intervenção humana nos processos naturais, modificando os sistemas interligados dos oceanos e do ciclo das águas, das florestas e da vida animal, exceto o próprio homem. Já poderíamos até repensar a espécie humana, não como descendente do Homo Sapiens, mas de um ser predatório, que nem sequer respeita a própria possibilidade de sobrevivência de sua espécie, como o fazem todos os seres vivos desse planeta.

A Rio + 20 foi um tremendo fiasco, se considerarmos apenas a participação dos diplomatas e  dos dirigentes mundiais que para cá vieram apenas como signatários de um documento de conteúdo frágil e sem significado relevante para a preservação da Natureza. No entanto, foram meses de preparação e de diálogo da Sociedade Civil, de Cientistas e de Diplomatas, foram quase duas semanas de discussões e manifestações populares, compreendendo não apenas o Meio Ambiente, mas também a questão crucial de um modelo de produção e de consumo mais sustentáveis, além dos aspectos sociais da pobreza, da fome, da discriminação racial e social, das minorias étnicas...

Mais do que um simples documento formal, foi o espaço político quem dominou a cena e determinou a transformação do pensamento nesse período de intensas interações de mentes e ideologias distintas e, muitas vezes, conflitantes. Durante muito tempo essas sementes evoluirão, podendo dar origem a um novo Pensamento Político mundial. Isso depende, exclusivamente, da Sociedade Civil e de suas organizações políticas não atreladas a partidos, a regimes, a governos. Serão essas correntes de pensamento que poderão, não apenas salvar a Humanidade, mas também produzir a mais impressionante revolução cultural de que se tem notícia! O engajamento dessas pessoas que determinará o sucesso da Rio + 20, e não os seus participantes formais, que respondem apenas às ordens do poder.

Chegou o momento de uma Rebelião Civil que possa rechaçar a política tradicional, corrupta e comprometida, definitivamente! Chegou o momento de bloquear os sistemas econômicos tradicionais, forçando a construção de uma nova era de prosperidade, mas não baseada no consumismo e no desperdício. Já não bastam os modelos políticos, econômicos, burocráticos, industriais, alimentícios, energéticos, financeiros, agrícolas, comerciais!  Estes mostraram-se falidos, assim como esse Capitalismo Globalizado e hipocritamente "Liberal"!

O despertar para uma nova Era de Paz e de Prosperidade pode se dar em dois momentos: agora, no calor desta batalha sem vencedores, com a mobilização das pessoas do Bem, ou depois de um grande desastre ecológico, econômico e social, quando a tragédia for de proporções tais que não haverá alternativa de manutenção desse modelo fracassado. Caberá a nós decidir quando queremos buscar a saída, olhando para o futuro, ou lamentando o passado. Seja qual for a decisão, é necessário despojar do poder as pessoas do Mal, aquelas que só pensam em si mesmas e que são capazes de sacrificar seus próprios filhos para preservar os privilégios imorais que conseguiram à custa do sofrimento de tantas vidas.

A Rio + 20 terá sido em vão se nada disso acontecer, e a Humanidade continuar a agredir o Meio Ambiente, a desprezar os pobres, a desperdiçar o tempo que resta para a tomada de decisão. Se os políticos podem esperar porque sua vida acontece em turnos eleitorais e em períodos de corrupção e safadeza, a Terra não terá a mesma complacência com seus habitantes mais mesquinhos: haverá um momento de deflexão, um ponto de mutação que, transpassado, não concederá a possibilidade de retorno... 

...e você, o que fará daqui para a frente?

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