sexta-feira, 2 de março de 2012

O "repouso" do incompetente e desleal "guerreiro" ruralista

Aldo Rebelo, que foi o grande responsável pela aprovação do "novo" Código Florestal e principal porta-voz da famigerada "bancada ruralista" no Congresso nos últimos dois anos, encontrou uma pasta ministerial onde não tem nenhuma expressividade política: a dos Esportes! Mesmo com a importância da Copa do Mundo de Futebol, que se realizará no Brasil em 2014, o Ministério dos Esportes não representa nada no espectro político nacional. Dilma, ainda que não fosse intencional, neutralizou o incompetente político que vendeu sua alma e a de seu partido, o PCdoB, para satisfazer à vontade política da vertente mais podre da política nacional: a dos ruralistas.

Lamentavelmente, o mal já está feito, e pagaremos por isso para o resto de nossas vidas e de nossos filhos e netos, pois o Meio Ambiente nunca se recuperará dos desastres ecológicos que ainda estão por vir, causados pela legislação frouxa e esdrúxula que substituiu o nosso Código Florestal. É curioso como aspecto tão importante de nossa vida política, econômica e social, a Natureza não desperta nenhuma atenção, seja da "classe política", seja dos economistas, seja dos próprios ambientalistas, que ainda não perceberam a gravidade da situação.

O que mais nos entristece é saber que, em um futuro muito próximo, a maior riqueza da Terra será seus recursos hídricos e, no entanto, nada se faz para preservá-los. Curiosamente, mesmo os cientistas e astrônomos que afirmam que a primeira característica de um ambiente propício à vida é a presença de água no estado líquido, não se articulam para defender nosso planeta! Os recursos hídricos são abundantes na Terra;no entanto, a água doce, que é apropriada para o consumo humano, representa menos de 2,5% de toda água existente, e se encontra assim distribuída:

- 68,9% nas calotas polares, montanhas geladas e glaciares;
- 29,7% em aquíferos subterrâneos;
- 0,9% nos cursos d´água: rios e lagos;
- 0,5% em outros reservatórios (nuvens, vapor d’água
, açudes, represas...).

Vale lembrar que todo derretimento das calotas polares, bem como dos glaciares, conduz a água para o mar, tornando-a salgada e, portanto, imprópria para o consumo. A água salgada pode ser transformada em água potável, porém o custo dessa transformação é extremamente elevado e economicamente inviável com a tecnologia atual. Também é importante ressaltar que os rios e lagos estão cada vez mais comprometidos pela poluição, seja pelos esgotos domésticos ou industriais, seja pelos agrotóxicos levados pelas chuvas, reduzindo a disponibilidade de água potável, seja pela própria redução drástica de seus volumes em decorrência de fatores humanos, tais como a destruição das matas ciliares, a formação das pastagens para criação extensiva de gado, e os latifúndios e monoculturas de soja, de milho, de algodão e de cana de açúcar.

Essa é a herança deixada por esse político, felizmente agora confinado em seu gabinete ministerial, e incapaz de prejudicar ainda mais o Meio Ambiente. É uma pena que não se possa fazer o mesmo com cada elemento da bancada ruralista, antes que se reagrupem para mais um assalto à Natureza, em favor de seus exclusivos interesses mesquinhos e suas ambições pessoais. O enriquecimento desmesurado dessa subclasse minoritária da população se deve à expansão, muitas vezes desonesta, das fronteiras agrícolas, avançando sobre áreas de proteção permanente através de artifícios como a ocupação ilegal, o desmatamento e a posse truculenta da terra por pressões dos latifundiários e de seus jagunços sobre minorias étnicas desprotegidas: quilombolas e indígenas.

Aldo Rebelo, lamentavelmente, deixará seu nome incrustado nas páginas da história de nosso país; porém, seus descendentes não sentirão orgulho de seus "feitos", pois saberão que ele terá sido um dos maiores responsáveis pelo trágico destino de nossas florestas, seus rios e seus habitantes originários: os indígenas, quilombolas, animais silvestres, ribeirinhos, pescadores e pequenos agricultores familiares, usurpados de suas terras e de seus paraísos naturais.

3 comentários:

Spectro disse...

Aldo Rebelo com certeza é só mais uma anta que participa da política. Nao vale a pena nem falar sobre esses pseudo-intelectuais que dominam as colunas fantasmas de filosofias mortas, como a propria democracia. Fato que eu quero comentar é que só morando fora do pais eu acabei conseguindo ver (normalmente na TV) um documentário sobre o Amazonas (nao somente o rio como a floresta inteira) que se explica o desenvolvimento daquela floresta maravilhosa. Unnatural Histories ( http://www.bbc.co.uk/programmes/b0122njp ) fala exclusivamente sobre o fato que de a Amazonia so existe por causa da ocupacao humana, e que todos os lados discutindo o que fazer com esse "patrimonio" planetário estão errados, justamente porque o amazonas nao pode sobreviver sem humanos... É necessario aprender a conviver com a natureza para que se monta dar manutencao na floresta, o que é bem interessante de entender. Mas o fato que mais me chama atencao é que eu sou um brasileiro que sempre quis entender e conhecer todo o processo de tudo sobre a amazonia, e no Brasil, isso é praticamente impossivel, pois o nível de desinformacão é absurdo. Por isso que se consegue aplicar sistemas como o novo código florestal que é absurdamente rídiculo e a populacão fica passiva, justamente porque é muito longe da casa deles e ninguem sabe como entender e conviver com a naturesa é incrível essa desconexão.

Você ainda comenta sobre agua de aquiferos, e me faz pensar justamente no aquifero guarani, que até onde eu sei, é o maior reservatório de agua subterranea no planeta, e a maior parte esta sob o Brasil, e o brasileiro não sabe disso. Não sei aonde esse pais vai parar se nao houve educacão politica pra essa populacão, porque é um dos povos mais passivos com o pais mais rico no mundo, se a populacão não tomar as redeas desse governo, quando todos perceberem ja será tarde demais.

João Carlos Figueiredo disse...

Obrigado, caro "Spectro"!

Compartilho suas considerações... morei um ano em São Gabriel da Cachoeira, no coração da Amazônia, na região conhecida como "Cabeça do Cachorro", divisa com a Venezuela e Colômbia. É ainda uma região preservada, com a floresta exuberante e plena de vida, inclusive de 23 etnias indígenas, com uma cultura tradicional riquíssima e interessante.

Mas essa riqueza tem seus dias contados, pois grandes mineradoras, entre elas a Votorantim e a Vale do Rio Doce, bem como outras multinacionais, estão "de olho" no ouro, nos diamantes e nos minérios que existem em solo das terras indígenas, esperando apenas que o Congresso aprove a proposta de Romero Jucá, paradoxalmente ex-presidente da FUNAI, e que hoje enterra uma tora nas costas desse povo indefeso. A promessa é de 2% para os índios e 98% para a mineradora! Justo, não é??? Mais uma vez, obrigado pelos comentários!

João Carlos Figueiredo disse...

Complementando as considerações a respeito de Spectro, não é verdade que a Amazônia só existe porque houve a ocupação humana. A Amazônia existiu sempre, por milhares de anos, justamente porque os brancos e sua "civilização" não a conheciam, e os indígenas sempre conviveram com a floresta com muito pouca interferência em seu ciclo de vida natural. Em menos de 100 anos já conseguimos destruir 25% de toda Amazônia Legal, mais da metade de Mato Grosso e Rondônia e quase a metade do Pará. Seguindo neste ritmo, até 2050 não haverá mais nenhuma árvore em pé na Amazônia!