domingo, 18 de julho de 2010

As mentiras de Aldo Rebelo e da Bancada Ruralista

Na postagem anterior reproduzi notícia do jornal "O Estado de São Paulo" a respeito de um debate havido entre Aldo Rebelo, representante do agronegócio, e diretores das ONGs Greenpeace Amigos da Terra. A questão é a reforma do Código Florestal Brasileiro. Não vou repetir aqui os argumentos já expostos em outras postagens, mas alertar para a mentira que vem sendo repetida pelos ruralistas, dentre eles o deputado Aldo Rebelo do PCdoB.

A afirmação de que a maioria dos agricultores brasileiros vive na ilegalidade por cometer crimes ambientais é verdadeira. No entanto, ela contém duas mentiras: a primeira é que o Código Florestal precisaria ser modificado para tirar esses lavradores da ilegalidade. O que se precisa é exigir o respeito às leis desse país. De que adianta ter uma legislação ambiental se ninguém a cumpre? Hoje, áreas de preservação permanente como mangues, topos e encostas de morros, margens de rios, veredas, entre outras são devastadas sem que nada aconteça aos proprietários dessas terras. Até mesmo áreas de afloramento do lençol freático são contaminadas por agricultores e indústrias poluentes impunemente.

O Código Florestal, bem como toda a legislação ambiental complementar precisam ser respeitados. Estudos de Impacto Ambiental precisam ser feitos antes de se agredir o meio ambiente com obras irregulares, ocupações de APPs e uso indiscriminado de agrotóxicos.

A segunda mentira é que essa modificação proposta para o Código Florestal não visa colocar na legalidade os pequenos produtores rurais, que muitas vezes nem sabem que estão na ilegalidade, mas sim isentar de punição os grandes latifundiários desse país, que muitas vezes tomaram posse de terras de forma irregular, invadiram áreas de preservação permanente, derrubaram ou incendiaram a mata nativa que deveria ser preservada, criaram gado e plantaram soja até a terra se tornar improdutiva e depois a abandonaram impunemente.

Esses magnatas descarados não assumem sua responsabilidade pela preservação do meio ambiente e ainda têm a cara de pau de dizer que a responsabilidade pela recuperação das terras devastadas por eles é tão e exclusivamente do governo federal. Como é possível?

E o senhor Aldo Rebelo, que traiu seus companheiros comunistas, tornou-se arauto dessa tropa de choque do Congresso Nacional e aderiu aos argumentos da famigerada bancada ruralista, defendendo a destruição de nossas matas, florestas, montanhas e rios em uma única "reforma", que nada mais é do que uma aberração jurídica e uma ofensa à nossa inteligência!

12 comentários:

Preservação Sustentável disse...

A ATITUDE CORRETA É MUDAR A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL:

1) todo produto contenha no rótulo o seu CA (Custo Ambiental), a ser pago pelo consumidor, gerando recursos para um FA (Fundo Ambiental);
produtos básicos podem ser subsidiados por supérfluos;
é justo, pois cada um paga na proporção de seu próprio consumo;
já há recursos da cobrança pelos usos da água, FEHIDRO, etc;

2) o Estado, representando os consumidores e a Sociedade Beneficiada, administre o ônus da Preservação usando o FA para PSA (Pagamento dos Serviços Ambientais);
é justo que o possuidor receba um valor coerente com a importância da Preservação, pelos SAs prestados pelas obrigatórias RLs (Reservas Legais) e APPS (Áreas de Preservação Permanente) em áreas particulares, assim como pelas voluntárias RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural).

I) com o PSA passaremos a ter DIREITO AOS “RECURSOS ESTRANGEIROS” (créditos de carbono, etc), mas com a atual LA, NÃO TEMOS;

II) premiar quem preservou por meio do PSA retroativo e não punir quem desmatou, pois produziu e produz produtos que também necessitamos;

3) prever a expansão urbana para a classe pobre nas periferias urbanas de forma legal, controlada e sustentável, preservando APPs e RLs num total de 50% da área; criar mecanismos que permitam a ocupação residencial vertical nos casos em que as APPs e RLs excedam 50% da área;

4) estabelecer qual é o objetivo da RL e de cada APP, com mecanismos racionais para avaliar de forma técnica e científica os limites necessários e compensações para atingir o objetivo em cada local específico.


ESTÁ CRIADO UM CÍRCULO VIRTUOSO

1) conscientiza o consumidor e os produtores induzindo o investimento em tecnologias limpas reduzindo o Custo Ambiental dos produtos, reduzindo a devastação, a poluição, o aquecimento global, etc;
2) conscientiza e induz os particulares a Preservarem as RLs e APPs e a criarem RPPNs;
3) resolve o problema de expansão urbana;

Isto acaba com esta polêmica e com este Estelionato Ambiental, pois atende os ambientalistas de verdade e também os chamados ruralistas.

Vinícius Nardi, por uma Preservação e Desenvolvimento Justos, Sustentáveis e Eficientes.
v.nardi@ig.com.br

Preservação Sustentável disse...

ESTELIONATO SÓCIO AMBIENTAL?

Como acabar com esta situação na qual ricos e médios obtém vantagens injustas em prejuízo dos pobres?

Quer saber qual é a verdade e como fazer para PRESERVAR de forma Sustentável?

Assista os 4 vídeos no You Tube das Reportagens do GLOBO RURAL de 12out08. Link para “Serviços Ambientais em Extrema – Parte 01/04”
http://www.youtube.com/watch?v=cX7t9erR1OM&feature=related

Preservação é fundamental, mas tem que ser Justa e Eficiente, com Preservação e Ocupação Sustentáveis: manter obrigatórias as RLs (Reservas Legais) e APPS (Áreas de Preservação Permanente); estabelecer qual é o OBJETIVO da RL e de cada APP; avaliar de forma racional, técnica e científica os limites necessários e compensações para atingir o objetivo em cada local específico; prover justo PSA (Pagamento pelos Serviços Ambientais).

Ciro Siqueira percebeu que o termo ESTELIONATO AMBIENTAL, usado pela Marina Silva se referindo ao projeto do novo Código Florestal, na verdade se aplicaria na LA (Legislação Ambiental). Ver no link:
http://cirosiqueira.blogspot.com/2010/07/marina-tem-razao-o-codigo-florestal-e.html

O Estelionato é previsto no art. 171 do Código Penal: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:”

Parece agir com hipocrisia alguém que se intitula ambientalista e diz ter preocupação social, mas defende a atual LA que na realidade configuraria um ESTELIONATO SÓCIO AMBIENTAL: “alguns chamados ambientalistas, querem obter para si e outros, a maioria nas classes média e rica, vantagem injusta, em prejuízo dos chamados ruralistas, a maioria na classe pobre, induzindo a Sociedade em erro mediante artifícios, manipulação de informações e da opinião pública, encobrimento de interesses e da realidade, nada louváveis, sob a louvável bandeira da Preservação”, como tentamos demonstrar a seguir:

1) alguns chamados ambientalistas induzem em erro, pois:

I) afirmam que a atual LA é das mais avançadas do mundo, omitindo que ela NÃO É SUSTENTÁVEL e é Inaplicável, pois é Socialmente Injusta, Arbitrária, Irracional, Infundada, Ineficaz, etc.

II) omitem que a LA pune quem Preservou ao impedir o uso econômico de áreas preservadas, enquanto premia quem Desmatou ao permitir o uso nas áreas desmatadas;

III) omitem que a LA inviabiliza a ocupação residencial sustentável nas periferias das cidades, induzindo os pobres à uma ocupação ilegal e descontrolada, levando à favelização e devastação total;

IV) omitem que o Código Florestal de 65 impôs aos donos de terras (que eles achavam que eram ricos latifundiários) o ônus de Preservar ante a incapacidade, pela pobreza do Poder Público, sendo que isto é injusto e indevido, pois baseado em premissas falsas uma vez que o Poder Público é rico, apenas gasta mal, e os crucificados donos de terras, os atuais ruralistas, são formados por mais de 80% de pequenos agricultores pobres;

V) etc;

2) os outros privilegiados que obtém vantagens injustas são os das classes média e rica, localizados nas áreas urbanas:

I) estes privilegiados são os reais causadores da devastação, poluição, aquecimento global, etc, pois ninguém produz se não houver quem compre;

II) estes privilegiados também tem obrigação de Preservar, mas não a cumprem; nunca respeitaram a LA em suas propriedades urbanas e continuam não respeitando nos novos empreendimentos;

III) estes privilegiados tem poder econômico para pagar o CA (Custo Ambiental) de cada produto que consomem, ou seja os SAs (Serviços Ambientais) que usufruem e necessitam para compensar o impacto ambiental causado pelo seu consumo, mas nada pagam.

3) os prejudicados que sofrem o prejuízo, são os chamados “ruralistas”, mais de 80% pobres, que tem áreas a serem preservadas praticamente confiscadas, pois não recebem valor justo pelos Serviços Ambientais prestados principalmente aos médios e ricos;

João Carlos Figueiredo disse...

V.Nardi, concordo em parte com suas propostas e, assim como todos os ambientalistas também estão de acordo. O que não é admissível é apagar o passado e dizer que quem cometeu crimes ambientais deve ser anistiado! Assim é muito fácil, não é mesmo? Vamos então anistiar todas as dívidas e inadimplências do passado e escrever um novo PASSADO! Idéia ridícula, não é mesmo? Quem desmatou, quem invadiu terras de áreas de preservação permanente sabia que estava cometendo um crime e, apesar disso, se enriqueceu explorando terras públicas! Os ruralistas NÃO estão pensando nos pobres, mas em si mesmos, tentando fazer o que fizeram com dívidas passadas e que o governo sempre perdoou; basta lembrar as dívidas fiscais impagáveis dos usineiros de açúcar. Hoje eles são ricos e poderosos; mas nem mesmo assim, desfrutando das benesses do poder público, tiveram condescendência com o meio ambiente ou com as populações carentes.

O que não é possível, o que não é admissível é empurrar garganta abaixo uma reforma feita apenas pelos latifundiários, sem ouvir os ambientalistas, sem ouvir as populações carentes, quilombolas, indígenas! Essa "reforma" que se propõe é para enganar os incautos que caem no "canto da sereia" dos poderosos latifundiários desse país! Já passamos cinco séculos suportando a pressão do poder econômico sobre os menos favorecidos; agora é a vez de mudar essa equação e dar um basta! nos privilégios de "castas" que se acham melhores que o povo.

João Carlos Figueiredo disse...

Quem devastou o Pará, o Mato Grosso, Rondônia e Goiás foram os plantadores de soja e criadores de gado. Quem acabou com as matas do Estado de São Paulo foram os plantadores usineiros de açúcar. Eles afirmam que a responsabilidade por recuperar as áreas que eles próprios arrasaram com queimadas, motosserras, monocultura e agrotóxicos é do governo federal! Isso é inadmissível! Então, neste caso, a fortuna que eles amealharam explorando nossos recursos naturais deve ser do povo! Resdistribuição de renda, meu caro!

Se esses falsos "reformadores" querem insistir em propostas de "desenvolvimento sustentável" terão que arcar com as multas e punições pelo desastre ecológico que causaram no meio ambiente durante todo o processo histórico do Brasil. Como isso não é possível, vamos falar em Sustentabilidade sem esquecer a DISTRIBUIÇÃO DE RENDA" e a redução das imensas disparidades sociais que existem entre bilionários da soja, da cana de açúcar, da mineração, da pecuária!

Distorcer a verdade, como fazem vocês, mostrando mapas em que a área a ser desmatada é uma parcela irrelevante e concentrada em um canto da Amazônia é fácil. Isso vocês fazem muito bem! O difícil é explicar que essas terras devastadas estarão espalhadas por toda Amazônia, por todo Cerrado que já perdeu 50% de seus recursos naturais, por toda Mata Atlântica que já perdeu 97% de sua cobertura original, e o que restar ficará sujeito às reações da própria Natureza, que fará o restante, acabando com a maior riqueza do mundo, nossas reservas naturais!

Pensar grande não é o forte dos ruralistas: para eles, a beleza é apenas um imenso canavial, uma gigantesca plantação de soja, 200 milhões de cabeças de gado. As florestas, os rios, as montanhas com suas cavernas, isso não cabe na cabeça vazia de um latifundiário! Se 95% dos lavradores desse país são pequenos e micro-agricultores, vocês, ruralistas, representam apenas 5% da população agrícola do Brasil, talvez menos até! No entanto, querem esmagar com seu poder econômico a agricultura familiar e calar a boca dos brasileiros que não pensam como você$.

Vamos rever, sim, nosso Código Florestal, mas sem a pressão do poder econômico e sem a urgência de votar a lei antes das eleições de 2010, quando teremos uma mudança radical nas casas legislativas, que vocês temem; por isso a pressa, não é mesmo? Vamos rever também as leis que emperram a reforma agrária e a certificação de quilombolas. Vamos agilizar o assentamento de sem-terras e a demarcação de terras indgenas. Vamos pensar o Brasil do Brasileiros, e não o brasil dos oportunistas que se acham pessoas superiores ao próprio povo desta Nação!

João Carlos Figueiredo disse...

Vale ressaltar ainda que essa reforma proposta pelos ruralistas não acabará com as queimadas, nem com o abuso de agrotóxicos, e não favorecerá em nada a recuperação do meio ambiente já degradado. Não existe nada na proposta dos ruralistas que pense em diversificação de lavouras e em produção artesanal, nem em consórcio de lavouras e florestas. O que a EMBRAPA propõe, atendendo aos interesses dos latifundiários é substituir florestas nativas com imensa biodiversidade por plantações homogêneas de eucaliptos consorciadas com soja e criação de gado! Pasmem! Onde estará a biodiversidade dessa proposta?

A produção dos latifúndios visa o mercado externo, a exportação em grande escala. A produção dos agricultores familiares, dos horticultores visa abastecer a mesa dos brasileiros. Essa é a diferença que os ruralistas temem que seja exposta à reflexão! Eles dizem que fizeram audiências públicas para debater o "novo código"! Quem vai a essas audiências? O povo? Os intelectuais? Os pesquisadores? Claro que não! Quem vai às "audiências públicas" é uma claque convocada pelos interessados, com o propósito exclusivo de referendar o que se pretende!

Exemplo desse disparate foram as audiências públicas para definir a Transposição do rio São Francisco: perguntem se algum ribeirinho, alguma ONG, algum especialista em hidrologia de renome internacional, como temos tantos, compareceu às audiências! Além disso, elas foram realizadas em Salvador e Recife: essas cidades são banhadas pelo São Francisco? Mudaram a geografia do país? É assim que funcionam essas "audiências públicas"!

João Carlos Figueiredo disse...

Em minha expedição pelo rio São Francisco constatei cenas fantásticas e estarrecedoras! Fantástico foi saber que os ribeirinhos ainda conseguem plantar nos lameiros provocados pelas cheias e vazantes do rio, colhendo dali seu alimento sem agrotóxicos! Estarrecedor foi constatar a devastação quase absoluta do rio em toda sua extensão, provocada pela ocupação ilegal de APPs pelos latifúndios, derrubando toda sua mata ciliar e empobrecendo o rio! Estarrecedor foi constatar pessoalmente a violência dos latifundiários contra quilombolas e ribeirinhos, invadindo suas terras e expulsando essas populações simples e indefesas de suas propriedades, "legalizadas" depois pelos fazendeiros por meio de poderosas influências políticas!

Eu permaneci quatro meses no rio São Francisco, convivendo com sua gente e entendendo seus problemas, avaliando a situação de descaso das autoridades com o rio que mantém a vida de quinze milhões de pessoas que habitam suas margens.

Quem quiser conhecer essa VERDADE que não sai das mesas de pseudo-entendidos em meio ambiente, que leia meu livro: "Meu Velho Chico: memórias de uma expedição solitária" em http://lulanaoleu.blogspot.com/

Escrever uma tese sentado em uma escrivaninha e imaginando hipóteses artificiais pode levar a erros graves que, no futuro, resultarão em catástrofes irreversíveis! Esses ruralistas dizem: "se os Estados Unidos e a Europa já devastaram suas florestas, por que o Brasil deve preservar as suas?" PASMEM! Essa é a afirmação mais cretina que já ouvi em minha vida!

Não se iludam: os ruralistas, capitaneados pelo Aldo Rebelo do PCdoB, defendem apenas seus próprios interesses!

Preservação Sustentável disse...

Prezado João Carlos Figueiredo, eu não sou ruralista, nem pequeno, nem grande, Sou apenas um consultor que percebeu que a Legislação está intrinsecamente errada ao jogar todo o ônus da Preservação sobre os possuidores se áreas a serem preservadas que são praticamente confiscadas.

A Lei tem que mudar, pois a obrigação de Preservar tem que ser de toda a Sociedade Beneficiada pela Preservação e principalmente dos consumidores que são os que realmente causaram o Desmatamento, pois necessitam dos produtos que são extraídos ou produzidos nas áreas desmatadas.

Outro problema é que a Lei é arbitrária e também está funcionalmente errada, pois o Código Florestal de 65 foi feito por um pequeno grupo que não consultou a Sociedade e aprovado por um Congresso subjugado pelo Poder Militar. A maioria das alterações posteriores também foram feitas sem nenhuma consulta à Sociedade, por meio de Medidas Provisórias, decretos, resoluções, etc, sem nenhuma racionalidade, nem fundamentos técnicos e científicos, criando restrições absurdas muito além do que seria necessário para atingir os objetivos das RLs (Reservas Legais) e APPs (Áreas de Preservação Permanente).

A Lei tem que mudar e dizer apenas quais são os OBJETIVOS das RLs e APPs e criar mecanismos para analisar o que é necessário para atingir estes objetivos em cada local específico.

Eu não defendo criminosos como os que você citou no seu comentário, estes devem ser punidos.

Esta é uma das consequências nefastas de uma Legislação Injusta e Inaplicável, pois ela afasta os cidadãos de bem que querem fazer empreendimentos legais e deixa espaço para os do mal como estes criminosos que você citou.

Eu não conheço o meio rural, mas vi isto acontecer em São Paulo na Guarapiranga e Billings.

Por isto, eu defendo mudar a Lei Injusta e Inaplicável, pois para qualquer um que busque JUSTIÇA os motivos acima são mais que suficientes para mudar esta Legislação e torná-la Justa, Sustentável e Eficiente, que é a proposta que postei acima.

É simplesmente uma questão de JUSTIÇA.

E Justiça tem que ser retroativa, pois os efeitos Injustos do tempo em que a Lei vigorou Injusta tem que ser corrigidos.

Preservação Sustentável disse...

Fala dos chamados ruralistas como se fossem todos latifundiários, então percebo que isto é manipulação ou não viu os vídeos. Mais de 80% dos chamados ruralistas tem renda inferior a um salário mínimo, trabalhando todos os dias, sem fim de semana, sem feriados, sem férias, sem 13º, ou seja são POBRES.

Veja os vídeos e verifique a VERDADE.

Eu não sou a favor do projeto do Aldo Rebelo por várias razões, mas dizer que ele anistia e beneficia os latifundiários também significa manipulação ou que não conhece o projeto.

Pelas notícias na mídia, os latifundiários não gostam do projeto do Aldo, pois ele mantém as APPs e as RLs como estão, isentando a RL só no tamanho que o INCRA considera necessário para a subsistência da agricultura familiar, que é até quatro módulos fiscais de área. Para os latifundiários estes quatro módulos fiscais são insignificantes, não fazem a menor diferença.

Eu, embora não tenha a menor ligação com os latifundiários, vou sempre pela JUSTIÇA e não acho justa esta separação, pois é injusto que apenas alguns, ricos ou não, tenham que pagar pela Preservação que beneficia toda a Sociedade, principalmente os consumidores (estes sim a maioria urbanos das classes média e rica), os reais causadores do desmatamento.

O projeto não anistia e sim propõe reduzir ou cancelar as multas para que quem se comprometer oficialmente com a obrigação de recompor as Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente. Para fazer JUSTIÇA esta obrigação deve ser de toda a Sociedade Beneficiada, representada pelo Estado.

Além disto prevê um congelamento no desmatamento por cinco anos. Uma medida demagógica que também acho injusta, pois isto sim é premiar quem Desmatou e pode usar sua área livremente, enquanto pune quem Preservou e não poderá nem mesmo usar o que a Lei atual permite.

Enfim o assunto é complexo e concordo que não deve ser votado sem amplas discussões, mas não podemos concordar com a PROTELAÇÃO buscada por alguns que não querem JUSTIÇA e sim querem manter injusta e absurda como está, pois não defendem a Preservação e sim interesses inconfessáveis.

Atenciosamente,

Vinícius Nardi, por uma Preservação Justa, Sustentável e Eficiente.
v.nardi@ig.com.br

João Carlos Figueiredo disse...

Prezado Vinícius Nardi, agradeço suas contribuições para o debate dessa importantíssima questão que é a revisão de nossa legislação ambiental e não apenas para o Código Florestal.

Eu realmente não concordo em tratar os ruralistas como sendo uma classe social única, unida e dotada das mesmas características e propósitos no que tange o uso e ocupação do solo rural. É imprescindível que haja uma segmentação dos setores de exploração agrícola e pecuária por parte de grandes fazendeiros e latifundiários, daqueles pequenos e médios agricultores e, mais ainda, da agricultura familiar, que você cita em seu texto.

A agricultura extensiva e de monocultura tem uma responsabilidade e dívida social impagáveis, tanto pela forma como tomaram posse das terras, como pelo uso que dela fazem, pela aplicação intensiva e exagerada de agrotóxicos. A esses que têm acesso muito mais amplo à informação, que usaram de artifícios à margem da lei para se apossar de terras públicas e devolutas, e também de terras de populações tradicionais, como as indígenas e quilombolas, a esses ruralistas a lei não pode ser complacente.

O que ocorre nesse debate sobre a revisão do Código Florestal é que os políticos da bancada ruralista querem, como você, colocar todos na mesma "panela" e, dessa forma, se livrar das pesadas multas por crimes ambientais cometidos.

Hoje, o mundo está se conscientizando da responsabilidade das empresas sobre o meio ambiente. Prova disso é o fato de a BP, British Petroleum ter assumido espontaneamente a responsabilidade pelo imenso desastre ambiental ocorrido no Golfo do México.

Preservação Sustentável disse...

Caro João, eu concordo com a segmentação, tanto é que proponho que o Custo Ambiental dos produtos supérfluos subsidiem o dos produtos básicos, ou seja que os consumidores médios e ricos (sejam rurais ou urbanos) paguem pelos pobres.

O que é não concordo é que apenas uma parte, os médios e ricos RURAIS, paguem tudo, enquanto os médios e ricos URBANOS não pagam nada e não preservam nada.

Saudações, Vinícius

João Carlos Figueiredo disse...

Quanto às suas propostas de conceder estímulos fiscais a quem cumpre as leis e punir rigorosamente aqueles que agem à revelia das leis, tem o meu amplo e total apoio. Aliás, eu tenho afirmado a mesma coisa em minhas postagens e em minhas palestras por aí.

Volto a enfatizar que o erro dessa proposta a ser votada é que ela foi elaborada exclusivamente por um grupo de ruralistas da bancada do Congresso, que agora quer atropelar a Nação com uma proposta que em nada resolverá os problemas da devastação ambiental e, pior, anistiará (insisto neste conceito) a todos, indistintamente, concedendo também uma moratória de 5 anos sem desflorestamento, o que, de per si, já é uma mentira mal intencionada.

A proposta é, portanto, ouvir os segmentos interessados e competentes da população, de uma forma equilibrada e justa, para que a revisão de toda a legislação ambiental tenha efetividade em sua aplicação e severidade na punição dos crimes ambientais.

Não há como reiterar a importância e o valor social, econômico e cultural de nosso meio ambiente. O site que você recomendou, do Ciro Siqueira, remete a uma animação que tenta demonstrar que a parcela a ser afetada da Floresta Amazônica por esse novo código seria irrelevante em relação ao que restaria. Porém, ela induz a um erro de interpretação quando concentra as áreas a serem devastadas em um segmento contínuo de terreno.

Quem quiser ter uma compreensão correta desse desastre ecológico pode acessar o Google Earth e constatar por si mesmo que cerca de 30% da Amazônia já foi destruída; e o pior: em áreas não contínuas, gerando "ilhas" de áreas ainda preservadas no meio de campos de soja e de pecuária. Essas ilhas já não sustentam mais a biodiversidade original e, portanto, essa animação esconde, propositadamente, a verdade. Ela também não menciona o tamanho das áreas já destruídas.

João Carlos Figueiredo disse...

Caro Vinícius, acho que, no fim, temos o mesmo pensamento. Eu acredito que a questão essencial para se resolver os problemas de preservação do meio ambiente passam, necessariamente, pela conscientização de toda população do país, o que não é tarefa fácil, dada a disparidade sócio-econômica que existe entre o sul-sudeste e o norte-nordeste; a região centro-oeste é a mais afetada pelo agro-negócio e depende mesmo de uma legislação rigorosa.

Eu assisti os vídeos que você recomendou, tanto sobre as experiências em Extrema, que eu conheço pontualmente, como aquelas de Baependi, com o plantio e exploração industrial da Candeia e a integração de manchas de vegetação florestal, no caso, de Mata Atlântica.

Quando penso em educação e conscientização ambiental não posso deixar de pensar em nosso precário sistema de ensino público, carente de equipamentos e professores qualificados. Em minha passagem pelo rio São Francisco dei muitas palestras em escolas públicas de primeiro e segundo graus, e pude constatar "in loco" a gravidade desses problemas de formação de professores.

Enfim, muito obrigado por todas as suas colaborações; foi um prazer debater com você, e espero que continue a participar de meus blogs: http://bocaferina.blogspot.com/, http://meuvelhochico.blogspot.com/, http://nacaoyanomami.blogspot.com/, http://lulanaoleu.blogspot.com/